Inglaterra, uma no cravo e outra na ferradura, no mar
Os países ricos vivem culpando os outros, mas não dão o exemplo. Além de ser deles a maior parcela de culpa pelo aquecimento global, o bloco europeu não consegue se entender na pesca, contribuindo para a sobrepesca, e subsídios indecentes para a atividade. Veja-se o caso da Inglaterra. De acordo com o site do governo, 38% dos mares ingleses seriam ‘protegidos’. Contudo, matéria do Guardian, mostra que ‘97% das áreas marinhas protegidas do Reino Unido estão sujeitas à pesca de arrasto de fundo’. Ou seja, a pior e mais mortífera forma de acabar com a vida marinha. Mas, pior que isso, arrasto de fundo é responsável por um gigaton de emissões de carbono por ano (ou um bilhão de toneladas métricas). É uma no cravo, outra na ferradura. E tem mais…
País vai proibir plástico de uso único
Matéria da BBC mostra que o país vai proibir itens de uso único, como talheres, pratos e bandejas de poliestireno. Segundo a rede inglesa, ‘Dados do governo sugerem que 1,1 bilhão de pratos de uso único e mais de quatro bilhões de talheres de plástico são usados na Inglaterra todos os anos.’
‘Cada pessoa na Inglaterra usa uma média de 18 pratos descartáveis de plástico e 37 itens de talheres de plástico todos os anos, de acordo com a Defra, enquanto apenas 10% deles são reciclados.’
Não está claro quando a proibição entrará em vigor, mas ela segue movimentos semelhantes da Escócia e País de Gales. A secretária do Meio Ambiente, Thérèse Coffey, disse que a medida ajudará a proteger o meio ambiente para as gerações futuras.
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‘Embora estivessem gratos pela ação, vários ativistas disseram que a medida veio bem depois de medidas semelhantes dos vizinhos da Inglaterra e não abordou de forma ambiciosa a proliferação de plástico descartável, que acaba em aterros sanitários e oceanos e leva décadas para se decompor.’
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A África lidera o banimento de plástico no mundo
E por que criticamos a demora? Porque ainda em 2019, mostrávamos que a África lidera banimento de plástico no mundo. Nesse post, contávamos que Ruanda tem o objetivo de ser o primeiro país livre de plástico. Por suas acões, as Nações Unidas nomearam a capital do país, Kigali, a cidade mais limpa do continente africano, graças em parte a uma proibição de 2008 de plástico não biodegradável.
E não só Ruanda fez o dever de casa há muitos anos. No mesmo post dizíamos que ‘o continente africano está liderando o mundo em regulamentações de sacolas plásticas. Notavelmente, 31 dessas proibições foram aprovadas na África subsaariana, a região mais pobre do globo, como Laura Parker relatou para a National Geographic.’
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Voltemos, então, à Inglaterra para mais uma vez.
‘Reino Unido recebe mais de 100 licitações para novos locais de petróleo e gás no Mar do Norte
No mesmo período em que a secretária do Meio Ambiente exultava que ‘menos plástico ajudaria as futuras gerações’, matéria da Bloomberg anunciava que ‘O Reino Unido atraiu 115 ofertas de 76 empresas para arrendar áreas do fundo do mar em busca de recursos de petróleo e gás, informou a Autoridade de Transição do Mar do Norte em comunicado.’
Será que as futuras gerações ficarão felizes? É certo, porém, que esta medida tem a ver com a Guerra na Ucrânia e suas consequências especialmente na Europa. Ainda assim, é duro aceitar sem reação de perplexidade a declaração do ministro da Energia e Clima, Graham Stuart:
É fantástico ver tanto interesse da indústria nesta rodada, com as licenças concedidas definidas para desempenhar um papel importante no aumento da produção doméstica de energia e na garantia da segurança energética de longo prazo do Reino Unido
Enquanto isso, a Bloomberg diz que ‘Os arrendamentos são o primeiro passo em um processo de anos para potencialmente desenvolver novos recursos de combustíveis fósseis no Reino Unido.’
A agência confirma que a guerra influenciou na decisão, ‘O governo divulgou esta rodada de arrendamento como uma ferramenta fundamental para melhorar a segurança energética após a invasão da Ucrânia pela Rússia.’
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Por outro lado, a Bloomberg demonstra que o mundo ainda vai conviver com a queima de combustíveis fósseis por muitos anos.
‘Mesmo que a perfuração seja bem-sucedida, provavelmente não aumentará o fornecimento doméstico de energia por pelo menos uma década, de acordo com uma análise do ano passado da Wood Mackenzie Ltd.’
Ou seja, se tudo correr bem e não houver acidentes como o da Deepwater Horizon, ‘não aumentará o fornecimento de energia por pelo menos uma década.’
Em outras palavras, trata-se de um plano inglês de longo prazo para prosseguir queimando combustíveis fósseis! Assim têm agido os países ricos. Não por outro motivo, cientistas já duvidam se conseguiremos manter o aquecimento em apenas 1,5ºC até o fim do século. Muito provavelmente, não. E as futuras gerações pagarão a conta.
Mais uma vez, uma no cravo, outra…
O discurso “um mundo melhor” é bonitinho, porem o mundo precisa de energia, nao adianta ficar fantasiando quanto a isso… E de nada adianta amaldiçoar o petroleo sem indicar formas abundantes, limpas e principalmente BARATAS de substitui-lo.