Naufrágios da Segunda Guerra Mundial: maior assalto a túmulos do mundo
A propósito da tragédia que pegou o mundo de surpresa esta semana, com o naufrágio de um submarino e morte de cinco turistas em visita a um dos mais notórios túmulos dos oceanos, jugamos oportuno reeditar este post que publicamos em 2017. O texto teve como base matéria do jornal inglês The Guardian: “Dezenas de naufrágios da Segunda Guerra Mundial que contêm os restos de milhares de militares britânicos, americanos, australianos, holandeses e japoneses estão sendo profanados e destruídos por mergulhadores.
40 navios históricos parcialmente destruídos
Análises de naufrágios do conflito revelaram que até 40 navios da Segunda Guerra sofreram profundas mutilações no processo. Seus cascos poderiam conter cadáveres de 4.500 tripulantes.”
Mais túmulos correm o risco
“Governos temem que outros túmulos históricos tenham destino semelhante. Centenas de navios – principalmente japoneses que podem conter milhares de tripulantes mortos durante a guerra – permanecem no fundo do mar.”
Os navios também contêm metais valiosos. Entre outros, cabos de cobre e hélices de bronze. Especialistas dizem que os escavadores estão procurando mais tesouros como chapas de aço feitas antes da era dos testes nucleares, que preenchiam a atmosfera com radiação. Esses navios submersos são uma das últimas fontes de aço praticamente livre de radiação, vitais para alguns equipamentos científicos e médicos.
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O Guardian revelou em 2016 o saque ilegal e imoral aos destroços de alguns dos mais célebres navios de guerra da Grã-Bretanha. Isso provocou tumulto entre veteranos e arqueólogos, que acusaram o governo do Reino Unido de não se mexer para protegê-los.
Três navios – HMS Exeter, HMS Encounter e HMS Electra – continham os corpos de mais de 150 marinheiros. Todos afundaram durante as operações no mar de Java em 1942, uma das escaramuças mais caras para os Aliados durante a guerra.
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Em 2014, os naufrágios do HMS Repulse e do HMS Prince of Wales e túmulos para mais de 800 marinheiros da Royal Navy sofreram alterações e roubos.
Ministério da Defesa do Reino Unido exige que Indonésia proteja os navios
O Ministério da Defesa do Reino Unido exigiu que a Indonésia proteja os navios. “Um naufrágio militar deve permanecer inalterado e aqueles que perderam suas vidas a bordo devem poder descansar em paz”, disse um porta-voz do ministério.
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O HMAS Perth é o lugar de descanso final para mais de 350 australianos que perderam a vida defendendo os valores e as liberdades da Austrália, então os relatórios sobre os destroços são profundamente perturbadores e de grande preocupação.
Milhares de marinheiros descansam no fundo do mar. Veteranos exigem, com razão que os governos os preservem como sepulturas de guerra.
O mesmo procedimento foi adotado pela marinha do Brasil quando foi localizado o naufrágio do U-513, submarino alemão, ao lardo de Santa Catarina.
Naufrágios da Segunda Guerra Mundial retalhados por ladrões
“Grandes gruas foram fotografadas acima dos locais de naufrágio. No fundo do mar, mergulhadores encontraram navios cortados ao meio. Muitos foram completamente removidos, deixando um buraco em forma de navio.”
Uma barcaça para em cima do naufrágio. Mergulhadores descem…
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Eles colocam explosivos que destroem os navios, ícones do maior conflito mundial…
E recolhem o que sobrou não respeitando as mortes provocadas pelos equívocos da história. Enquanto alguns cientistas estudam descobertas fascinantes como navios de Vasco da Gama, ou o Palácio de Cleópatra, a mesma tecnologia favorece a ação de fascínoras ou desocupados.
Ao nosso ver estes sítios deveriam ser reverenciados ou, no máximo, espaços para estudos de cientistas. Tornarem-se uma espécie de circo para milionários os visitarem para livrarem-se do tédio, ou para ladrões agirem livremente, é um tremendo desrespeito.
Que os avanços da arqueologia submarina privilegiem o estudo da história, e não se preste aos caprichos de gente que não tem o que fazer.
Ingleses reclamando de profanação? Que tal fazer a parte deles e devolver o que saquearam das colônias em todos os continentes para colocar em um museu e cobrar ingressos. Arrogantes.
Creio que a questão do circo para magnata tem uma vantagem: aumenta a visibilidade do local e com isso cria uma fiscalização mesmo que informal. Os bandidos agem livremente porque provavelmente não estão vendo ou quem deveria ver está sendo pago para não ver.
Sou pragmático, acho um desperdicio nao recuperar materiais valiosos com base apenas em valores meramente religiosos… Quem morreu ja está morto mesmo, nao vai fazer mais nenhuma diferenca. E quem fala em moral, aqui, deve ser entao uma pessoa produndamente contrario aa cremacao, quando o corpo é totalmente destruido e as cinzas, normalmente, dispersas em algum lugar. (Eu, pessoalmente, pretendo ser cremado — as cinzas pode jogar em qualquer lugar –, nao quero ninguem chorando em tumulos ou sendo obrigado a fazer visitas a cemiterios em feriados, so por convencao social…)
É só torpedear uma ou duas barcaças dessas e deixar os F/D.P virarem comida de tubarão que a farra acaba.
Favor corrigir a expressão bronze FOSFORESCENTE para bronze FOSFOROSO no segundo parágrafo.
Não é bem assim, desculpe. Estive em vários naufrágios da 2a. Guerra e ainda há ossos, sim. Além de objetos pessoais. Em muitos destes navios, houve um esforço dos governos para retirar as ossadas e levá-las de volta ao país de origem, mas alguns ficaram. Muitos dos operadores de mergulho entendem os locais como túmulo simbólico, mas nem sempre há o respeito que se esperaria. Outra questão a se considerar é o carater histórico / arqueológico, que se perde neste tipo de exploração descrita na matéria. É um erro irreparável tratar esses naufrágios como lixo, mesmo que fosse uma suposta reciclagem.
Felix tem PhD em oceanologia, sabe do que fala, podem acreditar.