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Sobrepesca ameaça os oceanos, mais que poluição

Sobrepesca ameaça os oceanos, mais que poluição

Recente relatório de biodiversidade da ONU afirma que a sobrepesca é uma ameaça maior para os oceanos do mundo. Mais do que o plástico ou a acidificação. Para George Manbiot, colunista do The Guardian, é a notícia mais importante dos últimos tempos: o colapso da vida animal na Terra. A  avaliação internacional do estado de natureza, como revelado em estudo da ONU, nos diz que o planeta  está em uma espiral de morte.  No caso da vida marinha, sobrepesca ameaça os oceanos.

ilustração para Sobrepesca ameaça os oceanos
Sobrepesca ameaça os oceanos. Ilustração: Sébastien Thibault.

Pesca na Inglaterra na mão de cinco famílias milionárias

Uma investigação do Greenpeace em 2018 revelou que 29% da cota de pesca do Reino Unido é de propriedade de cinco famílias, todas presentes na lista dos mais ricos do Sunday Times. Uma única multinacional holandesa, operando um vasto navio pesqueiro, detém mais 24% da cota inglesa. Os barcos menores – com menos de 10 metros de comprimento – compõem 79% da frota mas têm direito a capturar apenas 2% do pescado.

Sobrepesca ameaça os oceanos no mundo

O mesmo se aplica em todo o mundo: enormes navios das nações ricas absorvem os peixes que cercam as nações pobres, privando centenas de milhões de suas principais fontes de proteína enquanto aniquilam tubarões, atuns, tartarugas, albatrozes, golfinhos e grande parte do resto da vida marinha. Neste caso, um dos maiores culpados é a China.

Psicultura e seus problemas

A piscicultura costeira tem impactos ainda maiores, uma vez que os peixes e os camarões são frequentemente alimentados com farinha de peixe, ou seja, mais peixes livres para alimentar os de cativeiro…

Imagem, Anadolu Agency/Getty Images.

O alto-mar

O alto mar-em outras palavras, os oceanos além dos limites nacionais de 200 milhas – é um reino sem lei. Aqui navios de pesca lançam linhas de anzóis de até 75 milhas de comprimento que varrem o mar de predadores e quaisquer outros animais que encontrem.

Mas até mesmo as pescarias costeiras são mal gerenciadas, por meio de uma combinação de regras frouxas e muita dificuldade em reforçá-las. Durante alguns anos, as populações de bacalhau e cavala em todo o Reino Unido começaram a recuperar. Nos disseram que poderíamos começar a comê-los novamente com consciência limpa. Ambos estão caindo agora.

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O bacalhau jovem está sendo descartado ilegalmente em escala industrial, como resultado de que a pesca legal nos mares do Reino Unido provavelmente está excedendo em cerca de um terço a sua cota.

A dúvida do articulista sobre as áreas marinhas protegidas na Inglaterra

O governo alega que 36% das águas da Inglaterra são “áreas marinhas protegidas”. Mas essa proteção equivale a muito pouco além de linhas no mapa. A pesca comercial é excluída de menos de 0,1% dessas reservas falsas.

Um artigo recente na revista Science descobriu que a intensidade do arrasto nas áreas protegidas européias é maior do que em lugares desprotegidos. Esses áreas protegidas são, portanto, mambembes: seu objetivo é convencer o público a acreditar que algo está sendo feito.

Menos de 1% dos navios concordaram em transportar equipamentos de monitoramento remoto

As regras também não são difíceis de serem aplicadas. Como o Fundo Mundial para a Natureza mostrou, a instalação em cada barco com mais de 10 metros de comprimento com equipamentos de monitoramento remoto custaria apenas 5 milhões de libras.

Câmeras e sensores registrariam o que os barcos capturam e onde, impossibilitando a pesca ilegal. Mas a instalação é voluntária. Em outras palavras, é obrigatório cumprir a lei para evitar descarte, pesca em excesso e pesca em zonas de exclusão. Mas é voluntário instalar o equipamento que mostra se você está cumprindo ou não a lei.

Sem surpresa, na Inglaterra menos de 1% dos navios concordaram em transportar o equipamento. Dados os lucros a serem obtidos com cortes de custos, é de se admirar que essa indústria continue a levar as populações de peixes – e os ecossistemas que os sustentam – ao colapso.

Sobrepesca ameaça os oceanos. Imagem, Jeff J Mitchell/Getty Images.

Selos de pesca saudável?

Quase não há peixes ou mariscos que possamos comer com segurança. Escândalos recentes sugerem que mesmo a etiqueta do Marine Stewardship Council, que supostamente nos tranquiliza sobre a origem dos peixes que compramos, não é garantia de boa prática. Por exemplo, o conselho certificou as pescarias de atum em que os tubarões ameaçados haviam sido capturados e suas barbatanas, arrancadas; e, nas águas do Reino Unido, aprovou a dragagem de vieiras que rasga e despedaça o fundo do mar.

Quer ajudar? Use o poder do consumidor

Até que a pesca seja devidamente regulamentada, e os excessos contidos, o que podemos fazer é usar a força do consumidor. Guarde seus sacos de plástico por todos os meios, e recicle sempre. Mas se você realmente quiser fazer a diferença só compre peixes se tiver certeza da boa prática pesqueira.

Assista e saiba mais

Ilustração de abertura –   Sébastien Thibault.

Fontes – https://www.treehugger.com/ocean-conservation/why-we-need-stop-eating-fish.html?fbclid=IwAR0vM_TMY3cIdYTWEK3WHiiA04YGlB5AmDji6AkpkMkjpwHNFodHiOs8-K0; https://www.theguardian.com/commentisfree/2019/may/09/seas-stop-eating-fish-fishing-industry-government.

África lidera banimento de plástico no mundo

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