Superiate ‘Bayesian’ ressurge em Palermo 10 meses após afundar
Na madrugada de 19 de agosto de 2024, o superiate Bayesian estava ancorado próximo a Palermo, na Sicília, quando um tornado atingiu a região pouco antes das 5 da manhã. Em poucos minutos, o barco foi destruído e desapareceu sob as ondas.
Com 56 metros, o veleiro havia sido construído pela Perini Navi em 2008 e passou por reforma em 2020. Seu mastro, com impressionantes 75 metros, era o segundo mais alto do mundo e o maior já feito de alumínio.

A bordo estavam o bilionário britânico Mike Lynch, sua esposa Angela Bacares, a filha do casal, convidados e 12 tripulantes — um total de 22 pessoas. Angela e outras 14 foram resgatadas com vida. Mike Lynch e sua filha, no entanto, continuam desaparecidos. O grupo havia viajado à Sicília para um feriado de verão, acompanhado por funcionários de uma de suas empresas.
Um veleiro premiado desde o projeto
O Bayesian nasceu com pedigree. Seu projeto é assinado pelo renomado estúdio Ron Holland Design, um dos mais respeitados do mundo na arquitetura naval — garantia de que o veleiro seria especial desde o início.
Mais lidos
Orla do Rio de Janeiro: praias podem desaparecer totalmenteParaty e turismo, um casamento mórbido e insustentávelFraude no seguro defeso pago a pescadoresEle faz parte de uma série de dez barcos baseados no mesmo projeto, mas é o único com configuração sloop (um único mastro); os demais foram construídos como ketches, com dois mastros.
Depois de concluído, o Bayesian recebeu diversos prêmios internacionais. Em 2008, venceu o International Superyacht Society Award de Melhor Interior. No ano seguinte, levou o troféu de Melhor Exterior no World Superyacht Awards e foi finalista na categoria Melhor Iate à Vela com mais de 45 metros.
PUBLICIDADE
Requinte, potência e a grande dúvida
Tanto o casco quanto a superestrutura do Bayesian — a parte acima do convés principal — foram construídos em alumínio. Além das velas, o veleiro contava com dois motores MTU de 8 cilindros e 965 cavalos cada.
Leia também
Nova filmagem do Titan mostra os destroços no fundo do marNavio Concórdia que abastecia Fernando de Noronha naufragaCapitão do Bayesian investigado por homicídio culposoApesar de não operar como charter, o Bayesian aparecia em vários sites especializados, como o Yacht Charter Fleet., sempre entre os destaques da categoria.
15 resgatados, 1 morto, 6 desaparecidos
De acordo com a Sky News, o resgate retirou cerca de 15 pessoas do mar após o naufrágio do Bayesian. Entre elas estavam a inglesa Charlotte Golunski, de 35 anos, e sua filha Sofia, de apenas um ano.
Matthew Schanck, presidente do Conselho de Busca e Resgate Marítimo, classificou os relatos sobre o tornado como “raros” e “bastante alarmantes”.

Um local considerado seguro
“O veleiro estava ancorado em um local reconhecido como seguro”, disse Matthew Schanck. Ele explicou que o capitão deve avaliar se o local é seguro, com base na direção do vento e nas condições do mar. “Nada ali me pareceu preocupante demais”, afirmou.
Mesmo assim, o mastro quebrou — e o Bayesian afundou em questão de minutos.

A rapidez do naufrágio do superiate Bayesian
O vento que atingiu o Bayesian era traiçoeiro e de força descomunal. Segundo o jornal La Stampa, o capitão Karsten Borner, de uma escuna holandesa ancorada nas proximidades, relatou que enfrentou rajadas violentas nas primeiras horas da manhã. Ainda assim, conseguiu manter sua embarcação estável usando a âncora e o motor.
PUBLICIDADE
O Bayesian, no entanto, não teve a mesma sorte. Afundou em poucos minutos.

Uma manobra de emergência — e o desaparecimento
Quando ventos fortes atingem barcos ancorados, é comum que o comandante use o motor para manter a proa voltada contra o vento, ajudando a embarcação a resistir sem garrear. Foi exatamente o que fez Karsten Borner.
Enquanto lutava para estabilizar sua escuna, Borner notou o Bayesian nas proximidades e manobrou para evitar uma colisão. “Conseguimos manter a escuna em posição e, depois que a tempestade passou, vimos que o veleiro atrás de nós havia desaparecido”, relatou.

Quem era o dono do Bayesian?
O proprietário do Bayesian é Mike Lynch, de 59 anos, apelidado de “Bill Gates britânico”. Segundo a Newsweek, Lynch cresceu no condado de Essex e fundou a empresa de tecnologia Autonomy em 1996. Em 2011, vendeu a companhia para a Hewlett-Packard por US$ 11 bilhões.

Um ano após a venda, a Hewlett-Packard registrou uma baixa contábil de US$ 8,8 bilhões ao descobrir “sérias impropriedades contábeis” na Autonomy. A empresa acusou Mike Lynch de fraude de US$ 5 bilhões. No início deste ano, ele foi inocentado de todas as acusações.

Superiate ‘Bayesian’ é içado das profundezas
Segundo o site SuperyachtTimes, empreiteiros especializados comandaram a complexa operação de resgate. Contaram com o apoio do navio de carga pesada HEBO LIFT 10, de 5.695 GT. O içamento ocorreu nesta sexta-feira, 20 de junho.
‘Durante semanas, a equipe se dedicou à preparação meticulosa: removeu o mastro de 72 metros do iate e instalou oito cintas de aço sob o casco. Após trazer o Bayesian à superfície, eles o mantiveram estabilizado na posição vertical durante a noite’.
PUBLICIDADE

O HEBO LIFT 10 deve deixar o local do resgate no domingo, 22 de junho, e seguir em uma travessia cuidadosa até o porto de Termini Imerese, na Sicília. Assim que atracar, a equipe usará o navio para transferir o casco do Bayesian para terra firme. A equipe programou a operação para segunda-feira, 23 de junho. Nesse dia, vai posicionar o iate em um berço de aço feito sob medida, já montado no cais.
Motivos do naufrágio do superiate Bayesian
Até hoje, não há uma explicação definitiva. A hipótese mais aceita aponta para uma combinação de condições meteorológicas extremas e vulnerabilidades no projeto do Bayesian. O iate tinha um mastro alto de alumínio e características que comprometiam sua estabilidade.
Uma tempestade repentina, possivelmente com um redemoinho ou rajada descendente, teria causado uma inclinação brusca. Ventos fortes empurraram o barco além de seu ponto de equilíbrio, provocando alagamento e, por fim, o naufrágio.
O mar continua soberano e imprevisível
O naufrágio do Superiate Bayesian é mais do que a perda de um superiate de luxo. É um lembrete de que, mesmo com alta tecnologia e planejamento, o mar continua soberano e imprevisível. A recuperação da embarcação impressiona pela engenharia envolvida, mas também reforça a fragilidade humana diante das forças da natureza.
Leões marinhos ajudam cientistas a mapear o fundo dos oceanos