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Uma breve história da pesca, saiba como começou

Breve história da pesca, saiba quando, e como começou…e quando vai acabar

“Os fósseis de peixes encontrados durante escavações arqueológicas parecem mostrar que o Homo habilis e o Homo erectus foram os primeiros pescadores, cerca de 500.000 anos atrás. No entanto, a pesca provavelmente só se desenvolveu realmente após o aparecimento do Homo sapiens durante o período do Paleolítico Superior, entre 40.000 e 10.000 anos a.C.” Uma breve história da pesca, com auxílio do Alimentarium,  é o nosso ponto de partida.

Imagem, https://br.depositphotos.com/.

“Muito pouco se sabe sobre as diferentes práticas de pesca. Naquela época, a pesca de subsistência consistia na captura manual de peixes ou no uso de ferramentas rudimentares feitas de materiais naturais dos quais não havia vestígios. Provavelmente era praticada principalmente por populações estabelecidas perto de lagos e rios. A lança, a rede, a linha e a vara parecem ter aparecido quase simultaneamente no Egito por volta de 3500 a.C.”

A navegação pelo rio Nilo era vital para os egípcios. Tão importante, que a cena de um barco à vela subindo o Nilo acabou estampada nos hieróglifos. Não à toa, foram dos primeiros povos a praticarem a pesca.

Hervé Champollion – Pesca no Egito Antigo, relevo da parede, necrópole de Saqqara, século 24 a.C. © akg-images

Breve história da pesca na antiguidade Greco-Romana

“Durante a Antiguidade Greco-Romana, a pesca foi o assunto principal da Halieutika, o mais antigo tratado de pesca marítima escrito pelo poeta Oppian of Corycus (poeta greco-romano do século II). Os romanos eram grandes consumidores e comerciantes dos recursos da bacia do Mediterrâneo.”

Mosaico Romano produzido no Século II retrata a pesca feita no Rio Nilo.

Já comentamos nestas páginas que cardumes de atuns serviram de alimento para os gregos e, posteriormente, para legiões  romanas. Hoje, estão à mingua…”Eles pescavam principalmente usando diferentes tipos de redes. Como o princípio da refrigeração ainda não havia sido desenvolvido, o peixe que não era consumido imediatamente era fermentado e transformado em garum, um condimento popular.”

Imagem, http://historyconflicts.com/.

“O tema da pesca aparece nas lutas de gladiadores do Império Romano. O retiarius estava armado com um tridente e uma rede de pesca. Seu oponente era o secutor, cujo capacete cobria todo o rosto e lembrava muito a cabeça de um peixe.”

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História da pesca durante a Idade Média na Europa

“Durante a Idade Média na Europa, os senhores feudais eram donos  dos rios e lagos. A pesca no rio era estritamente regulamentada e permitida para pessoas em comunidades religiosas cujas dietas eram pontuadas por períodos de jejum.”

Detalhe de uma miniatura de três homens pescando em um barco estilo viking e capturando em uma rede um peixe duplo – Biblioteca Britânica MS Royal 2 B VII f. 73.

Os primeiros pescadores usavam redes perto da costa. Mas, com melhorias nos dispositivos de navegação e comunicação, a mobilidade dos navios de pesca aumentou bastante. Assim começaram a conquistar os oceanos.

“A partir do século 15, a pesca submarina e o comércio de peixes se expandiram. Os holandeses formaram frotas de drifters de arenque que puxavam uma longa rede de deriva e podiam permanecer no mar por semanas seguidas.”

O Grande Mercado de Peixes, pintado por Jan Brueghel, o Velho (1568 – 1625)

Mas, muito antes da Idade Média, a pesca já era praticada na Europa. O  History Of Fishing diz que “O sul da França tem cavernas e arte rupestre com mais de 16.000 anos e representa animais marinhos e caça submarina com arpões.”

A mesma fonte se refere aos primeiros anzóis: “um dos primeiros anzóis de pesca foi usado pelos nativos americanos da costa da Califórnia entre 7.500 e 3.000 anos atrás. Algumas outras tribos usavam toxinas vegetais para entorpecer o peixe e pescá-lo facilmente.”

E pensar que até hoje a ideia de pescar com bombas permanece, tanto no Brasil como em outros países.

A prática do arrasto começou no século 17

É inacreditável que a prática mais combatida hoje, a pesca de arrasto, tenha começado tantos séculos atrás. E persista matando cada vez mais, sempre arrasando o subsolo marinho, até os dias atuais. “As primeiras embarcações de arrasto apareceram na Grã-Bretanha no século 17, mas a pesca de arrasto expandiu-se rapidamente no século 19, quando as velas foram substituídas pela energia a vapor.”

G. Groenewegen (1789). “Coleção de oitenta e quatro navios holandeses”. J. van den Brink, Roterdã.

“Os barcos se tornaram maiores e mais poderosos, permitindo que eles puxassem redes largas em águas profundas. O comércio de frutos do mar se intensificou. A pequena cidade inglesa de Grimsby tornou-se um dos principais centros de pesca comercial da Europa. Ela foi conectada por uma linha ferroviária direta ao Billingsgate Fish Market de Londres (o maior mercado de peixe do mundo na época).”

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Os primórdios da pesca esportiva

Pescar, como hobby, é algo que também começou mais cedo do que pensávamos: “A primeira menção à pesca recreativa data do século 15. A partir do ensaio “Fysshynge wyth an Angle”, de Dame Juliana Berners, do convento beneditino de Sopwell. Este tipo de pesca tornou-se popular durante os séculos 16 e 17 e era feito em rios e lagos. Quando os primeiros barcos a motor apareceram no século 19, a pesca esportiva começou a ser popular.”

Ilustração do livro Fysshynge wyth an Angle.

Apesar de ter se expandido exponencialmente, a pesca esportiva é das poucas, ao lado da caça submarina, não prejudicial ao estoque de peixes. Ao contrário, ambas geram empregos e renda e mantêm os cardumes.

A pesca no século 20

No século 20, a pesca de arrasto já havia se expandido rapidamente no século 19 com a substituição das velas pela energia a vapor. Até então, o impacto parecia controlado.

Após a Segunda Guerra Mundial, a pesca incorporou massivamente as tecnologias desenvolvidas para a vitória dos Aliados, desencadeando um massacre que só reduziu brevemente durante a pandemia de covid-19.

As redes de pesca, antes pequenas e puxadas manualmente, cresceram exponencialmente com o uso de guindastes hidráulicos, alcançando dimensões equivalentes a até 13 aviões jumbo!

É mole?

Radares e sonares tornaram-se baratos e mais eficientes, descobrindo cardumes onde quer que estejam. As novidades estimularam o crescimento das frotas industriais, que dobraram de tamanho entre 1950 até 2015.

Século 21, o último da história da pesca?

Um mundo mais pacífico fez com que a população aumentasse dramaticamente. Somos hoje oito bilhões de inquilinos na Terra. E, com a superpopulação, cresceram os problemas. A construção de novos bairros aterraram ecossistemas marinhos, incluindo manguezais. Outros, ainda mais vitais, enfrentam graves ameaças, como os corais, que sofrem intensamente com o aquecimento global e a acidificação das águas dos oceanos.

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Ao mesmo tempo, imensos navios pesqueiros começaram a esquadrinhar o alto-mar, uma área antes inexplorada. Essa região, conhecida como res communis usus ou “coisa comum a todos”, tornou-se um tema alarmante no Fórum Econômico Mundial, de 2015.

Não resta dúvida, hoje, que a pesca industrial é das atividades mais insustentáveis do planeta, amparada por  subsídios anuais que atingem até US$ 35 bilhões de dólares,  e que também promovem a sobrepesca.

A indústria se prepara para iniciar a extração mineral em larga escala, gerando alerta entre especialistas que veem nela a pá de cal definitiva. Ao mesmo tempo, os oceanos sofrem com uma pandemia mortal: o plástico!

Não por outro motivo, o relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) de 2018 alertava que ‘cerca de 93% dos estoques pesqueiros mundiais se encontram sobre-explotados ou plenamente explotados (60%)’.

As futuras gerações provavelmente comerão peixes. Mas peixes criados em laboratórios.

Solta um peixe de laboratório…

Felizmente, este escriba terá partido, não sem antes comer um bom e fresco peixe assado.

Imagem de abertura: touregypt.net

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