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Ministério do Meio Ambiente: decepção

Ministério do Meio Ambiente: decepção com ‘equipe dos sonhos’

Adalberto Eberhard, do ICMBio deve explicar porque demitiu chefes de UCs que cumpriam bem o seu papel; José Truda Palazzo Jr. foi apenas um sonho na secretaria de Biodiversidade; Eduardo Bim, do Ibama, está na muda. Ricardo Salles, o ministro, por enquanto conseguiu demonstrar ignorância, e arrogância.  Logo depois da nova equipe ser  divulgada por Salles, este site fez um post para comentar a ‘equipe dos sonhos‘. Passados menos de dois meses do novo governo, o sonho acabou. Ministério do Meio Ambiente: decepção.

Adalberto Eberhard, do ICMBio, e as demissões inexplicáveis

O novo presidente do ICMBio deve explicações públicas sobre o real motivo que o levou a exonerar dois chefes de unidades de conservação que vinham cumprindo muito bem o seu papel. O primeiro a ‘ser saído’ foi Felipe Mendonça, chefe do Parque Nacional de Fernando de Noronha, pelo simples fato de ter denunciado abusos do governo de Pernambuco que não respeita o Plano de Manejo do parque. Dias depois foi a vez de Iran Normande, chefe da APA Costa dos Corais, demitido por ter multado, corretamente, um secretário de Bolsonaro (Secretário de Ecoturismo, Gilson Machado Neto – PSL/AL).

O Mar Sem Fim tentou ouvir Adalberto Eberhard, do ICMBio

Mas ele recusou-se a falar. O que fez de tão ruim Felipe Mendonça? Ele vinha reclamando do aumento vertiginoso do número de turistas no arquipélago, e a concessão de alguns alvarás pelo governo de Pernambuco para construção e ampliação de pousadas. As duas questões estão sob investigação do Ministério Público Federal.

Equipe do Ministério do Meio Ambiente. Adalberto e o chefe. Que papelão, Adalberto!

Plano de Manejo

As UCs têm, ou deveriam ter, um Plano de Manejo, documento que norteia seus usos. O PL é o resultado de um profundo estudo feito por peritos sobre, entre outros, a carga máxima de turistas que pode receber sem colocar em risco a unidade. No caso de Noronha este número era de 89 mil turistas/ano. Como a ilha pertence ao Estado de Pernambuco, este não respeita os limites, simplesmente ignora o PL a ponto da ilha ter recebido pouco mais de 100 mil turistas ano passado. Fora o aumento vertiginoso de moradores. Se você procurar saber a população de Noronha, verá o que diz o IBGE:  2.500 pessoas. Engano. Estima-se em 7.500 a população!!  Era contra esse disparate que Felipe reclamava. Fernando de Noronha tem sérias limitações. Apenas 53% das casas têm esgoto coletado. O lixo se espalha pela ilha. Não é incomum haver derrame de chorume em suas praias.

E para o Parque Marinho de Fernando de Noronha, não vai nada?

O PARNAM de Fernando de Noronha é uma glória que pertence a todos os brasileiros. Uma ilha espetacular, com as praias mais lindas do mundo, que foi transformada em Parque Nacional para o bem de todos. Mas hoje, os órgãos encarregados de cuidarem dela não têm sequer um plano para evitar a decadência em que está. Aliás, o MMA sequer considera a decadência da UC. É muito triste assistir este descaso com um ícone dos patrimônios naturais do País. Vamos cobrar esta ação dos responsáveis enquanto pudermos. E a eles atribuiremos a responsabilidade pelo que ocorrer com a ‘Ilha das Couves do Nordeste‘.

APA Costa dos Corais, demissão abjeta

Ela é a maior UC federal marinha do Brasil. São pouco mais de 400 mil hectares englobando parte dos litorais de Alagoas e Pernambuco. O chefe era o analista ambiental Iran Normande. O caso é desprezível. Iran multou um empreendedor que tem uma pousada  na praia em São Miguel dos Milagres (AL). Nela acontece desova de tartarugas. Em razão disso, o PL exige a retirada de tendas ou barracas durante a noite, período em que desovam. O empreendedor foi avisado, mas nada fez. Foi multado em R$ 3.500,00. Você sabe com quem está falando? O empreendedor Gilson Machado Neto, também é ‘amigo dos caras’, melhor dizendo, é Secretário de Ecoturismo de Bolsonaro. O que aconteceu? Prevaleceu o crime. Iran foi  demitido. Este papel foi desempenhado por Adalberto Eberhard, presidente do ICMBio.

José Truda Palazzo Jr., ex-Secretário de Biodiversidade

Esta foi uma grande decepção. Truda, como é mais conhecido, é uma enciclopédia ambiental. Tem mais de 40 anos de bons serviços prestados. É respeitado dentro e fora do País. Pois ele foi convidado pelo ministro para assumir a Secretaria de Biodiversidade do MMA. Era a certeza de que esta gestão seria excepcional. Não durou muito. Um mês depois de ter se mudado para Brasília, Truda foi ‘desconvidado’, e nem ele sabe por quê.

Equipe do Ministério do Meio Ambiente. Truda, o convidado desconvidado.

Ricardo Salles, Ministro do Meio Ambiente

Toda esta baixaria acontece na gestão de Ricardo Salles que, até agora, não disse ao que veio. Parece mais um papagaio de jardim, a imitar  as sandices do chefe, Bolsonaro. Em menos de dois meses ficamos sabendo que ele nunca antes teve a curiosidade de conhecer a Amazônia; é preciso ‘ter o meio ambiente no sangue’ para tanta apatia, hein ministro? Ricardo ainda mostrou-se arrogante e deselegante ao fritar Suely Araújo, ex-presidente do Ibama, pelo simples fato dela ter feito um belo trabalho na gestão Temer.  E, mesmo com Brumadinho, ele continua a defender licenciamentos mais ágeis, e até mesmo o ‘auto- licenciamento’ de obras que ofereçam riscos. Eita, braziu…

Ministério do Meio Ambiente: decepção

Jair Bolsonaro, ‘o tuiteiro maluco’

Isso que acontece agora, detona a tese dele. De tanto falar mal de temas ambientais, multas, etc, parece que ele ‘mordeu a língua’. Só que para isso, cerca de três centenas de pessoas perderam a vida. Fica nisso mesmo?

É bom já ir se acostumando…Bolsonaro foi multado pelo ICMBio em 2012. Desde então juntou-se aos seus pares do ‘baixo clero’, e passou a atacar tudo que tenha a ver com unidades de conservação, multas ambientais, licenciamento ambiental, etc. Ele assusta até mesmo especialistas mundiais. Tanto é verdade que a revista Science, provavelmente a mais renomada revista científica do mundo, pediu um editorial ao pesquisador Paulo Artaxo que foi muito claro ao demonstrar o risco Bolsonaro para a Amazônia.

Ministério do Meio Ambiente: decepção

Como fizemos post elogiando as primeiras escolhas, sentimo-nos obrigados a deixar nossa posição clara para os 200 mil internautas que frequentam o nosso site mensalmente. Imaginar que um ambientalista do porte de Adalberto Eberhard ia tomar medidas mixas para ficar bem com o chefe, é algo inimaginável; que Truda seria ‘desconvidado’; e finalmente, saber que o ministro do Meio Ambiente jamais colocou os pés na Amazônia até esta semana, em trabalho, é outra situação surreal. A equipe que parecia ser dos sonhos, se mostra dos pesadelos. Tomara que este site esteja errado, mas desta equipe do MMA, não esperamos nada mais. Zero.

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