Indústria do plástico: bancos devem cobrar mais por empréstimo?
Neste início de 2021 o cerco internacional aos veículos movidos a diesel e gasolina parece crescer. A maior ameaça à vida na terra, o aquecimento global, finalmente ganha o destaque que merece. Países como os Estados Unidos, China, Canadá, Japão, Coreia do Sul, além da Comunidade Europeia, anunciam com alarde que lutarão pela neutralidade. Entretanto, e quanto a outro flagelo que enfrentamos, a pandemia de plástico? Indústria do plástico: bancos devem cobrar mais por empréstimo?
Indústria do plástico: bancos devem cobrar mais por empréstimo?
De um lado a Agenda Verde avança no mundo, de outro a ONU pede que os países declarem emergência climática. Mas, e quanto à pandemia de plástico que entope o meio ambiente terrestre e marinho, nada a fazer?
Ao contrário, há muito a ser feito. E, aos poucos, finalmente a mídia internacional começa a colocar o dedo na ferida. Este foi o caso de recente artigo da reuters.com, Bank lending to plastics industry faces scrutiny as pollution concerns mount (em tradução livre, Empréstimos bancários para a indústria de plásticos enfrentam escrutínio à medida que aumentam as preocupações com poluição).
De uma coisa temos certeza, enquanto a indústria do plástico não for também responsabilizada, não haverá chance de mudança. A avalanche de plásticos inúteis que invadem nossa vida, ao lado dos imprescindíveis, é impressionante.
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US$ 1,7 trilhão em financiamento para 40 empresas da cadeia de suprimentos de plásticos
Segundo a Reuters os bancos forneceram US$ 1,7 trilhão em financiamento para 40 empresas da cadeia de suprimentos de plásticos sem, entretanto, impor qualquer exigência para lidar com a poluição que se derrama em aterros, nos rios e oceanos do mundo, de acordo com um relatório recém-publicado.
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Com os bancos europeus e americanos rejeitando cada vez mais os projetos de combustíveis fósseis para ajudar a desacelerar as mudanças climáticas, os ativistas querem que os bancos adotem uma abordagem semelhante aos plásticos, condicionando os empréstimos à medidas para aumentar a reciclagem.
Falta cair o primeiro dominó
Para algumas pessoas do setor o que falta é cair o primeiro dominó. “O que o setor financeiro precisa agora é de alguém que dê um passo à frente e diga ‘ok, vamos dar uma olhada nos plásticos’, e então outros vão seguir”, disse Robin Smale, diretor da Vivid Economics, uma consultoria, que auditou o relatório.
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Cada banco forneceu de US$ 144 bilhões a US$ 172 bilhões em empréstimos e subscrição para empresas de fabricantes de produtos químicos, embalagens e bebidas para varejistas, concluiu o relatório.
Barclays e o HSBC maiores financiadores de plásticos na Europa
O Barclays e o HSBC foram classificados como os maiores financiadores de plásticos entre os pares europeus, emprestando US$ 118 bilhões e US$ 96 bilhões, respectivamente.
O Citigroup referiu à Reuters os compromissos de sustentabilidade existentes. JPMorgan, Barclays e HSBC não quiseram comentar. O Bank of America não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A preocupação do público com o plástico aumentou nos últimos anos, à medida que os cientistas descobriram a contaminação em ambientes antes intocados, desde as profundezas do oceano até o Ártico.
Os bancos ainda não tomaram conhecimento do problema
Parece que o problema não é com eles, mas é. O problema é de toda a humanidade e só será resolvido se for tratado como tal. Não por outro motivo há a possibilidade de surgir um Acordo de Paris sobre o plástico como já comentamos.
O que fazer com cerca de 350 milhões de toneladas de plástico produzidas anualmente, muitas das quais com funções irrelevantes em nossa vida como é o caso de muitas embalagens, e outros plásticos de uso único? Talvez, se doer no bolso da indústria que até agora recusa qualquer ação, possamos começar a pensar numa solução.
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De acordo com o artigo da Reuters, de autoria de Matthew Green, ‘os bancos poderiam combater a poluição do plástico concedendo empréstimos condicionados a esquemas ambiciosos de reutilização e reciclagem e fazendo lobby junto aos governos para apoiar essas medidas, disse o relatório’.