Oceanos como sumidouro de carbono. Você sabe como acontece?
Este site já publicou inúmeras matérias sobre este serviço indispensável proporcionado pelos oceanos. Contudo, nesta semana a prestigiosa Woods Hole Oceanographic Institution também publicou novo texto. Como se trata de uma instituição de pesquisa das mais respeitadas do mundo, decidimos fazer um resumo. Queremos, mais uma vez, esclarecer o público brasileiro, já que este tipo de informação é rara na mídia tupiniquim. Oceanos como sumidouro de carbono, você sabe como acontece?
Conheça a Woods Hole Oceanographic Institution
Fundada em 1930, a Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), em Cape Cod, é a maior organização privada sem fins lucrativos de pesquisa, engenharia e educação oceânica do mundo atualmente – e a mais influente.
Desde a sua fundação, os investigadores do WHOI contribuíram para muitos marcos na ciência marinha. Entre eles teorias seminais que explicam a circulação e a biogeoquímica do oceano. E a descoberta de fontes hidrotermais no fundo do oceano.
Entre seus feitos, dois merecem destaque. Foi uma equipe deles que, em 1985, achou os destroços do Titanic. E, em 2010, foram chamados para ajudar a BP a organizar estratégias de mitigação para o derrame de petróleo da Deepwater Horizon no Golfo do México.
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Para onde vai o carbono?
O texto abaixo é um resumo da matéria Where does all the carbon go? Para não ficar repetitivo, não usaremos aspas após esta explicação.
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Tal como as janelas dos carros num dia ensolarado, o dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa ajudam a reter o calor do Sol, mantendo-os (os gases) próximos da superfície da Terra. Até certo ponto, é um fato positivo. Sem esse aquecimento, a Terra seria uma bola de gelo. Contudo, excesso de dióxido de carbono na atmosfera significa aquecimento global.
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O dióxido de carbono: conheça
O carbono não é encontrado apenas no ar. Compõe todos os organismos vivos do planeta, dissolve-se na água e forma alguns tipos de rochas. Alguns movimentos para retirá-lo são rápidos. Um dos exemplos acontece quando as plantas retiram dióxido de carbono do ar e o utilizam para produzir alimentos por meio da fotossíntese.
Outros movimentos demoram centenas de milhares de anos, como quando as rochas penetram no solo, libertando pequenas quantidades de carbono.
Entretanto, à medida que as pessoas queimam mais combustíveis fósseis, derrubam florestas e drenam zonas húmidas costeiras, libertam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera.
Para evitar o aquecimento extremo, precisamos mudar a direção em que este excesso de dióxido de carbono se desloca. Embora plantar árvores possa certamente ajudar, o oceano desempenha um papel muito maior.
O papel essencial dos oceanos como sumidouro de carbono
Parte do dióxido de carbono se dissolve na água do oceano. Na verdade, há muito mais dióxido de carbono no oceano do que na atmosfera. O fitoplâncton e as algas usam parte desse dióxido de carbono na fotossíntese.
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Os animais marinhos comem as plantas – ou uns aos outros – incorporando carbono nos seus corpos, à medida que este se move através da cadeia alimentar.
Esses animais produzem pelotas fecais e eventualmente morrem. Assim como estas pelotas afundam, carcaças de animais marinhos também o fazem, levando consigo o carbono.
Agora, um parêntesis para uma matéria deste site que aborda o tema. Responda rápido: quem retira mais dióxido de carbono da atmosfera, uma árvore ou uma baleia? Leia o post, e você conhecerá mais este serviço prestado pelas baleias.
E voltamos ao texto da WHOI.
Saiba o que é o carbono azul
(Obs. do MSF…A expressão Blue Carbon, foi criada para realçar a importância dos ecossistemas costeiros formados por plantas marinhas como manguezais, gramas marinhas, e pântanos salgados).
O carbono azul refere-se ao carbono absorvido pelos ecossistemas costeiros, incluindo pradarias de gramas marinhas, mangais e pântanos salgados. Essas plantas armazenam algum carbono em suas raízes.
Contudo, estes ecossistemas são capazes de absorver muito mais carbono do que uma quantidade comparável de floresta tropical. Isso ocorre porque folhas, galhos e outros organismos mortos e moribundos ficam depositados em sedimentos que são inundados com água, o que os priva de oxigênio.
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A maior parte do que se instala nessas áreas não se decompõe. Em vez disso, acumula-se como parte do sedimento, retendo carbono e impedindo-o de reentrar na atmosfera.
(Obs: são por estes motivos que criticamos Marina Silva e equipe, que só pensam na Amazônia, esquecendo-se da importância de um programa nacional de replantio de manguezais).
As profundezas dos oceanos
Mas são as profundezas do oceano que desempenham o maior papel na retenção de carbono. Algumas correntes transportam água da superfície para as profundezas do oceano. O dióxido de carbono nessa massa de água acaba nas profundezas – fundo demais para viajar de volta à superfície.
Os animais marinhos que morrem e afundam podem ser consumidos à medida que caem (por outros animais marinhos) ou pelos habitantes do fundo quando atingem o subsolo. O seu carbono permanece ao longo do fundo do oceano ou nas profundezas da coluna de água. Estas vias podem transportar carbono para longe da atmosfera durante centenas ou milhares de anos.
Em resumo, é este o fluxo. E são por motivos como os apresentados que devemos cuidar com mais atenção dos mares, e ecossistemas costeiros. Esperamos ter contruíbido para seu entendimento.
Esta animação da Nasa também explica o papel dos oceanos como sumidouro de carbono
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