As orcas estão ficando mais inteligentes?
Em outubro de 2023, a Live Science publicou uma matéria impressionante da bióloga Sascha Pare. Vários veículos de mídia internacionais replicaram o texto. O título era provocativo, Orcas are learning terrifying new behaviors. Are they getting smarter? (Tradução: “As orcas estão aprendendo novos comportamentos aterrorizantes. Elas estão ficando mais inteligentes?”). Sascha explorou a curiosidade gerada pelas orcas ao interagir com veleiros na Península Ibérica. Ela reuniu fatos menos conhecidos para destacar a evolução desses animais marinhos.
Conheça o animal
Segundo informações da NOAA a orca é o maior membro da família Delphinidae, ou golfinhos. Os membros desta família incluem todas as espécies de golfinhos, bem como outras espécies maiores, como baleias-piloto, cujos nomes comuns também contêm “baleia” em vez de “golfinho”. Encontradas em todos os oceanos, são os mais amplamente distribuídos de todos os cetáceos.
Várias populações diferentes e ecótipos de orcas são encontrados. A NOAA Fisheries estima o tamanho da população em cerca de 50.000 em todo o mundo. Aproximadamente 2.500 orcas vivem no leste do Oceano Pacífico Norte – lar das populações mais bem estudadas.
Nas últimas décadas, várias populações diminuíram e algumas se tornaram ameaçadas de extinção. A expectativa de vida média é de cerca de 30 anos, mas elas podem viver até pelo menos 60 anos. As fêmeas geralmente vivem cerca de 50 anos, mas podem viver até pelo menos 90 anos na natureza.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemVírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo aforaArquipélago de Mayotte, no Índico, arrasado por cicloneAcidente com dois petroleiros russos ameaça o Mar NegroAs maiores ameaças são a poluição marinha, incluindo a poluição sonora, emaranhamentos em redes e outras artes da pesca, e os contaminantes que entram nas águas oceânicas como estações de tratamento de águas residuais, e aplicação de pesticidas.
Março de 2019, costa do sudoeste da Austrália
Além disso, os cientistas entendem que as orcas formam sociedades matriarcais com comportamentos distintos entre grupos e gerações. Essa informação foi reforçada pelo pesquisador brasileiro Marcos Cesar de Oliveira Santos, do IO-USP, em recente podcast.
Técnicas de ataques diferentes para situações diversas
No entanto, Sascha Pare levanta uma questão importante: alguns comportamentos observados pelos pesquisadores podem ser antigos. Michael Weiss, ecologista comportamental e diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa de Baleias em Washington, observou: “Com mais câmeras e barcos, começamos a ver comportamentos que antes não eram notados.”
Comendo línguas de baleias e fígados de tubarões
Uma observação recente, destacada por Sascha, justifica o termo “comportamentos aterrorizantes” usado no título da matéria. Durante os ataques a baleias azuis, observadores notaram que as orcas inseriam suas cabeças dentro da boca das baleias vivas para se alimentarem de suas línguas.
Maldade? Não, maldade é atributo do ser humano, o único ‘animal’ que mata por prazer, em outras palavras, sem justificativa. Sascha foi buscar a explicação com Robert Pitman:
“As orcas, como os humanos, têm preferências alimentares. Ao atacar grandes baleias, elas geralmente visam a língua primeiro, e às vezes, é só o que comem.”
Interação com barcos, ou brincadeira?
Nas diversas matérias que li sobre as ‘interações’ com barcos, os especialistas apostaram em duas possibilidades: a primeira é que talvez algum animal do grupo ao largo da Península Ibérica tenha sido ferido sem querer por um barco, desse modo, passaram a ver outras embarcações como ‘inimigas’. A outra opção seria uma ‘brincadeira’ das orcas. Os mais renomados especialistas falaram sobre as mesmas possibilidades.
Para Giles, além de ser um comportamento lúdico, esse “jogo” pode também servir como uma forma de aprendizado para outros tipos de caça. Esta perspectiva oferece uma visão mais aprofundada sobre a complexidade do comportamento e das estratégias de aprendizagem das orcas.
As orcas não são os únicos animais a caçarem em grupos
Um estudo da Max-Planck-Gesellschaft, uma das principais organizações de pesquisa na Alemanha e conhecida mundialmente por sua excelência em pesquisas científicas, sobre a predação em grupo no reino animal revela a complexidade e a diversidade dessa estratégia de caça. Várias espécies, incluindo leões, piranhas, orcas, formigas, cães selvagens africanos, chimpanzés e algumas aves de rapina, evoluíram para caçar em grupos. Cada espécie utiliza uma combinação de técnicas que incluem estabilidade social do grupo, comunicação entre indivíduos, especialização de papéis durante a caça e compartilhamento de presas.
O estudo descreve a predação em grupos de animais. “A caça em grupo é um dos comportamentos mais fascinantes do reino animal, com uma enorme diversidade de formas diferentes que os animais usam para capturar presas.”
Imagem de abertura: NOAA Fisheries