Sealand, uma micronação na costa da Grã-Bretanha
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha construiu grandes fortes marítimos nas margens de suas águas territoriais, a três milhas náuticas da costa, para se proteger contra uma invasão da Alemanha. No entanto, eles construíram a Fort Roughs Tower além de suas águas territoriais, sem dúvida sem suspeitar da crise “internacional” que acabaria por vir. Em 1967, o major Paddy Roy Bates ocupou a ilha e a declarou um principado soberano, apropriadamente chamado de “Sealand”. Nas últimas quatro décadas, Bates e sua família, com visitantes rotativos, ocuparam a ilha, se autodenominaram realeza e passaram a viver como chefes de estado. Encontramos esta saborosa história no Atlas Obscura.

Nós pensávamos que a maluquice de criar um país no mar só poderia vir da cabeça de um anarquista italiano, Giorgio Rosa, que fundou a Ilha das Rosas para chamar se seu. Mas, pensando bem, felizmente a humanidade ainda produz gente como Paddy Roy Bates e Giorgio Rosa, o mundo fica bem mais interessante com eles.

Emissão de passaportes, moedas, e outras maluquices
Assim como Giorgio Rosa, o major Paddy Roy Bates brigou muito com seu antigo país, a Grã-Bretanha. Bates disparou contra a Marinha Britânica, emitiu passaportes, cunhou moedas e participou em eventos desportivos internacionais.
Entretanto, a maioria destes eventos não teve final feliz. Por exemplo, devido à existência de tantos passaportes falsos de Sealand, a família real invalidou todos os passaportes do ‘país em 1997, incluindo os que eles próprios tinham emitido.
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Segundo o site, Fort Roughs Tower estava situado em alto-mar, mas foi abandonado. Do ponto de vista jurídico, constituía um território extranacional.
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O nascimento de Sealand
Após consultar seus advogados, Roy decidiu declarar essa ilha fortificada como o estado independente de “Sealand”, reivindicando “Jus Gentium” (“Lei das Nações”) sobre uma parte do globo que era “Terra Nullius” (Terra de Ninguém).

Em 2 de setembro de 1967, acompanhado por sua esposa Joan, seu filho Michael (14), sua filha Penelope (16) e vários amigos e seguidores, Roy declarou o Principado de Sealand. Ao fundar o país, hastearam uma bandeira recém-desenhada e, num gesto romântico, concederam à esposa um novo título: “Princesa Joan”.
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De acordo com o site oficial, depois de várias tentativas fracassadas de capturar a fortaleza pela força, a Marinha Britânica aparentemente desistiu.
Entretanto, uma incursão de um navio do governo do Reino Unido nas águas de Sealand levou o príncipe Michael a tomar medidas defensivas por meio de tiros de advertência em sua proa. O príncipe ainda era um cidadão britânico, assim foi acusado de crimes extensivos após seu retorno à Grã-Bretanha e convocado para um tribunal inglês.
O resultado deste processo foi um sucesso espetacular para a reivindicação de Sealand à soberania. No seu acórdão de 25 de Novembro de 1968, o tribunal declarou que não era competente no caso de Roy e Michael de Sealand, uma vez que não podia exercer qualquer jurisdição fora do território nacional britânico.
Assim, em 25 de setembro de 1975, o príncipe Roy proclamou a Constituição do Principado de Sealand.
Golpe de Estado em 1978
Em agosto de 1978, vários homens holandeses e alemães vieram para Sealand a serviço de um empresário alemão. Eles faziam uma visita sob o disfarce de uma proposta de negócio, mas eram de fato mercenários altamente treinados.
Enquanto o príncipe Roy estava fora, eles sequestraram seu filho Michael. Os terroristas amarraram as mãos e os pés do príncipe, segurando-o cativo por vários dias antes de eventualmente transferi-lo contra sua vontade para um arrastão de pesca.
Conceberam imediatamente um plano para recapturar Sealand, com o codinome Operação Trident. Chamaram os cidadãos mais leais e altamente treinados e criaram a lendária “Unidade Especial da Marinha”. Executaram a operação poucos dias depois, que envolveu um assalto de helicóptero de madrugada e culminou na rendição incondicional dos invasores.
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A Convenção de Genebra
A história que mais parece ficção está no site oficial do Principado. E conta que o príncipe Roy libertou os cidadãos, quando a guerra acabou, cumprindo o que determina a Convenção de Genebra.
O cidadão alemão, no entanto, era titular de um passaporte Sealand. Por causa disso, ele foi julgado por traição. Considerado culpado, foi preso por um longo período na prisão de Sealand, no fundo da Torre Norte. Depois disso, em um ato sensacional de reconhecimento da soberania, a Alemanha enviou um diplomata diretamente para Sealand via helicóptero para negociar a libertação de seu cidadão.
Depois de uma tentativa fracassada de fazer de Sealand um hub de servidores de internet, o que permitiria aos usuários operar livres de restrições de censura impostas por outras nações, o principado passou a reunir ‘uma comunidade próspera de todo o mundo que se une através de uma filosofia compartilhada de liberdade, autodeterminação e aventura. Para ajudar nosso desenvolvimento, oferecemos orgulhosamente um título de nobreza de Sealand a quem quiser participar’.
O site oficial encerra acrescentando que ‘alcançamos o status de ser um dos países mais amigos do mundo. 99,9% da nossa eletricidade é proveniente de fontes renováveis, utilizando uma combinação de turbinas eólicas e painéis solares. Todo o nosso abastecimento de água doce é colhido a partir de chuvas, o que é abundante no Principado’.
Para saber mais sobre Sealand assista ao vídeo oficial









