Aves, declínio de quase 30% nos Estados Unidos e Canadá desde 1970. Motivo? Perda de habitat e pesticidas…
“O número de aves nos Estados Unidos e no Canadá caiu 29% desde 1970, relataram cientistas em setembro de 2019. Atualmente, existem 2,9 bilhões de aves a menos do que há 50 anos. A análise, publicada na revista Science, é a tentativa mais exaustiva e ambiciosa de aprender o que está acontecendo com as populações de aves. Os resultados chocaram pesquisadores e organizações de conservação.”
Assim o prestigioso New York Times abre sua matéria. Pois é, os problemas ambientais neste mundo superpopuloso não são exclusividade do Brasil, apesar do atual presidente considerá-los perseguição.
Sumiço das aves na América do Norte: “uma crise completa”
NYT: “Em comunicado divulgado, David Yarnold, presidente e executivo-chefe da Sociedade Nacional Audubon, classificou as conclusões de “uma crise completa”. Os especialistas sabem há muito tempo que algumas espécies de aves se tornam vulneráveis à extinção. Mas o novo estudo, baseado em uma ampla pesquisa com mais de 500 espécies, revela perdas acentuadas, mesmo entre aves tradicionalmente abundantes, como os pardais.”
Perda de habitat e o uso mais amplo de pesticidas
NYT: “Provavelmente, existem muitas causas, das quais as mais importantes incluem a perda de habitat e o uso mais amplo de pesticidas. Kevin Gaston, um biólogo de conservação da Universidade de Exeter, disse que novas descobertas sinalizam algo maior no trabalho: “Essa é a perda da natureza”.
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A Scientific American também repercutiu: “Rosenberg diz que a explicação envolve a mudança de práticas agrícolas. “A intensificação da agricultura acontece em todo o mundo, [como] o aumento do uso de pesticidas. E até das pradarias nativas” em terras cultiváveis, diz ele.
Essas mudanças afetam as aves das pastagens de inúmeras maneiras: pesticidas amplamente utilizados matam insetos dos quais algumas aves dependem como alimento. E a exposição a esses produtos químicos pode atrasar a migração. Converter terras para uso agrícola remove habitat de nidificação. As aves costeiras – que nidificam em áreas suscetíveis ao desenvolvimento e às mudanças climáticas e cujos números já eram perigosamente baixos em 1970 – caíram mais de um terço.”
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‘Aves das zonas úmidas se recuperaram graças a caçadores’
Esta informação vai levantar a ira dos ‘ambientalistas de escritório’. Mas é confirmada pelos autores do novo estudo. Lembrando que a caça não só é permitida, como promovida nos Estados Unidos (a pesca esportiva, também).
À elas, Scientific American: “Um ponto positivo é que as aves das zonas úmidas tiveram recuperação, impulsionadas pelo aumento de aves como patos, gansos e cisnes. “É por causa do forte eleitorado de caçadores de aves aquáticas que levantaram a voz. Eles colocaram dinheiro onde ficam suas cevas para a caça. E cuidaram para que programas e políticas de conservação fossem implementados”, diz Rosenberg. “Bilhões de dólares foram investidos em áreas úmidas e em refúgios de vida selvagem. Todas essas coisas foram responsáveis pela reviravolta.“
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NYT: “As espécies comuns de aves são vitais para os ecossistemas, controlando pragas, polinizando flores, espalhando sementes e regenerando florestas. Quando essas aves desaparecem, seus antigos habitats geralmente não são os mesmos.”
“Os declínios do pardal comum ou outro pequeno pássaro marrom podem não receber a mesma atenção que as perdas históricas de águias, mas terão muito mais impacto”, disse Hillary Young, bióloga da conservação da Universidade da Califórnia, Santa Barbara, que não participou da nova pesquisa.”
A ajuda de ornitólogos
NYT: “Durante décadas, os ornitólogos têm sido assistidos por um exército de observadores amadores. Eles enviam observações para bancos de dados. E ajudam a realizar pesquisas de populações. No novo estudo, os pesquisadores se voltaram para essas pesquisas para estimar as populações de 529 espécies entre 2006 e 2015. Essas estimativas incluem 76% de todas as espécies de aves nos Estados Unidos e Canadá.”
“Os pesquisadores usaram registros de observação para estimar a população de cada espécie desde 1970, o primeiro ano para o qual existem dados. “Essa abordagem de combinar estimativas de abundância populacional em todas as espécies e procurar uma tendência geral é sem precedentes”, disse Scott Loss, biólogo de conservação da Universidade Estadual de Oklahoma que fez parte do novo estudo.”
“Ficamos surpresos com o resultado – é impressionante”
“Ficamos surpresos com o resultado – é impressionante”, disse Kenneth V. Rosenberg, cientista da conservação da Universidade Cornell e da American Bird Conservancy, e principal autor do novo estudo. “Não é apenas esses pássaros altamente ameaçados que tememos que estejam na lista de espécies ameaçadas”, disse ele. “É do outro lado da linha.”
Três bilhões de aves a menos
“Rosenberg disse que ficou surpreso com o quão generalizada era a queda da população. Até estorninhos – uma espécie que se tornou uma praga de rápido crescimento após sua introdução nos Estados Unidos em 1890 – diminuíram em 83 milhões de aves, um declínio de 49%.”
Pesticidas e agricultura
NYT: “O novo estudo não foi projetado para determinar por que os pássaros estão desaparecendo. Mas os resultados – bem como pesquisas anteriores – apontam para possíveis culpados, disse Rosenberg. As espécies de pastagens sofreram os maiores declínios de longe, tendo perdido 717 milhões de aves.
Esses pássaros foram dizimados pela agricultura e desenvolvimento modernos. “Todo campo que é lavrado e toda área úmida que é drenada, perde pássaros nessas áreas”, disse. Além da perda de habitat, os pesticidas podem ter causado danos. Estudo publicado recentemente,descobriu que pesticidas chamados neonicotinóides dificultam o ganho de peso necessário para as aves.”
‘Produtos químicos restritos’
NYT: “A enorme escala do declínio das aves significava que pará-lo exigiria imenso esforço, disse Young, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara. Habitats devem ser defendidos, produtos químicos restritos, redesenhados. “Estamos usando demais o mundo, por isso está afetando tudo”, disse ela. A Sociedade Audubon está pedindo a proteção de habitats ricos em pássaros, como os Grandes Lagos e a Bacia do Rio Colorado, bem como a manutenção da Lei do Tratado de Aves Migratórias, que o governo Trump está tentando reverter.”
Problema não se restringe à América do Norte. Na Europa, também acontece
NYT: “A Europa está passando por uma perda semelhante de aves, também entre espécies comuns, disse o Dr. Gaston, da Universidade de Exeter. “Os números são amplamente comparáveis”, disse ele.”
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E agora?
E, agora? Será que Trump e Justin Trudeau insultarão a mulher de algum presidente? Definitivamente, o caminho não é este. O único caminho é a união entre governos e sociedades. Desunião só piora mais ainda.
O Mar Sem Fim insiste que estes fatos, seja na Amazônia, América do Norte, ou Europa, também dependem de nossa ação isolada. Somos oito bilhões de pessoas no mesmo ‘trem’. Um ‘trem’ que talvez não tenha capacidade para transportar tanta gente. Já é mais que sabido que o consumo exacerbado destrói a biosfera.
A capacidade de reposição da biosfera
Consumimos duas ou três vezes mais que a capacidade de reposição dos variados ecossistemas terrestres. Esta é a realidade. Compete a nós a procura de uma solução.
Não é justo entregar uma montanha de lixo às futuras gerações. Uma das possibilidades seria levar mais a sério a complexa questão do controle de natalidade. Outra, é que cada um faça sua parte em vez de culpar o outro. Já seria um bom começo.
Imagem e abertura: David Goldman/Associated Press
Fontes: https://www.nytimes.com/2019/09/19/science/bird-populations-america-canada.html; https://www.scientificamerican.com/article/silent-skies-billions-of-north-american-birds-have-vanished/.
E na América Latrina do mundo???