O mar do Brasil não é lixeira de empresas irresponsáveis
O mar do Brasil. A atribuna.com.br traz a notícia: “desde junho, a comunidade do Porto de Santos debate como destruir 115 cilindros com gases tóxicos e explosivos esquecidos no complexo marítimo há cerca de 20 anos.”
“Eles estão guardados em um armazém do Valongo, onde são monitorados.”
CODESP -Companhia Docas do Estado de São Paulo – quer destruí-los no mar
Segundo a Tribuna, a autoridade portuária “se propõe destrui-los em alto-mar, a 232 quilômetros da costa.” “O plano foi apresentado à promotora de Justiça Almachia Zwarg Acerbi, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público Estadual.”
A iniciativa despertou a ira do “advogado especialista em Direito do Mar Rodrigo More, professor do Departamento de Ciências do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).”
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemA mídia e o pernicioso vício dos ‘paraísos do litoral’Vicente de Carvalho, primeiro a dizer não à privatização de praiasVírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo aforaO mar do Brasil e a Mensagem Aberta à Promotora de Justiça
“Ele publicou uma mensagem aberta à promotora, atacando a proposta. Para More, que, no semestre passado, foi indicado pelo Governo do Brasil ao cargo de juiz no Tribunal Internacional do Direito do Mar, da Organização das Nações Unidas (ONU), a opção apresentada para os cilindros é ‘um grande golpe contra o meio ambiente marinho no Brasil’, acabaria gerando poluição marinha e iria ‘varrer (o problema) para baixo do tapete”.
O mar do Brasil. MENSAGEM ABERTA
PUBLICIDADE
A Exmª Srª
Promotora de Justiça Drª ALMACHIA ZWARG ACERBI
Ministério Público do Estado de São Paulo
GAEMA – Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente
O mar do Brasil: 115 cilindros de gases tóxicos “esquecidos” no Porto de Santos
Ref. Os 115 cilindros de gases tóxicos “esquecidos” no Porto de Santos
Leia também
Vicente de Carvalho, primeiro a dizer não à privatização de praiasVila do Cabeço, SE, tragada pela Usina Xingó: vitória na JustiçaInvestimentos no litoral oeste do Ceará causam surto especulativoRecebi com preocupação a notícia publicada na A Tribuna (08/08/17), de que a “Codesp quer destruir cilindros com gases tóxicos em alto-mar”. Essa proposta, entregue ao Ministério Público de São Paulo, teria sido inspirada em sugestão de V. Sa., conforme publicado pelo Portal G1 (28/06/2017) sob o título …
“…Promotoria sugere que gases tóxicos de cilindros do Porto de Santos sejam queimados em alto mar”
Segundo o noticiário, a proposta do Ministério Público, abraçada pela Codesp (Companhia Docas de São Paulo), é de que “os gases sejam destruídos a, pelo menos, 232 quilômetros da costa – quase seis vezes a distância entre a orla e o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos (que está a 42 quilômetros). A medida visa garantir a segurança da operação.”
“Espera-se que seja um grande mal-entendido”
Com todo respeito que o povo paulista e brasileiro têm pelo Ministério Público de São Paulo, espera-se tudo seja um grande mal-entendido, pois se verídicas as notícias, tratar-se-á de mais um grande golpe contra o meio ambiente marinho no Brasil.
Proposta atenta contra o Objetivo 14 das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
A proposta atenta contra o Objetivo 14 das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que reconhece nos oceanos papel relevante para a habitabilidade da Terra para toda Humanidade, que inclui a prevenção e a significativa redução de todas as formas de poluição marinha.
“É uma afronta à obrigação primária e geral de proteção e preservação”
É uma afronta à obrigação primária e geral de proteção e preservação do meio marinho assumida pelo Brasil, insculpida nos artigo 192 da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar e abrigada no direito brasileiro como norma ordinária pelo Decreto nº 1.530/1995. Neste particular, afronta-se também o artigo 195, que trata da obrigação de “não transferir direta ou indiretamente os danos ou riscos de uma zona para outra ou a não transformar um tipo de poluição em outro.”
Política Nacional de Resíduos Sólidos
Trata-se de um compartilhamento e transferência dos ônus e riscos do poluidor-pagador (Codesp) com toda sociedade brasileira, subvertendo-se princípios abrigados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos consagrados no Direito Ambiental Internacional, e colocando-se em risco a qualidade ambiental do meio ambiente marinho que toca a todos os brasileiros.
O mar do Brasil não é lixeira de empresas irresponsáveis
Enfim, o mar do Brasil não é lixeira de empresas irresponsáveis, nem abrigo de soluções práticas tecnologicamente questionáveis e sem apuro que, sob o argumento da “segurança”, pretendem apenas reduzir custos e debitar ao mar, longe dos olhos da população, os danos e efeitos semelhantes ao varrer para baixo do tapete.
PUBLICIDADE
A saúde das pessoas e o legado dos oceanos para as futuras gerações
Tenho absoluta certeza que há, em países desenvolvidos e que respeitam o meio ambiente, a saúde das pessoas e o legado dos oceanos para as futuras gerações, soluções tecnológicas ambientalmente adequadas e seguras ao alcance das posses da CODESP que, sem poluir o mar e o ar sobrejacente às suas águas, possa prover uma operação segura não apenas aos bolsos dos responsáveis pelos danos.
Ministério Público de São Paulo encontrará uma solução?
Tenho a esperança que o Ministério Público de São Paulo encontrará uma solução ambientalmente adequada para o problema dos cilindros que não seja varrer ou rifar para o “alto-mar”, que no caso são águas brasileiras, as mazelas da Codesp.
Respeitosamente,
Prof. Dr. Rodrigo Fernandes More
Departamento de Ciências do Mar da Universidade Federal de São Paulo
E você, o que acha disso? Até quando vamos tratar nossos mares como lixeira?
Nefasta opção subentendida para o fim dos cilindros, plausível, oportuna e justa a defesa contrária a idéia inicial. É obrigação daqueles que produzem resíduos, produzirem também um meio de reduzirem os componentes tóxicos agressivos ao meio e destinarem um local apropriado para tal, desta forma, antes de produzirem em larga escala, saberão ante-mão da viabilidade dos investimentos, desta forma, não perde o investidor, não perde a população e nem o meio em que vivemos (todas as formas de vida de qualquer sistema)