Telefones celulares e fuligem de navios, saiba o que ambos têm a ver
Esta nos pegou de surpresa: você já vai saber o que têm em comum celulares e fuligem de navios (das chaminés). A matéria é do www.hakaimagazine.com.
Se um dia os problemas ambientais tiverem solução, isso se dará em razão da alta tecnologia. A cada dia que passa o Mar Sem Fim mais se convence disso. Hoje, a alta tecnologia já ajuda bastante. Seja para compreender os oceanos com satélites, ou drones usados para fiscalização, seja para retirar o plástico dos oceanos. Mas esta nos pegou de surpresa: você já vai saber o que têm em comum celulares e a fuligem das chaminés dos grandes navios.
A fuligem dos navios
Se você já viu uma embarcação de pesca ou um navio porta-contêiner entrar no porto, deve ter notado uma nuvem de fumaça saindo de sua chaminé. Ao contrário de outros veículos que se tornaram verdes, muitos navios ainda usam diesel ou ‘óleo pesado’, um subproduto do refino de petróleo. A fumaça preta é o carbono não queimado pelos motores. Em termos simples, fuligem. Nova pesquisa feita por Jun Kang na Korea Maritime and Ocean University, Coréia do Sul, encontrou uma maneira de converter a fuligem em grafite – uma forma diferente de carbono amplamente usada em baterias de lítio, que todo computador, e celulares, utilizam. Até agora a fuligem tem sido, na melhor das hipóteses, um incômodo e, na pior, um sério problema de saúde. Segundo estimativas internacionais, os navios emitem mais de um milhão de toneladas de partículas por ano. As minúsculas partículas negras de fuligem podem se depositar nos pulmões de humanos e outros animais, causando problemas.
Transformando fuligem em grafite
A fuligem também entope as máquinas internas dos navios, o ‘cooler’ – dispositivo de motores diesel que resfria os gases de escape antes que eles sejam emitidos para a atmosfera. Toda essa fuligem precisa ser removida periodicamente. Os engenheiros normalmente limpam os tubos a cada três meses. A fuligem é descarregada e descartada. A maneira mais comum de se livrar da praga é queimá-la. Quando aquecida a 400 ° C, se transforma em monóxido de carbono e dióxido de carbono. Mas isso não é bom para o meio ambiente – os gases liberados contribuem para a mudança climática. É por isso que Kang e sua equipe trabalham para descobrir como colocar a fuligem em melhor uso. Grafite e fuligem são compostos do mesmo material básico, átomos de carbono, mas suas estruturas internas são diferentes. A fuligem também contém impurezas – os vários compostos que sobram da queima. Mas sob temperaturas extremas, a fuligem pode se transformar em grafite.
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Em seu estudo, Kang e equipe aqueceram a fuligem extraída do ‘cooler’ de um navio a 2.700 ° C – aproximadamente duas vezes mais quente que lava fresca ou metade da temperatura da superfície do sol. O tratamento térmico queimou as impurezas e fez com que os átomos de carbono produzissem minúsculas partículas de grafite.
Atualmente, o grafite é extraído e, ao contrário de muitas outras matérias-primas para produtos de alta tecnologia, é abundante e barato de se comprar. Portanto, não havia um impulsionador econômico para encontrar uma fonte alternativa para ela. O método de Kang transforma um subproduto poluidor em uma substância potencialmente útil – cuja demanda só aumentará nos próximos anos à medida que o número de dispositivos eletrônicos continuar a crescer.
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Pesquisa promissora
Yuan Yang, cientista de materiais da Universidade de Columbia, em Nova York, cuja pesquisa se concentra em projetar baterias de lítio, considera a pesquisa promissora. “Eu acho que este é um esforço interessante para reciclar um produto residual”. E aponta que as partículas de grafite resultantes são muito pequenas para serem usadas nas baterias como elas são hoje, mas considera que trabalhos adicionais podem resolver o problema. Ele não acha que o custo do grafite reciclado seria muito alto, mas “será necessário muito esforço para comercializá-lo”.
Kang está otimista e espera que quanto mais pessoas aprenderem sobre este trabalho e sua possível aplicação, melhor. Ele ganhará força.
Fonte: https://www.hakaimagazine.com/news/phone-powered-by-ship-soot/.
Caro João, me parece que a correção da principal causa de todos os problemas ambientais do planeta Terra, que é a superpopulação humana, não parece depender de alta tecnologia, mas sim de uma mudança de entendimento e comportamento. Essa mudança, se governos, religiões e indústrias permitissem, viria através da educação ecológica, do entendimento que somos apenas uma dentre as mais de 10 milhões de estimadas espécies que co-habitam este planeta conosco. Jogar toda a responsabilidade para a tecnologia pode nos deixar passivos. Podemos fazer, num nível pessoal, muito pelo planeta. Primeiro, tendo menos filhos. Depois, consumindo menos e melhor. E por aí vai. Paz a todos!