Disputa pelo tesouro de US$ 20 bi do galeão San José

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Disputa pelo tesouro de US$ 20 bi do galeão San José

Em 1708, navios britânicos encontraram e afundaram o galeão espanhol San José. O navio tripulado por 600 marinheiros levava uma carga de joias, ouro e prata das minas de Potosí, na Bolívia, avaliada hoje em cerca de US$ 20 bilhões. O destino era a Espanha. O San José fazia parte de uma frota encarregada de transportar as riquezas das colônias espanholas, conhecida com os Galeões de Manila. Essa fortuna financiaria a Guerra de Sucessão (1701–1714), iniciada após a morte do rei Carlos II, que deixou o trono sem herdeiro. Em 2015, a marinha colombiana, com apoio do Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), localizou o San José.  Desde então, o naufrágio  ficou conhecido como o “Santo Graal dos naufrágios”.

tesouro do galeão Sam José
Foto publicada pelo El Colombiano com a seguinte legenda: Numa missão realizada em 2022  foi possível ver alguns dos objetos do naufrágio do galeão San José ainda preservados. FOTO: Colprensa

Colômbia tem 1.200 naufrágios em seu litoral

Segundo a Live Science e a BBC News, o governo colombiano calcula que cerca de 1.200 navios estão naufragados em suas águas. A estimativa surgiu após a aprovação de uma lei em 2013. Essa lei declarou todos os naufrágios em território marítimo colombiano como patrimônio nacional. A lista inclui galeões e navios mercantes que afundaram durante séculos de domínio colonial.

Pouco depois da descoberta do San José, outra notícia causou sensação. Encontraram o galeão espanhol Nuestra Señora de las Maravillas.  A descoberta reforça o poderio naval da Espanha naquela época.

Entre os objetos deste naufrágio, destaca-se uma corrente de filigrana de ouro, com 1,76 metros de comprimento com motivos de rosetas e vários pingentes, que pertenceu a uma ordem religiosa de cavaleiros fundada no século XII, a Ordem de Santiago.

Pintura do galeão San José
Pintura do galeão San José. Imagem, www.lmneuquen.com.

A descoberta do San José em 2015, depois da lei de 2013, reforça a posse do galeão pela Colômbia, mas o imbróglio jurídico persiste. O navio está a 600 metros de profundidade. O naufrágio aconteceu perto da costa de Cartagena. Mas a localização exata continua em segredo.

San José: o tesouro mais cobiçado do século XXI

Segundo a edição em espanhol da Deutsche Welle, esse é o naufrágio mais mediático do século XXI, apesar de ter ocorrido há três séculos. Descoberto em 2015, o galeão San José atrai caçadores de tesouros do mundo todo. Ainda há debate sobre quem tem direito à carga valiosa: Espanha, Colômbia, indígenas bolivianos da nação Qhara Qhara que afirmam que as riquezas saíram de suas terras, ou a empresa norte-americana Sea Search Armada.

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Como será feita a recuperação do tesouro

O El Colombiano revelou que depois que o governo anunciou o início da retirada do tesouro do San José começou uma disputa jurídica que ainda não terminou.

A disputa legal sobre o tesouro do galeão San José continua, agora entre a Colômbia e a Sea Search Armada (SSA) apresentando seus casos perante o Tribunal Permanente de Arbitragem em Haia. A Colômbia sustenta que os destroços e seu conteúdo são patrimônio nacional inalienável, enquanto a SSA alega que localizou os destroços em 1982 e tem direito a 50% do tesouro. O tribunal deve decidir sobre o mérito da reivindicação da SSA até o final de novembro de 2025.

moedas de ouro do galeão Sam José
A imagem do Ministério da Defesa da Colômbia mostra parte do tesouro do galeão San José.

A Deutsche Welle conversou com Juan Guillermo Martín Rincón, doutor em Patrimônio Histórico e Natural e especialista em arqueologia pela Universidade do Norte, sobre o  mergulho feito por uma empresa de caça aos tesouros submarinos e suas reivindicações agora.

“Vimos detalhes de moedas e barras de ouro que estão na superfície. Entretanto, esses elementos não são vistos no mosaico apresentado em 2016 por caçadores de tesouros. Não faz sentido que naquele ano não se tenha visto nada, ou muito pouco, da carga do San José, como alguns potes e porcelanas chinesas. Acontece que agora se pode ver mais dos destroços. Isso significa que certamente houve uma intervenção na operação que a empresa de caça ao tesouro realizou em 2016. Essa empresa reivindica agora parte do tesouro por ter encontrado o galeão, mas infringiu a lei com essa alegada intervenção.”

Sea Search Armada disputa tesouro com a Colômbia

Jack Harbeston, diretor-gerente da empresa de salvamento comercial Sea Search Armada, registrada nas Ilhas Cayman, assumiu durante duas décadas uma luta legal para reivindicar metade das riquezas do navio afundado.

Harbeston afirma que ele e um grupo de 100 investidores dos EUA  investiram mais de US$ 12 milhões desde que um acordo foi assinado com a Colômbia em 1979, dando à Sea Search direitos exclusivos para procurar o San Jose e 50% do que eles encontrarem.

A trajetória do San José até o naufrágio

O site lmneuquen conta a história do San José. Relatos da época dizem que o navio tinha três conveses. Media 45 metros de comprimento e 14 metros de boca. Levava 64 canhões para defesa. Em março de 1706, partiu do porto de Cádiz rumo a Cartagena das Índias. A viagem durou um mês. O San Joaquín, navio almirante, e mais 10 cargueiros o acompanharam.

Galeão San José
Pintura a óleo mostrando a explosão do San José. Samuel Scott, domínio público.

A missão do San José era seguir até Portobelo para buscar ouro e prata. Mas questões administrativas e logísticas adiaram o retorno por dois anos. Só em fevereiro de 1708, o capitão José Fernández de Santillán, conde e general, decidiu zarpar. O rei Filipe V recomendou que ele partisse escoltado por uma forte frota de proteção.

Os ingleses, com uma rede de espiões na região, armaram uma emboscada. Esperaram os espanhóis a cerca de 50 km da costa. Queriam capturar o tesouro do San José, mas falharam. A batalha durou horas. Uma explosão interna fez o navio afundar. Quase todos os 600 tripulantes morreram. O tesouro ficou no fundo do mar.

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