Litoral Norte: pobres morrem de novo, e daí?
O carnaval foi palco de mais uma tragédia no litoral norte de São Paulo. Não foi a primeira muito menos a última. Por que não a última? Antes de mais nada, porque quem perdeu foram os pobres. E, daí? Infelizmente, este bordão imbecil que se notabilizou durante o último governo serve como uma luva para mais este flagelo. Afinal, no País de Macunaíma, só negros e pobres vão para a cadeia. Do mesmo modo, os mortos e os mais castigados pelos eventos extremos são sempre os mais pobres. E daí? Daí que nossas elites egoístas e cínicas estão pouco se lixando. Antes de tudo, se fossem os ricos a morrerem em eventos extremos o poder público da região seria apeado do poder imediatamente.
Os ordinários prefeitos do litoral norte
Há muuuito tempo, os prefeitos que comandam o litoral norte frequentado pelos poderosos paulistas são o que há de pior. Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela, e Caraguatatuba há anos estão na mão de bandidos, sobretudo com a complacência de parte da mídia, e de quase a totalidade das elites.
Grande parte deles comanda a especulação imobiliária junto a seus aliados da construção civil e do setor de turismo. A mesma especulação que não poupa mangues, restingas, costões, e a mata atlântica que cobre morros e a serra do Mar.
A especulação reserva aos ricos os melhores lotes, os mais próximos do mar, antes ocupados por caiçaras há gerações que foram expulsos de seus terrenos, e condenados a viver nos sertões das praias mais famosas: Sahy, Una, Baleia, Maresias, Juquehy, e assim por diante.
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A imprensa economiza espaço para o litoral
A imprensa quase nunca abre espaço para o litoral, muito menos denuncia a especulação que o destrói implacavelmente. Espaço, só para a Amazônia. Enquanto isso, os gestores políticos que deveriam orientar as ocupações em seus respectivos Planos Diretores aproveitam a omissão para tirar vantagem. Ora recebem propina para aceitarem mansões ou prédios irregulares, ora se aliam aos especuladores que comandam a ocupação.
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Há mais de 50 anos este é o quadro no litoral norte. Este crescimento desordenado atraiu, simultaneamente, milhares de forasteiros, pobres, que migraram à procura de trabalho na construção civil, no porto de São Sebastião, ou em outras atividades de suporte ao turismo.
Sem espaço na exígua planície costeira, são ‘empurrados’ para os sertões já entupidos de desvalidos e quase sem nenhuma infraestrutura. Assim, sobra para estas pessoas dependurarem-se nos morros, ou seja, nas encostas da Serra do Mar com a complacência dos turistas e, especialmente, prefeitos.
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Salvam-se uns poucos abnegados que lutam para pôr ordem na baderna. Dentre eles, Fernanda Carbonelli, fundadora da APA Baleia – Sahy, e presidente do Instituto de Conservação Costeira, uma das poucas ONGs eficientes da região. Fernanda já conseguiu impedir condomínios em áreas de restinga de poderosos como Guilherme Afif Domingues, ex-vice-governador do Estado.
Afif queria construir um imenso condomínio em área proibida. Oito empreendimentos anteriores haviam sido impedidos de fazê-lo mas, para os ‘poderosos’ a lei permite tudo. Fernanda entrou na Justiça e conseguiu suspender a obra. Ela também processou a Sabesp por poluir os rios da região. Mais uma vez, ganhou a causa.
Ao mesmo tempo, ‘infernizou’ a vida do prefeito Felipe Augusto (PSDB), chamando a atenção para o risco que correm os desvalidos que vivem nas favelas dos sertões, em vão. Desde a madrugada de domingo Fernanda está lá, no sertão, ajudando, confortando, dando apoio aos miseráveis com o seu ICC arrecadando roupas e víveres.
Outra que merece registro é Maria Antônia Civita, do Instituto Verdescola. Não por acaso, são amigas e lutam juntas.
Só neste ano Maria Antônia conseguiu a façanha de colocar três jovens caiçaras do Sahy na USP! Merece aplauso de pé! As duas se mobilizaram nesta tragédia e lograram até agora mais de 40 voos de helicóptero do empresário Abilio Diniz (Bravos!), conseguindo assim levar socorro antes mesmo da chegada do poder público. E continuam por lá, na batalha.
Felizmente ainda existem pessoas que como estas. Que sirvam como exemplo e inspirem a maioria.
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Contudo, pessoas com espírito público são exceção. A grande maioria não está nem aí, desde que mantenham suas ‘casas pé na areia’ grande parte das quais, antigas posses caiçaras.
Para encerrar a receita macabra, vivemos a época do aquecimento global totalmente fora de controle. A consequência são os eventos extremos cada vez mais frequentes e potentes. Até um paralelepípedo sabe, não se fala em outra coisa há, no mínimo, dez anos! Mas o poder público os ignora. Está armada a equação que mata os pobres bem no meio do carnaval!
As elites apodrecidas de Pindorama
Antes de mais nada, vamos nos recordar que há pouquíssimo tempo a estupidez atingiu o ápice quando o presidente, o chanceler, e sobretudo o ministro do Meio Ambiente responsável pelo genocídio Yanomami, negaram publicamente o aquecimento.
Entretanto, isto não espanta. Vindo de cavalgaduras, o vômito era esperado. O que assusta e demonstra a baixeza é o fato do ex-ministro ter sido o quarto deputado mais votado em São Paulo (quase metade dos votos na Grande São Paulo), com 640 mil sufrágios. A maioria de bairros como Morumbi, Pinheiros, Campo Belo, Itaim Bibi, Jardim Paulista, Moema, Vila Mariana e Santo Amaro. Ou seja, locais onde moram as ‘elites’ degeneradas.
Além do mais, ‘grandes empresários’ paulistas, dos mais conhecidos, foram os maiores doadores da campanha do Passador de boiadas, o radical que humilhou o País no concerto das nações.
Com exemplos desta índole vindos da cúpula política e empresarial, o que esperar de prefeitos do litoral?
Quem são os atuais prefeitos do litoral norte?
Vamos pela ordem norte-sul. Em Ubatuba, Flávia Pascoal (PL); Em São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB); em Ilhabela, Antonio Colucci (PL); e em Caraguatatuba, Aguilar Júnior (MDB).
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Todos estes municípios recebem royalties do petróleo. Em 2021 o total foi de R$ 548.924.857,78. Porém, dois deles são riquíssimos. São Sebastião e Ilhabela. O primeiro recebeu R$ 134.805.117,66; enquanto o segundo, ou seja, Ilhabela, recebeu nada menos que R$ 296.547.618,11.
Agora, pergunte quanto deste montante foi investido na Defesa Civil, ou no treinamento de suas equipes? Na drenagem das favelas onde moram os desvalidos? Que parcela foi separada para retirar aqueles que vivem em situação de risco?
Enquanto a omissão corre solta, alguns dos políticos ocupam a prefeitura pela segunda ou terceira vez, apesar das fraudes, dos processos, e das condenações da Justiça por improbidade administrativa, superfaturamento, desvios de verbas, etc. Este é o caso de Antonio Colucci (PL), em Ilhabela. Outros, ‘administram’ não um município, mas um feudo familiar há gerações, caso de Caraguatatuba de Aguilar Júnior (MDB), cuja prefeitura, antes, fora ocupada pelo pai.
A propósito, Aguilar Júnior (MDB) envolvido com a especulação imobiliária tem nada menos que 173 processos nos Diários Oficiais, segundo o site Jusbrasil.
Da mesma forma acontece com o suspeito de corrupção, Felipe Augusto (PSDB) em São Sebastião, ou Flávia Pascoal (PL), em Ubatuba. Em comum, além destas acusações, outras duas: nepotismo, e a obsessão com o superadensamento e a famigerada ‘verticalização’ nos respectivos Planos Diretores sem, entretanto, investir em infraestrutura.
E a maior parte dos milhares de ricos que têm suas casas de segunda residência nestes municípios não toma conhecimento. Não é com eles.
Verdugos ou alcaides?
Estes verdugos de municípios ganham dinheiro, por dentro, com o IPTU; e por fora, aliando-se a especuladores, e/ou superfaturando obras públicas nem sempre necessárias, ou ainda cobrando propinas de ricos que fazem malfeitos. Enquanto esta orgia moral ocorre, parte dos turistas estacionam suas SUVs importadas na garagem de suas casas e não veem se não o mar azul à sua frente. O que ficou isolado, atrás, não merece atenção. Muito menos maracutaias de prefeitos.
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Evento extremo anunciado pela meteorologia
Então, ocorre mais um evento extremo, anunciado pela meteorologia, sem que nenhum dos algozes tenha tomado qualquer providência. Resultado? Acabou o carnaval dos abastados, que droga! Este ano seus helicópteros tiveram que buscá-los mais cedo.
Enquanto morros e pedras despencavam em Ubatuba, Flávia Pascoal (PL) ‘brincava o carnaval’, ora no coreto da cidade, ora nos trios elétricos. São Sebastião e Caraguatatuba ainda tiveram o bom senso de suspender a festa. Ilhabela, de Antonio Colucci, não. Segundo o prefeito ‘nossa indústria não pode parar’.
Chuvarada anunciada
As chuvas foram anunciadas, apesar de ninguém sugerir 600 mm em 24 horas. Entretanto, o Cemaden – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – previu alto risco de eventos hidrológicos desde o dia 13.
Em nota, o instituto afirmou que também fez alertas sobre o risco de “chuvas muito intensas com potencial para provocar desastres na porção leste do Estado de SP” no dia 16 em reunião com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. Finalmente, dia 17 houve reunião com a Defesa Civil de São Paulo.
Segundo o diretor do órgão, Osvaldo de Moraes, “Assim que um sistema de baixa pressão sobre o litoral norte de São Paulo foi detectado, o Cemaden conversou com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), nós convidamos a Casa Militar do governo de São Paulo, traçamos o cenário e fizemos uma reunião.”
De acordo com o UOL, ‘Somente no dia 18/02 mais de 60 alertas foram emitidos, entre eles para Ubatuba, Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião; portanto, desde o dia 16/02 a região litorânea de SP estava sob atenção”, disse o Cemaden’.
Em época de eventos extremos cada vez mais destruidores como o último de Petrópolis quando 241 miseráveis morreram, o aviso de chuva forte já seria mais que suficiente para o poder público agir.
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Acontece que nenhum prefeito do litoral se importa com eventos extremos. E os frequentadores igualmente não os cobram por isso. O foco são obras estúpidas e desnecessárias, como Antonio Colucci (PL), em Ilhabela, que anunciou pomposamente um novo mirante no Morro da Cruz, de autoria de um famoso arquiteto, enquanto o município tem um dos piores índices sanitários do Estado. Desde 2016 o siderado prefeito sonha com um mirante no local.
Segundo nossas fontes, a audiência pública foi mais um engodo com o auditório lotado de aliados de Colucci. Quando os poucos contrários puderam contestar o projeto, foram desqualificados pelo prefeito que ainda não divulgou o preço da obra.
Mitigar o aquecimento global, uma piada no litoral
Quanto a investimentos para mitigar o aquecimento global, a subida do nível do mar, ou os eventos extremos, esqueça. Do mesmo modo, recentemente o corrupto prefeito de Caraguatatuba anunciou um novo Plano Diretor que prevê ocupação em encostas de morros, entre outras barbaridades, num claro sinal que se aliou aos especuladores de plantão.
Enquanto isso, a prefeita de Ubatuba chafurda em denúncias de suposta corrupção envolvendo a coleta e transbordo de lixo, mas não apenas. Quando ela encontra desvalidos dando bobeira no município, enche a van da prefeitura e os ‘exporta’ para Taubaté. Aqui, não! E, mais uma vez, foram raros os protestos das ‘elites’.
Sem falar que a prefeitura detonou o que resta do mangue do rio Escuro para o crescimento do bairro de mesmo nome. Justo os manguezais, que têm a capacidade de sequestrar quatro vezes mais gases de efeito estufa que a floresta tropical. Por este motivo, entre outros, mangues e restingas são ‘protegidos’ pela legislação. Mas, como reina o silêncio da imprensa, das elites, e da maioria dos donos de casas de segunda residência (muitas irregulares), nada acontece.
Finalmente, Felipe Augusto (PSDB), que também propôs a verticalização em sua gestão, em vez de usar o dinheiro dos royalties para retirar os desvalidos de situações de risco, se ocupa com obras escusas como colocar a antena de sua própria rádio FM no topo da ilha do Montão de Trigo, em local ambientalmente sensível, e por isso proibido!
Escândalos de corrupção anuais
Estes escândalos se repetem anualmente com a precisão de um relógio suíço. Mas não comovem os privilegiados frequentadores. Eles estão preocupados com a festança de Momo, ou as suas festas particulares que, infelizmente, perderam este ano. Por que raios foram morrer na segunda-feira de carnaval e não na quarta-feira de Cinzas?
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Enquanto os corpos dos miseráveis estão cobertos de lama a fingida comoção entra em cena. O presidente e ministros se manifestam, o governador vai até o local, a imprensa finalmente acorda, e os prefeitos dão entrevistas sem parar.
Mas ninguém pergunta por que os mais pobres não foram avisados ou retirados, esquecem de questionar os Planos Diretores recentíssimos de Ubatuba e Caraguatatuba, mas também de São Sebastião e Ilhabela, muito menos perguntam sobre ocupações irregulares, ou obras inconsequentes. Não dão um pio sequer sobre a nojenta especulação imobiliária apesar das dezenas de condomínios, mansões, hotéis, e prédios irregulares. Não. “A culpa é da natureza.”
Enquanto as TVs ‘seguram a audiência’ com as imagens chocantes da destruição, focalizando tentativas desesperadas de bombeiros em achar soterrados com vida, todo mundo assiste estupefato. Mas, as mesmas pusilânimes TVs, jamais mostraram a enxurrada de corrupção dos prefeitos do litoral, muito menos a imoralidade da especulação promovida por endinheirados, afinal, muitos são empresários e anunciantes.
O pior está por vir: oleoduto de São Sebastião tem cinco pontos críticos
Acima de tudo, os corruptos gestores políticos e parte significativa dos prósperos proprietários de casas de segunda residência são estúpidos e sem noção. O dinheiro que ganharam não foi suficiente para que se inteirassem do que há debaixo das mansões, condomínios, ou hotéis que frequentam.
Ignorantes, desconhecem que há um imenso oleoduto que começa no porto de São Sebastião e termina na refinaria Presidente Bernardes, Cubatão, que transporta óleo cru e, segundo o presidente da Petrobras, ‘apresenta cinco pontos críticos’.
Se este oleoduto se romper, pelo movimento extremo das terras acima, fruto de inação frente a eventos extremos e especulação que ocupa áreas restritas, a catástrofe será apocalíptica. Oxalá não aconteça.
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Contudo, insistimos em não aprender com erros passados. Assim que os corpos destroçados deixarem de feder tudo voltará ao normal. Os bacanas, aos poucos, vão retornar ao litoral com suas SUVs que enchem a atmosfera de gases de efeito estufa a cada acelerada, aqueles que conseguiram salvar-se vão se dependurar mais acima dos morros, os calhordas prefeitos voltarão à corrupção, a imprensa esquecerá o litoral, e todo mundo vai fingir que nada aconteceu.
Ano que vem tem mais, pode apostar. A canalhice faz parte de nosso dia a dia. Que o digam os pobres de Petrópolis onde quase nada foi feito apesar da catástrofe de 2022.
Arre égua!
Como morador de São Sebastião, é revoltante ver o descaso da prefeitura e do poder público municipal. Aqui já tinhamos sido avisados que viria uma chuva de grandes proporções desde quarta-feira, 15/02. Porém a prefeitura e a defesa civil do municipio não fez nada para resguardar as vidas dos moradores de áreas de risco. No momento que tudo desabava na costa sul, a prefeitura postava vídeo do carnaval da rua da praia, falando que nem a chuva espantou os foliões. Quem socorreu as pessoas foram as ongs da costa sul, em especial a Verde Escola.
Daí, no outro dia, depois da tragédia, esses abutres políticos colocam o colete da defesa civil e vão lá posar pra fotos com cara de coitados. Enquanto os voluntários estão lá trabalhando, vereadores, prefeito e seus assessores vão lá, dão entrevistas mas nada fazem (e nada vão fazer), pois quem deveria fiscalizar, mantem os braços cruzados e os olhos fechados.
Quem quiser se informar, sugiro verificar a página do Jornalista Helton Romano, no facebook. Ele está no local e acompanha de perto o trabalho dos voluntários e denuncia o descaso do poder público.
E quem puder ajudar, ajude da maneira que puder.
Para quem assistiu o filme “Tubarão” (1975), os personagens centrais são os mesmos (prefeitos, representantes do pueblo, etc.). Sai o Tubarão e entra o Tufão! (e o povo, bem como diria um personagem do Chico Anisio: “o povo é um mero detalhe…”
Excelente análise, João. Aliás, você sempre falou sobre isso, mas de fato, nossa sociedade prefere não enxergar. Arre égua!
Parabéns, João!
Pela coragem e precisão de sua crítica, espero que seja inspiradora para a mudança desse cenário, ainda que seja cético quanto a isso.
Temos que lembrar sempre que as responsabilidades por todas essas tragédias anunciadas, devem recaem sobre as administrações públicas municipais, estaduais e federais, pois todas elas de uma forma ou outra fazem parte da gestão como um todo.
Se um dos elos se rompem, é tarde demais para para os políticos correrem aqui no pós tragédia, montando um cenário espetacular para a imprensa e principalmente para aquela população invisível composta por pobres miseráveis, com promessas que já conhecemos e sabemos que jamais serão cumpridas.
Todos os políticos que vieram aqui, já fizeram parte de estruturas governamentais federais, estaduais e municipais, no atual mandato e também de mandatos passados e nada fizeram para evitar todas essas tragédias e também sabemos que não tomarão providências para evitar repetições como essa.
Os pobres invisíveis em um momento de tragédia como essa, com todo esse sofrimento, ainda são usados pelos políticos para se elegerem em futuras eleições com todo esse espetáculo.
Que os políticos tirem todos os pobres do anonimato, da invisibilidade, do descaso e do desprezo.
Falou em corrupção falou em Guarujá! Lá a orgia do dinheiro público e interesses pessoais começou na década de 80 e não tem data pra, terminar! Esgoto na praia em 2023? Normal no Guarujá!
Parabéns João!
O cara põe 10 filhos no mundo sem ter nem o que comer e a culpa depois é dos outros e da sociedade, claro. Todo mundo é culpado, menos o idiota que acha que pode colocar gente no mundo sem ter nem onde cair morto.
Barrabás, faz tempo que não vejo tanto radicalismo contra os menos favorecidos. Mas como você assinou o comentário, aí vai.
Menos favorecidos? Por quem? Quem desfavoreceu eles? Essa galera precisa aprender que existe camisinha e anticoncepcional. Colocar gente no mundo sem ter condições para isso é um verdadeiro CRIME.
Desfavorecidos pela sociedade, Danilo, que não lhes deu chance de estudar em boas escolas e assim crescer na vida. E vc de fato é um radical completo. Discordo em gênero, número e grau.
Um comentarista aqui no fórum chamado Danilo Gentile, não sei se homônimo ao apresentador ou o próprio, me deixou intrigado. Não tem condições de ler e interpretar um texto? Foi muito longo? Perdeu a parte muito bem explicada da expulsão dos caiçaras para os morros em razão da especulação imobiliária e da corrupção? Quer que eles sejam expulsos e por isso escolham não ter filhos? Provavelmente você deve ter escolhido ter uma SUV ou um jet ski, sei lá. Eles escolheram os filhos. Direito deles. Ou nem isso eles têm mais direito?
É voce mesmo? O da Tv? Acabou de perder um admirador. Quer dizer que se os pobres não se reproduzissem as tragédias matariam menos gente, né? Não vi nenhuma família de dez irmãos mortos. Vemos, sim, avós, filhos, genros, noras e netos dizimados porque sua unica opção é fazer um puxadinho quando a família aumenta. Porque o filho cresceu, casou, e teve filhos, mas a renda não veio.
Não acredito que você pensa dessa forma, em pleno século XXI. Absurdo e totalmente inapropriado seu comentário. Você poderia guardar suas opiniões que demonstram sua falta de sensibilidade social para algum esquete humorístico, jamais para um momento delicado como esse. Lamentável!
Infelizmente, sociedade corrompida, sem nenhum valor moral se acostumou com o abandono de políticas públicas, eleitores vendem o voto a troco de favores e não tem moral pra cobrar e fiscalizar, mídia corrompida não crítica, mistério público inerte cada vez mais suprimido pelo judiciário que vive passando pano para políticos desonestos a troco de favores particulares e regalias. Enfim, Brasil está na UTI faz tempo, sem sinais de recuperação, pior ainda, se tá ruim a tendência é de piora!
Parabéns pela reportagem. Tragédias anunciadas. Todo ano é uma loteria . Famílias vão morrer por conta da ocupação desenfreada e ilegal das áreas que não deveriam ter sido devastadas. É matemático . Boa sorte para os que se encontram nesta situação …
Joao
Estava esperando pelo seu artigo
Tinha certeza que só você desnudaria essa realidade cruel sem ter medo de se expor e expor suas opinioes
Modelo das capitanias hereditárias 2.0, com uber-exploração dos mais pobres! A Receita Federal poderia investigar os inúmeros sonegadores que possuem terrenos e casa nessa região. A Justiça do Trabalho iniciar uma maratona pelas verbas trabalhistas jamais pagas aos trabalhadores de serviços na região. O Ministério Publico atuar junto aos impostos territoriais não pagos e listar as propriedades construídas em locais muito próximos a orla, em desrespeito as normas ambientais. Existe uma oportunidade de dar “nomes aos bois”. A comoção vai passar e as capitanias hereditárias do Litoral Sul de São Paulo continuarão intocáveis.
Querido João: que tragédia a nossa política. Fui Promotor Público (era assim que se chamava) em Ubatuba, entre 1973 e 1976. Atendia a idosos caiçaras trazendo suas “cartas de data”, “registro do vigário” e outros documentos enrolados em plásticos, pois já era “Ubachuva”. Alegavam perseguição por parte dos especuladores imobiliários. Citavam Severo Gomes. Não sei se ele fazia parte disso ou não. Um dia puseram fogo no Cartório, para destruir uma procuração que poderia prejudicar Ivete, a chamada “Loba do Mar”. Eu tinha de investigar e pedi apoio para a Procuradoria Geral da Justiça, que me enviou Sérgio Paranhos Fleury. Ele ficou hospedado na casa de Ivete. Foi então que me inscrevi para o Concurso da Magistratura e deixei Ubatuba. Desde então, as coisas lá só pioraram. Seu artigo deveria ser lido em todas as escolas e não só do Litoral Norte.
Onde está o Ministério Público que permite as admirações públicas liberarem as construções nas áreas de risco. Gastar os recursos dos “royalties” para treinar as equipes da Defesa civil é enxugar gelos com toalha quente. Precisamos primeiro parar, proibir de construir nas áreas de risco, áreas vulneráveis, depois remover toda população que residam nessas áreas de risco. Para tanto precisamos responsabilizar os administradores públicos arcando com os próprios recursos para ressarcir essas despesas com atendimento, socorro e reconstrução.
João,
Minha parca esperança era que desta vez o ministério público fosse agir. Mas pela sua matéria nada vai mudar. As administrações das quatro cidades precisam prestar contas à sociedade. O que fazem com o royalties que recebem?
Parabéns pela crítica contundente e corajosa. Esse ano, ao menos em Bertioga, os IPTUs vieram bem mais caros, os que vivem em casas menos sujeitas a esses desastres ajudam a arrecadar dinheiro que deve ser usado prá tudo menos na prevenção em áreas críticas, deixando à mercê de uma ocupação desenfreada, que parece favorecer os que têm menos recursos, mas só faz aumentar a massa de risco. Nosso país tem um problema moral sério, antes mesmo de discutir capacidade administrativa dos administradores públicos e autoridades que devriam exercer maior vigilância.
Sou de Caraguatatuba, li atentamente seu comentário e concordo plenamente com tudo, a falta de caráter, ambição desvalida dos poderosos e ricos às custas do dinheiro público é que arrasa com nosso litoral. Ninguém se preocupa com os menos desfavorecidos e tão pouco com nosso litoral. É lamentável.
No meu entendimento, o pior disso tudo
é a incapacidade das pessoas de bem, e bem esclarecidas por matérias jornalísticas como essa, de fazerem qualquer mudança nesse “estado de coisas”.
É a organização social inteira que está estruturada de forma equivocada, se imaginamos que deveria haver, como regra, instituições com preocupação social, defesa e respeito à vida e aos bens comuns de todos que compõem a nação; mas, como bem descreve a reportagem, não é isso que temos.
Então, como amenizar também o nosso sofrimento, de pessoas como eu e você que, vemos tudo isso acontecer, conhecemos os verdadeiros responsáveis, mas sabemos serem “intocáveis”?
Como mudar isso, em pouco tempo?
Como não ficarmos apenas assistindo, deixarmos o conforto de nossas posições individuais, de sermos apenas expectadores desse teatro de horror e escrevermos um novo roteiro e encenarmos uma nova peça?
Não consigo, não tenho competência intelectual para tal empreitada, mas tenho força para ir à luta se for convocado, se vislumbrar liderança e idéia exequível!
A corrupção é e será o modo operante da maioria dos políticos, prefeitos, governadores, e etc, a busca pelo dinheiro dos cidadãos é insana, por isso a lava jato deveria agir em cada município.
A reportagem mostra com clareza os verdadeiros culpados, é hora de se mudar esta realidade colocando nos cargos pessoas honestas e com proposito de usar as verbas para o bem da população. Essa cultura de políticos bandidos se apoderar de municípios e vender as riquezas e destruir o que a natureza levou muito tempo construir, a tragedia anuciada, parece não ter fim, pois todos os anos algum lugar acontece desastres e os prefeitos que estão sempre preocupados com as próximas eleições, sabem que irão ser compensados pelo o estado, e as vidas das pessoas que recebem migalhas vai continuar, aqueles que se foram vai ficar na lembraça. Até quando viveremos essas desgras provocados por verdadeiros bandidos comandando cidades
Tamoios news tb bate de frente com os abusos…e quem mais?
Desculpe mas o pobre tem sua parcelinha de culpa quando troca seu voto por cimento ou bloco.
Vendem o voto quando deveriam cobrar seus direitos a moradia. Afinal os ricos precisam dos serviços dos pobres. Esta é minha visão. Não sou rica nem pobre nem corrupta nem política nem nada. Apenas observo.