Corais da Grande Barreira da Austrália sob severo estresse
Em 6 de março de 2024, reportou-se que o fenômeno El Niño, aliado às temperaturas oceânicas já extremas, provocou fortes ondas de calor nos oceanos. Imagine que em torno de Florida Keys o recorde foi 38,43°C! Esta é uma ameaça direta ao mais importante ecossistema marinho, os corais. Em seguida, a NOAA alertou para ‘o pior evento de branqueamento da história’. Agora, em 13/3, o Washington Post publicou Fatal heat wave strikes unspoiled swath of Great Barrier Reef (Onda de calor fatal atinge faixa intocada da Grande Barreira de Corais). Scott Dance, o autor, informa que ‘os corais da Grande Barreira estão sob pressão sem precedentes e, em alguns pontos, fatal, à medida que o implacável calor do verão na Austrália se estende até o início do outono’.
Sul da Grande Barreira atingida em cheio
O evento de branqueamento parece ser o pior já registrado em seções do sul do recife de 1.400 milhas de comprimento. E pode trazer as primeiras mortes significativas de corais da região.
De acordo com Scott Dance, ‘os dados de temperatura da água sugerem que o número de mortes pode se aproximar do de 2016, quando cerca de 30% dos corais do recife morreram depois de sofrer o que eram níveis sem precedentes de estresse térmico’.
Na Grande Barreira de Corais, a sucessão relativamente rápida de tais eventos de branqueamento extremo é um sinal claro da mudança climática causada pelo homem, disse David Wachenfeld, diretor de pesquisa do Instituto Australiano de Ciências Marinhas. Não há evidências de branqueamento em massa ocorrendo antes de 1998, mas, desde um episódio daquele ano, as ondas de calor marinhas retornaram com frequência crescente, em 2002, 2016, 2017, 2020 e 2022.
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“Más notícias sobre a Grande Barreira de Corais”
As autoridades australianas declararam a emergência na primeira semana de março. Em um vídeo postado nas redes sociais, Tanya Plibersek, ministra do Meio Ambiente e da Água, chamou as últimas “más notícias sobre a Grande Barreira de Corais”, um sinal alarmante do risco que a mudança climática representa “para os recifes de coral em todo o mundo”.
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Por falar nisso, o pessoal do ICMBio já percebeu que os corais do Brasil estão ameaçados pelo mesmo motivo. O Cepene – Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste – alertou que a biodiversidade marinha da região está “enfrentando o que possivelmente vai ser um evento de grandes proporções”.
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, unidade de conservação que protege 3 mil km de corais, já foi atingida, assim como Abrolhos, entre outras.
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Pesquisas aéreas e missões de mergulho para avaliar a extensão da crise ainda estão em andamento. Entretanto, até agora mostram um grave branqueamento – quando os corais expulsam algas que normalmente vivem dentro de seus tecidos – e já alguma mortalidade.
O branqueamento é tipicamente um sinal de alerta, em vez de uma garantia de que os corais vão morrer. Depois de um evento de branqueamento, eles podem se recuperar. Contudo, neste caso, o estresse térmico é tão extremo que Hughes disse que há pouca dúvida de que a mortalidade será generalizada. O número total de mortes não ficará claro por talvez seis meses, disse ele.
Wachenfeld disse que dois terços do recife foram pesquisados. Porém, o mar muito agitado impede que os cientistas inspecionem o resto do vasto sistema, seja por via aérea ou em missões de mergulho.
Patrimônio da Humanidade
Para a Unesco, a Grande Barreira é um local de notável beleza na costa da Austrália. Contém a maior coleção de recifes de coral do mundo, com 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e 4.000 de moluscos. Tem ainda grande interesse científico por ser habitat de espécies como o dugongo (menor membro da ordem Sirenia, uma ordem de mamíferos marinhos que inclui o peixe-boi) e a grande tartaruga verde, ameaçada de extinção. Por estes motivos, desde 1981 é considerada Patrimônio da Humanidade.
O pior de tudo é que, como o planeta está aquecendo, estes eventos de branqueamento tendem a ser mais frequentes. Isso significa que os corais dos oceanos estarão em perigo de morte por muito tempo. Se eles morrerem de fato, morre junto grande parte da fauna marinha. Cerca de 25% das espécies de peixes dependem dos corais para sobreviver.
Assista ao vídeo ‘Mass coral bleaching stretching south of Great Barrier Reef | ABC News’
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