Almirante Bouboulina: a grega que brilhou no Mediterrâneo
São muito raras as mulheres que se destacaram na história marítima mundial. Uma delas, talvez a mais famosa, foi Artemisa, princesa guerreira que comandou um dos navios persas na mais que famosa Batalha de Salamina. Artemisa impressionou o primeiro historiador, Heródoto, que assim a descreveu: “Esta princesa me parece tanto mais digna de admiração quanto, apesar de seu sexo, quis tomar parte na expedição. Acossada pelo navio ateniense, lançou-se sobre um navio amigo, tripulado pelos Calíndios e no qual se achava Damastino, soberano destes últimos. Artemisa atacou e fê-lo soçobrar.” E Bouboulina, a primeira mulher almirante da Marinha Imperial Russa; uma heroína, viúva rica e armadora que comandou uma frota grega contra o Império Otomano, você a conhece?

Antecedentes históricos
Tudo começou em 1453, quando os otomanos tomaram Constantinopla. Como troféu, passaram a controlar a região que hoje conhecemos como Grécia.

A guerra pela independência estourou em 1821. Depois de quase quatro séculos de domínio, os rebeldes lutaram e venceram. Foi nesse cenário que Bouboulina ganhou destaque.
O conflito teve origem no avanço do nacionalismo e na decadência otomana. Os revoltosos também contaram com o apoio de potências europeias como Grã-Bretanha, França e Rússia.
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Interessante saber que em cada fonte que consultamos descobrimos uma figura nova para mostrar a mesma Bouboulina.
Conheça a personagem
Os dados deste subtítulo têm com fonte o Museu Bouboulina em Spetses.
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Ela nasceu em 11 de maio de 1771 nas prisões de Istambul. Sua mãe deu à luz durante uma visita ao marido moribundo, Stavrianos Pinotsis, preso pelas autoridades otomanas por sua participação na revolução do Peloponeso de 1771. Após o nascimento da criança, mãe e filha voltaram para a ilha de Hydra.
Aos 17 anos, ela estava casada com Dimitrios Yannouzas e depois de ficar viúva aos 26 anos casou-se com Dimitrios Bouboulis. Ambos os maridos eram capitães de Spetsiot, mortos em batalhas navais com piratas do norte da África. Quando chegou aos 40 anos, Bouboulina era duas vezes viúva e mãe de 7 filhos, três com Yannouzas e quatro com Bouboulis.
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Disputa pelo tesouro de US$ 20 bi do galeão San JoséCem anos depois navio de Amundsen volta pra casaPovos paleolíticos remaram em canoas no Mar da China OrientalBouboulina viveu uma situação rara para a época. Herdou terras, dinheiro e participação em navios — e ficou muito rica. Mais do que preservar a fortuna, soube ampliá-la com inteligência e boa gestão financeira.
Filiki Eteria, organização secreta grega
Segundo o Avid Archer, Laskarina Bouboulina junta-se à Filiki Eteria em 1818, uma organização clandestina que planeja e prepara a Grécia para uma revolução contra o domínio otomano.
Em 13 de março de 1821, Bouboulina levantou sua bandeira revolucionária pessoal no mastro principal do Agamenon e a saudou com fogo de canhão no Porto Velho. Spetses foi a primeira ilha a se revoltar contra o Império Otomano em 3 de abril e Bouboulina, no comando de seus próprios navios, juntamente com um esquadrão da frota Spetses, navegou para o oeste para começar o bloqueio naval da cidade fortificada de Naúpila.

O cenário da guerra

Segundo o Avid Archer, Bouboulina e outros comandantes navais usaram navios incendiários contra a frota otomana. Carregavam as embarcações com explosivos, ateavam fogo e as lançavam contra os navios inimigos. A tática causava grande destruição e desorganização, especialmente entre os navios de guerra otomanos, maiores e mais lentos.

Ela corta as linhas de abastecimento otomanas e isola suas guarnições. Um grande esforço é o bloqueio de Naúpila. Ao impedir que suprimentos e reforços cheguem à cidade, ela ajuda a capturá-la.

Seu apoio garante que as forças gregas permaneçam bem equipadas e prontas para a batalha. Sua dedicação tem um alto custo, incluindo a perda de seu filho mais velho em batalha. Apesar dessa tragédia, Bouboulina permanece firme em seu apoio à luta grega.
Um fim melancólico para uma heroína naval
Após a Guerra da Independência, Bouboulina enfrentou novos desafios. A guerra civil grega dividiu os próprios revolucionários. Defensora firme da liberdade, ela entrou em conflito com facções rivais, segundo o Avid Archer.
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O novo governo passou a vê-la como ameaça. As autoridades a prenderam e retiraram seus títulos e honrarias. Apesar de tudo o que fez pela causa, Bouboulina foi tratada com injustiça. Sua prisão e o exílio forçado em Spetses refletem o clima político instável daquele período.

A heroína foi assassinada em Spetses, em 1825, após uma disputa familiar. Hoje, os gregos comemoram a Guerra da Independência de 1821 no dia 25 de março, celebrando a vitória sobre o Império Otomano.
‘Um símbolo para a nação grega’
Para o Greek Herald, Laskarina será sempre lembrada como um símbolo para a nação. Em um mundo dominado por homens, ela foi uma fonte de inspiração para toda a nação, especialmente as mulheres.
A mesma fonte revela ainda que, após sua morte, o czar Alexandre I da Rússia concedeu-lhe o posto honorário de Almirante da Marinha Russa, tornando-a a primeira mulher na história naval mundial a ocupar esse cargo.

“Para mim, ela foi um fenômeno por direito próprio, pioneira de seu tempo, cuja história inspirou escritores, poetas e artistas em toda a Europa”, disse sua descendente e diretora do Museu Bouboulina, Pavlos Demertzis-Bouboulis, ao The Greek Reporter.

Segundo o site oficial, o Museu Bouboulina, em Spetses, foi fundado em 1991 por Philip Demertzis-Bouboulis, descendente de quarta geração da heroína. Ele criou o museu em um esforço final para salvar a mansão de 350 anos do colapso.









