Tamar de Sergipe acusa ataques de cães a tartarugas

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Tamar do Sergipe acusa ataques de cães a tartarugas em momento de desova

Em reunião realizada nessa quinta-feira (13), pesquisadores do Tamar de Sergipe informaram ao MPF que, somente nestes primeiros dois meses e meio, já houve oito ataques de cães a tartarugas fêmeas adultas em momento de desova. Os casos ocorrem em todo litoral sergipano, em especial, na Barra dos Coqueiros, da Atalaia Nova até o Pontal da Barra. Segundo o MPF de Sergipe, todas as tartarugas atacadas morreram. Dizem os pesquisadores que há muitos cachorros percorrendo a praia durante a noite, em busca de tartarugas adultas. Moradores afirmam que alguns cães vivem abandonados, enquanto outros usam coleiras, mas ninguém encontrou seus donos até agora.

tartaruga marinha
Tanto esta como a imagem de abertura são do Projeto Tamar.

A superpopulação e seus (des)encontros

A superpopulação mundial cobra um alto preço. A cada dia que passa as áreas onde vivem os animais diminuem de tamanho, o ser humano acaba por ocupá-las e os encontros começam a gerar inúmeros problemas.

As doenças zoonóticas iniciaram nos contatos do ser humano com animais silvestres. De maneira idêntica, o problema de Sergipe deriva do mesmo ponto comum. Mas é preciso combatê-lo com urgência. O Projeto Tamar provou, no Brasil, que a conservação funciona quando bem feita. Há mais de 40 anos eles vêm salvando tartarugas marinhas hoje ameaçadas de extinção.

Sempre digo, com muita felicidade, que durante mais de 20 anos navegando quando jovem era raríssimo ver tartarugas marinhas. Conto nos dedos os poucos encontros. Contudo, hoje, não há vez que alguém saia de barco e não encontre uma ou mais tartarugas. Mérito do Tamar.

Para piorar o caso de Sergipe, o MPF revela que não há locais para destinação de cães que forem eventualmente apreendidos, muito menos local adequado para destinação na grande Aracaju. A questão é grave porque Sergipe é a principal área de desova da tartaruga Oliva no Brasil, e outras espécies, como as tartarugas Cabeçuda, de Pente e Verde, também desovam na região, embora em menor quantidade.

Os ataques não são novidade

Infelizmente, estes casos não são novos. Em 2020 o site do Tamar informava que ‘uma ameaça pouco falada e que tem chamado atenção nos estados de Sergipe e Bahia são tartarugas atacadas por cães domésticos abandonados ou em situação de maus tratos nas praias’.

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‘Quando as tartarugas marinhas sobem às praias para desovar, ficam vulneráveis e é neste momento que os ataques acontecem. As lesões causadas pelas mordidas costumam ocorrer na região das nadadeiras e pescoço, onde o tecido é mais mole/frágil, com isso ocorre muita perda de sangue e os animais acabam morrendo por hemorragia e outras complicações. Além das fêmeas, os ninhos também são depredados por esses animais’.

Apenas uma ou duas em cada mil filhotes chegam na fase adulta

Este é o drama das tartarugas marinhas. Os dados acima são do Tamar, que informa ainda que, ‘nessa fase inicial de vida, as tartaruguinhas desempenham importante papel ecológico para o ecossistema marinho, servindo de alimento para outros animais’.

Em audiência pública, marcada para o dia 4 de abril, sobre os animais de rua de Sergipe, o Projeto Tamar vai falar sobre os ataques de cães abandonados. Enquanto isso, o MPF também vai convidar o Secretário do Meio Ambiente da Barra dos Coqueiros para que o Município aborde a questão no evento.

O procurador da República Ígor Miranda informou aos pesquisadores Marilda Werb e Ederson Fonseca que há uma ação em cumprimento de sentença – fase que visa dar efetividade a uma decisão judicial -, na Justiça Estadual, e que vai comunicar os fatos à promotora de Justiça responsável.

Só o que podemos dizer é que a presença do MPF de Sergipe neste encontro, e suas ação já são um grande alívio. Atualmente o único setor público que NÃO abandonou o litoral, caso do MMA, é o Ministério Público. Temos que agradecê-lo.

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