O Farol de Alexandria, o maior porto do mundo antigo
Além de ser o maior do mundo antigo, o Farol de Alexandria foi considerado a sétima e última das maravilhas do mundo antigo. Sua construção aconteceu entre 280 e 247 a.C., e durou cerca de 15 anos. Ptolomeu começou o trabalho. Seu projeto foi concluído sob o reinado do filho, Ptolomeu II.
Os faróis sempre foram amigos dos navegantes, especialmente antigamente quando não havia a tecnologia hoje disponível. Era através deles que navegadores confirmavam sua posição no mar. Até hoje são indispensáveis à navegação.
O mais icônico, e primeiro que se conhece, é o Farol de Alexandria.
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Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemRuanda, líder global na redução da poluição plásticaPresidente do STF intima Flávia Pascoal, prefeita de UbatubaMaior coral do mundo descoberto nas Ilhas Salomão“O Farol de Alexandria foi construído durante o Reino Ptolomaico, na ilha de Faros, pelo arquiteto grego Sóstrato de Cnido. Ele tinha entre 120 e 137 metros de altura e funcionava a base de fogo.” Foi a construção na ilha de Faros que gerou o nome farol até hoje em uso.
O funcionamento do Farol de Alexandria
“O fogo estava aceso na parte mais alta, aquela em que havia a estátua. Ele era importante, visivelmente poderoso e cuidado dia e noite. Durante o dia, era a fumaça que direcionava os barcos; a noite, o brilho do fogo. Para alimentá-lo, era necessária uma grande quantidade de madeira armazenada nos quartos do primeiro andar da torre.”
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Por muitos séculos foi uma das estruturas mais altas do mundo. Danificado por três terremotos entre os anos de 956 e 1323, tornou-se uma ruína abandonada.
Carl Sagan lembra que “o mundo mediterrâneo daquela época era famoso pela navegação marítima. Alexandria era o maior porto do globo.”
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De acordo com o site merveilles-du-monde, “Essas três moedas fazem parte das mais antigas representações do farol de Alexandria, embora as imagens não sejam precisas.”
“À esquerda: Uma moeda que data do imperador Commodus (180-192). Ele representa o farol de Alexandria e um barco passando nas proximidades. (Biblioteca Nacional da França, Departamento de Moedas).”
“No centro: Uma moeda que data do imperador Antonino (138-161). Representa o farol de Alexandria (coleção particular).”
“Direita: Uma moeda que data do imperador Adriano (117-138). Representa o farol de Alexandria (coleção particular).”
O Farol da Alexandria sobreviveu até a idade média
“Até 1480, era a terceira maravilha antiga sobrevivente (depois do Mausoléu de Helicarnasso e da Grande Pirâmide de Gizé, única que se mantém em pé até os dias de hoje), quando então a última de suas pedras remanescentes foi usada para construir a Cidadela de Qaitbay no mesmo local.
Em 1994, arqueólogos franceses descobriram parte dos restos do farol no Porto Oriental de Alexandria. Em 2015, o Ministério de Estado das Antiguidades do Egito planejou transformar as ruínas submersas da antiga Alexandria, incluindo as de Faros, em um museu subaquático.
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No mesmo ano, em maio, o Comitê Permanente do Egito para Antiguidades anunciou planos de reconstruir o monumento.
Alexandre, O Grande, fundou Alexandria
“Faros era uma pequena ilha localizada na margem ocidental do Delta do Nilo. Em 332 a.C., Alexandre fundou a cidade de Alexandria em um istmo oposto a Faros.”
Alexandria e Faros foram conectadas depois por um molhe que media mais de 1200 metros e era chamado de Heptastadion.
O Farol da Alexandria, fundado no séc. III a.C, tinha alcance de 47 Km!
Depois que Alexandre morreu de uma febre, aos 32 anos, o primeiro Ptolomeu (um dos generais de Alexandre) anunciou-se rei em 305 a.C. e comissionou a sua construção pouco depois. O edifício foi terminado durante o reinado de seu filho, o segundo Ptolomeu, que levou doze anos para o completar. Judith McKenzie escreve que
…as descrições árabes do farol são notavelmente consistentes, embora tenha sido reparado várias vezes, especialmente após danos causados por terremotos. A altura que dão varia apenas 15%, de 103 a 118 metros, em uma base de cerca de 30 metros quadrados…
Outra descrição vem do belíssimo livro Infinito Em Um Junco (Intrínseca), de Irene Vallejo. A obra foi eleita pelo New York ‘uma das melhores do ano’. Igualmente ganhou Prêmio Nacional de Ensayo pelo Ministério de Cultura da Espanha.
Com a palavra, Irene Vallejo: ‘No topo, a uma altura de cerca de 120 metros, havia um espelho que refletia o sol de dia e o resplendor de uma fogueira à noite. No silêncio da noite os escravos subiam as rampas levando o combustível que mantinha o fogo queimando.’
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‘Foi a última e mais moderna das sete maravilhas da Antiguidade. Ele simbolizava o que Alexandria queria ser: a cidade-farol, o centro do eixo de coordenadas, a capital de um mundo ampliado, o marco luminoso que guiava e dirigia o rumo de todas as navegações.’
Alexandria em seu apogeu
“Era uma cidade cosmopolita, cheia de sábios, e com a maior biblioteca do mundo antigo. Um de seus diretores foi o astrônomo, historiador, geógrafo, filósofo, poeta, crítico teatral e matemático, Eratóstenes. Ele foi o primeiro a medir a circunferência da Terra em 40 mil kms.
De acordo com Carl Sagan, professor de astronomia e ciências espaciais, em Cornel, “a proposta tem uma margem de erro de apenas uns poucos por cento, uma realização notável para a época, 2.200 anos atrás.”
Para ele “foi em Alexandria que começaram a aventura intelectual que nos trouxe às margens do espaço.”
A cidade de Alexandria
Diz Sagan, “sua população era de uma diversidade maravilhosa. Soldados macedônios, depois romanos, sacerdotes egípcios, aristocratas gregos, marinheiros e navegadores fenícios, mercadores judeus, visitantes da Índia e da África Subsaariana – todos, exceto a vasta população de escravos – viveram juntos e em harmonia e respeito mútuo durante a maior parte do período de grandeza de Alexandria.”
Alexandria, e o primeiro sino de mergulho do mundo
“A cidade foi fundada por Alexandre, O Grande, e construída por seu ex-guarda-costas. Alexandre estimulava o respeito por cultura estrangeiras e uma mente aberta na busca do conhecimento.” Segundo a tradição, ele desceu no fundo do Mar Vermelho no primeiro sino de mergulho do mundo.”
Um elefante de presente para Aristóteles
“Alexandre coletou formas de vida exóticas, entre as quais um elefante para seu professor, Aristóteles. Sua cidade foi construída numa escala pródiga para ser o centro mundial do comércio, da cultura e do conhecimento. Foi agraciada com grandes avenidas com trinta metros de largura, arquitetura e estatuária elegantes, o túmulo monumental de Alexandre e um enorme farol na ilha de Faros.”
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‘O primeiro real instituto de pesquisa na história do planeta’
“Mas o grande prodígio de Alexandria era sua biblioteca e museu (literalmente, uma instituição dedicada às especialidades das nove Musas) a ela associado. Dessa lendária biblioteca, a maior parte do que sobrevive é seu anexo, o porão úmido do Serapeu…ela foi o primeiro real instituto de pesquisa na história do planeta. Os sábios da biblioteca estudavam todo o cosmos.”
A biblioteca de Alexandria
Ainda de acordo com Carl Sagan, “o coração era sua coleção de livros. Seus organizadores passavam um pente-fino em todas as culturas e línguas do mundo. Enviavam agentes ao estrangeiro com a missão de comprar bibliotecas. Navios comerciais atracados em Alexandria eram revistados por funcionários- não à procura de contrabando, mas de livros.”
“É difícil fazer uma estimativa, mas parece provável que a biblioteca contivesse meio milhão de livros, cada um deles um manuscrito num rolo de papiro.”
E conclui o professor: “a civilização clássica que os criara se desintegrou e a própria biblioteca foi destruída de maneira deliberada…”
O Farol de Alexandria desapareceu 20 anos antes da ‘descoberta’ do Brasil
“O farol foi gravemente danificado por um terremoto de 956 e novamente em 1303 e 1323. Finalmente o restante da estrutura desapareceu em 1480, quando o então Sultão do Egito, Qaitbay, construiu uma fortaleza medieval na plataforma do local do farol usando algumas das pedras caídas”.
Navegadores que provavelmente usaram o Farol de Alexandria
Assírios, e depois os babilônios e fenícios – os grande navegadores da época. Mas também persas, gregos, egípcios e romanos.
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O período de apogeu dos fenícios, povo descendente dos cananeus, foi entre 1.200 a.C. até 800 a C. Localizados numa estreita faixa de terra pobre, compreendida entre as montanhas do Líbano e o Mediterrâneo Oriental, a sua situação geográfica condicionou a sua principal atividade: o comércio marítimo.
A madeira de cedro, existente em abundância nas florestas do Líbano, permitiu-lhes criar uma frota que dominava grande parte do comércio do Mediterrâneo. Egípcios também usaram o farol.
Se você se interessa pela construção naval na antiguidade, leia o post baseado no livro História das Florestas, de John Perlin.
O Farol de Alexandria hoje
Em 1968 o farol foi redescoberto. A UNESCO patrocinou uma expedição para enviar uma equipe de arqueólogos marinhos, liderada por Honor Frost, para o local.
O vídeo abaixo faz uma reconstituição da construção do Farol de Alexandria. A narradora explica que o projeto nasceu ao acharem restos do farol debaixo d’água. Primeiro, foi preciso ‘montar o quebra-cabeça’. Depois, com ajuda da geometria de Euclides (do tempo da construção), pesquisadores desenvolveram a animação que você assiste a baixo.
Assista a este vídeo no YouTube
Por tudo que se viu, a imagem abaixo é a mais provável reconstituição do icônico farol:
Conheça alguns dados do Farol mais incônico do mundo:
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Assista a este vídeo no YouTube
Fontes virtuais: https://www.merveilles-du-monde.com/Sept/Phare-d-Alexandrie.php; https://pt.wikipedia.org/wiki/Farol_de_Alexandria; http://historia7-penedono.blogspot.com.br/2007/01/os-fencios-um-povo-de-navegadores-e.html; https://www.thinglink.com/scene/848590721769275393; https://www.thetimes.co.uk/article/lost-city-of-alexander-the-great-found-in-iraq-pw6g2dtvj.
Ilustração de abertura: www.alamy.de.
Livro: Carl Sagan, Cosmos, Cia das Letras.
Conheça outra obra ‘faraônica’ mas moderna: o canal do Panamá.
Estou estudando sobre Alexandre e fiquei encantada por ele. E o professor falou do farol de Alexandria e fiquei curiosa e vim parar por aqui.
a matéria não explica como era o funcionamento do farol.
Interessante artigo, mas poderia informar mais detalhes, por exemplo: qual a fonte de luz? Provavelmente fogo. Qual o combustível? Já havia lente? Etc.