Nova descoberta sobre a ponte de Bering entre Ásia e Alasca

1
105
views

Nova descoberta sobre a ponte de Bering entre Ásia e Alasca

A ponte de Bering, que ligava a Ásia ao Alasca, pode ter surgido mais tarde do que se imaginava. A descoberta indica que os seres humanos tiveram menos tempo para migrar da Ásia para as Américas.

Estreito de Bering
O Estreito de Bering. Imagem, Domínio Público.

O estudo The Bering Strait was flooded 10,000 years before the Last Glacial Maximum (O Estreito de Bering foi inundado 10 mil anos antes do Último Máximo Glacial) apresentou essa conclusão em 2022 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Durante o pico da última era do gelo, conhecido como o Último Máximo Glacial, o baixo nível do mar expôs uma vasta área terrestre que se estendia entre a Sibéria e o Alasca conhecida como Beringia, que incluía a Ponte de Bering. Em seu lugar hoje está uma passagem de água conhecida como o Estreito de Bering, que liga os oceanos Pacífico e Ártico.

Mapa da Beríngia
A Beríngia em ilustração da Revista Forbes.

Os resultados do estudo também indicam que pode haver uma relação menos direta entre o clima e o volume global de gelo do que os cientistas pensavam. Isso coloca em dúvida algumas explicações para a cadeia de eventos que causa ciclos de idade do gelo.

De 70 mil anos atrás para 35 mil anos

O novo estudo analisou isótopos de nitrogênio em sedimentos do fundo do mar para identificar quando o Estreito de Bering ficou submerso nos últimos 46 mil anos. A pesquisa mostrou o momento em que as águas do Oceano Pacífico começaram a fluir para o Oceano Ártico.

Segundo o site da Princeton University, ao reconstruir a história do Oceano Ártico nos últimos 50.000 anos, os pesquisadores revelaram que o crescimento das camadas de gelo – e a queda resultante no nível do mar – ocorreu surpreendentemente rápido. E, além disso, muito mais tarde no último ciclo glacial do que estudos anteriores haviam sugerido.

PUBLICIDADE

Entretanto, os novos dados mostram que o nível do mar se tornou baixo o suficiente para que a ponte de Bering aparecesse apenas 35.700 anos atrás. Esta descoberta foi particularmente surpreendente porque as temperaturas globais eram relativamente estáveis no momento da queda do nível do mar, levantando questões sobre a correlação entre temperatura, nível do mar e volume de gelo.

De acordo com Jesse Farmer, coautor principal do estudo, ‘como se vê, nossa pesquisa sobre sedimentos do fundo do Oceano Ártico nos disse não apenas sobre a mudança climática passada, mas também sobre uma das grandes migrações da história da humanidade.”

Migração de barco ou a pé?

Para a Live Science, embora a ponte de Bering possa não ter aberto até mais tarde do que se pensava, Farmer observou que o conhecimento marítimo exibido pelos ancestrais do Inuit moderno sugeriu que ainda era possível que os humanos antigos chegaram às Américas de barco, assim como os humanos antigos migraram através do mar para a Austrália e Nova Guiné

Segundo o arqueólogo independente Ian Buvit, “qualquer migração humana para as Américas antes de 40.000 a 35.000 anos atrás teria exigido embarcações e a capacidade de navegar no oceano aberto”, disse Buvit. “Até onde sabemos, isso só foi alcançado por humanos anatomicamente modernos.”

Ecos das primeiras navegações

O Mar Sem Fim faz uma observação sobre a questão da navegação. De fato a prova mais remota das antigas navegações, a canoa Pesse, descoberta na Holanda, tem cerca de 10 mil anos. Em outras palavras, é da Idade da Pedra. Outro feito notável recém-descoberto, e sem contestações, diz respeito às navegações de caçadores-coletores há cerca de 8.500 mil anos atrás, quando chegaram na ilha de Malta, no Mediterrâneo.

Outra novidade foi a viagem experimental que cientistas realizaram remando de Ushibi, no leste de Taiwan, até a Ilha Yonaguni, no Japão. A travessia, feita em uma canoa, buscou demonstrar como povos paleolíticos podem ter navegado esse trajeto há 30 mil anos, quando começaram a ocupar diversas ilhas do Pacífico.

Enquanto isso, Yuval Harari, doutor em História pela Universidade de Oxford e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirma em seu best seller, Sapiens – Breve História da Humanidade, que o Homo Sapiens colonizou a Austrália navegando há 45 mil anos.

Portanto, não seria  impossível que  os primeiros a cruzarem o Estreito de Bering tenham feito a travessia navegando.

Exploradores subaquáticos e a Ponte de Bering

A Live Science lança uma questão interessante. Dado o potencial para lançar luz sobre as primeiras migrações humanas, os arqueólogos vão estudar a terra afogada que já foi a Ponte da Terra de Bering? E o que é que eles podem encontrar lá?

PUBLICIDADE

Explorar a ponte de Bering Land enterrada seria extremamente difícil e caro, mas a recompensa arqueológica pode ser extraordinária, disseram especialistas à Live Science.

“Temos apenas um punhado de sítios arqueológicos nesta área a partir do final da era do gelo, então, qualquer local que encontrarmos pode mudar completamente o que sabemos sobre essas pessoas primitivas”, disse a arqueóloga subaquática da Universidade Texas,  Jessi Halligan, à Live Science.

Por causa da água fria do Estreito de Bering, “qualquer animal, fragmentos de roupas, pedaços de alojamento, carvão ou outros restos orgânicos, são muito mais propensos a serem preservados porque a água fria tem menos micróbios para destruí-los do que pode ser encontrado em ar livre ou água mais quente”, disse Halligan. “Esses sites podem ser quase intocados.”

Ilustração de abertura: https://www.tenfourmagazine.com

Assista à animação e saiba mais

Finalmente Fernando de Noronha terá energia limpa

Comentários

1 COMENTÁRIO

  1. Muito interessante a matéria. O importante é que as pesquisas continuem, não só no Estreito de Bearing mas nas mais diversas frentes e áreas, iluminando o passado e nos municiando com informações que ajudem a lidar com a realidade atual e as alterações climáticas ou outras, tão ou mais importantes, que certamente iremos enfrentar.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here