Navio polar russo ou ‘plataforma autopropelida resistente ao gelo’
No passado recente, quando os cientistas russos queriam estudar o Ártico moravam em bases em blocos de gelo que ficavam à deriva no verão. No entanto, os efeitos recentes da mudança climática global significam que esses tipos de estações não são mais uma proposta prática. O gelo sólido é cada vez mais difícil de encontrar. Qual a solução? Navio polar russo ou ‘plataforma autopropelida resistente ao gelo’.
Navio polar russo ou ‘plataforma autopropelida resistente ao gelo’
O Ártico aquece numa velocidade média, entre duas e três mais, que em outros lugares do planeta. Não é mais possível montar acampamentos no gelo. A última estação de gelo russa foi a Polo Norte-40, estabelecida em outubro de 2012. Mas ela teve que ser evacuada em maio de 2013, quando o bloco de gelo onde estava começou a se quebrar.
Os cientistas foram finalmente resgatados por um navio quebra-gelo com energia nuclear. Uma tentativa de acompanhamento para montar uma estação de gelo em 2015 foi abandonada depois de apenas quatro meses.
Por isso esses tipos de estações não são mais uma proposta prática. Era preciso alguma novidade. Surgiu assim o novo navio polar russo.
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A Rússia cada vez mais se interessa pelo Ártico, a região é rica em minerais e vital do ponto de visto geopolítico, como uma passagem naval mais curta entre a Ásia e Europa. Assim, o país lançou um novo navio de pesquisas para o Ártico, o Polo Norte, descrito como uma “plataforma autopropelida resistente ao gelo”.
O casco em forma de ovo da embarcação, construído em aço especial de alta durabilidade, decorre de sua necessidade de lidar com gelo leve, sua velocidade é de cerca de 10 nós.
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Este navio não é um quebra-gelo. Sobre este tipo de navio, comentamos no post Navio quebra-gelo mais poderoso lançado pela Rússia. Entretanto, seu casco reforçado é projetado para ser capaz de retirar o gelo de seu caminho, o design, em geral, foi otimizado para resistência e autonomia.
Conheça o novo navio polar
Ele tem 84.1 metros de comprimento por 22.5 de largura, e um deslocamento de 10.225 toneladas. O Polo Norte se destina a ser o primeiro navio de seu tipo a ficar permanentemente baseado no alto Ártico. E, segundo a imprensa, ‘também está longe de ser bonito’.
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Conheça o novo navio de carga híbridoLeões marinhos ajudam cientistas a mapear o fundo dos oceanosGeleiras do Alasca perdem 50 mil galões de água por segundoO Estaleiro Admiralty em São Petersburgo, que faz parte da United Shipbuilding Corporation da Rússia, lançou o navio em 18 de dezembro, quase exatamente dois anos após o início da construção. A embarcação foi construída para o Serviço Federal de Hidrometeorologia e Monitoramento Ambiental, mais conhecido como Roshydromet, a um custo reportado de $ 100 milhões.
A construção é um projeto conjunto entre a Roshydromet e o Instituto de Pesquisa Ártico e Antártico da Rússia. O novo navio poderá se aventurar na região por conta própria, ou com a ajuda de um quebra-gelo, antes de iniciar seu período “autônomo.”
Dois anos de cada vez, sem precisar atracar no porto
Nesse caso, a autonomia refere-se a poder operar independentemente do reabastecimento por longos períodos de tempo, possibilitando aos pesquisadores estudar a região por até dois anos de cada vez, sem precisar atracar no porto.
Uma vez que estará em comissão por longos períodos, o Polo Norte será abastecido por quebra-gelos de passagem ou por via aérea, e há a previsão para um helicóptero MI-8 permanentemente embarcado.
Quando os trabalhos de construção do navio começaram, o Barents Observer citou Natalia Radkova, vice-diretora da Roshydromet, descrevendo o Polo Norte como “uma estação de deriva única, confortável e confiável que sem dúvida abrirá uma nova página em nossa história polar nacional”.
Riquezas do Ártico agora mais exploradas
Embora o Polo Norte seja operado como um navio de pesquisa científica, sua relevância estratégica é clara. As mesmas calotas polares em recuo que tornaram as estações de gelo impraticáveis, estão abrindo novas fontes de riqueza energética na região, que está rapidamente se tornando um novo foco de grande rivalidade por poder.
Existem certas aplicações militares potenciais para o tipo de pesquisa que o Polo Norte supostamente estará fazendo. Pesquisas subaquáticas do Ártico, por exemplo, poderiam ajudar a fornecer informações valiosas em apoio ao aumento das atividades da Marinha russa, tanto acima quanto abaixo da água.
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O novo navio de pesquisa muito provavelmente ajudará a Rússia a extrair mais petróleo e gás do fundo do mar ou de ilhas anteriormente cobertas de gelo, o que terá suas próprias implicações geoestratégicas.
A zona econômica exclusiva de Moscou, no Ártico, fornece petróleo, gás e direitos de pesca, e esses recursos também serão explorados e defendidos, especialmente porque as reivindicações russas são cada vez mais disputadas pelo Canadá, Dinamarca, Noruega e Estados Unidos.
Além do conjunto de missão proposto, a Rússia basicamente construiu uma plataforma flutuante multifuncional de longa duração que pode sobreviver aos desafios ambientais únicos do Ártico.
O polo Norte está claramente assumindo uma importância cada vez maior para Moscou e o navio de pesquisa pode desempenhar um papel importante nesta nova dinâmica.
Imagem de abertura: https://www.thedrive.com/.
Fonte: https://www.thedrive.com/the-war-zone/38332/russias-new-long-endurance-arctic-research-vessel-might-be-the-ugliest-ship-weve-seen?fbclid=IwAR1oPX7ZSjEs9MlZ9INJYg077YXp6YqIKAWN0c3QH-1wS2IV5oCSvhp5Fn8.
Que máquina fantástica. Os russos têm este condão de se aventurar no projeto de maquinário gigantesco e/ou com propósitos utilitários inusitados. É só olhar para a indústria aeronáutica russa e suas aeronaves extravagantes e únicas. Provavelmente sejam assim por não se submeterem, historicamente, às chamadas “Leis de Mercado” que, muitas vezes, são coercitivas à inventividade dos projetistas. Muito legal a matéria! Obrigado.
Que bacana o navio um monstro rs