Porta-aviões Minas Gerais, triste fim na Índia: retalhado como sucata

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Porta-aviões Minas Gerais, triste fim na Índia: retalhado como sucata

Encontrei esta matéria pesquisando na web. Muito bem feita, ela recapitula a história do porta-aviões Minas Gerais nosso primeiro navio lançador. Antes de mais nada, ele faz parte da história náutica brasileira razão pela qual pedi e obtive autorização para publicá-la, acrescentando fotos e informações. Vamos a ela mas, antes, a opinião de um especialista:

uma Marinha que tem um porta-aviões tem um bom problema. Pior seria se não o tivesse (vide a derrocada da Armada Argentina (ARA) após dar baixa no seu 25 de Mayo).

(Por: http://tecnodefesa.com.br/opiniao-porta-avioes-um-bom-problema/)

imagem do Porta-aviões Minas Gerais lançando avião
Foto de CMG José Lisboa Freire

Por Alex Castro, Ciência e tecnologia.

Para começar, o Navio-Aeródromo Ligeiro Minas Gerais (A-11) serviu em três marinhas de guerra ao longo de cinquenta e seis anos e, além disso,  foi o primeiro porta-aviões da Armada brasileira. Contudo, encontrou seu fim ao lado de tantos outros bravos guerreiros do mar nas impiedosas praias de Alang, Índia. Ou seja, o maior centro mundial de sucateamento de navios.

imagem do Porta-aviões Minas Gerais em santos
Foto de: CMG José Lisboa Freire

No Reino Unido: símbolo de liberdade, Porta-aviões Minas Gerais

O HMS Vengeance (R-71) foi construído entre 1942 e 1945 no Reino Unido, para ser usado contra os japoneses, no Pacífico. Entretanto, não chegou a entrar em combate. O navio estava em Sidney, Austrália, quando veio a paz (Conheça uma breve história dos porta-aviões).

Primeiro navio britânico a entrar em Hong Kong após o armistício, foi onde os japoneses assinaram sua rendição e serviu de base aliada para a reconstrução da cidade. Assim, durante mese foi o símbolo mais concreto e visível que a guerra finalmente terminara. E que a vida, em breve, voltaria ao normal. Até hoje, o Vengeance, o nosso Minas, é lembrado com carinho pela população de Hong Kong.

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imagem do HMAS Vengeance, a serviço da Austrália.
O Minas Geraes.

Na Austrália: substituto temporário

Porém, teve curta carreira na Marinha Britânica. Em 1952 foi emprestado à Marinha Australiana por quatro anos. Os australianos tinham comprado um porta-aviões britânico cuja construção estava bastante atrasada: “usem esse enquanto o seu não fica pronto”, disseram os ingleses.

Agora, com o novo prefixo HMAS (Her Majesty’s Australian Ship), o Vengeance mais uma vez quase entrou em combate na Guerra da Coreia. Chegou a ser preparado. Mas, ao final, mandaram outro navio.

imagem do HMAS Vengeance, a serviço da Austrália.
HMAS Vengeance, a serviço da Austrália.

No Brasil Porta-aviões Minas Gerais: orgulho da frota

Devolvido ao Reino Unido em uma época de vacas magras e cortes orçamentários, o Vengeance foi, finalmente, descomissionado. Dessa forma, acabou vendido ao Brasil por nove milhões de dólares. Era uma época de euforia por aqui. Estávamos construindo uma nova capital e, agora, comprávamos um porta-aviões, o primeiro de uma marinha latino-americana. Além disso, JK tinha enfrentado forte oposição das forças armadas e o Minas era uma excelente maneira de ganhá-las com mel, não com vinagre.

Minas Gerais: 50 anos de serviços prestados ao Brasil

Em seguida, foi rebatizado Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas Gerais (A-11). O Minas Gerais nos deu cinquenta anos de serviços. Foi o capitânia, ou seja, o navio mais importante da Armada Brasileira (Saiba qual navio da MB é a nau-capitânia hoje). Entrávamos, desse modo, no seleto grupo de países com porta-aviões, grupo que hoje inclui somente nove membros.

A diplomacia e o comércio internacional, sem forças armadas por trás, são somente exercícios de retórica. O Brasil sempre soube que não podia ter forças armadas capazes de encarar os Estados Unidos, ou outras potências. Entretanto,  não podia se dar ao luxo de não ter forças armadas capazes de projetar nosso poder em Angola ou na Argentina por exemplo. Na verdade, forças armadas são o único tipo de seguro que uma nação pode ter: você gasta aquele dinheiro e torce pra não usar (conheça também nosso segundo porta-aviões, o NAe São Paulo).

Uma espada nunca desembainhada

Felizmente, nunca precisamos usar o bravo Minas Gerais. O mais perto que chegamos foi durante a Guerra da Lagosta, quando toda a Marinha do Brasil foi mobilizada para encarar os franceses. Mas, o Minas, recém-chegado ainda não estava em condições de navegar.

Minas Gerais: último porta-aviões ligeiro da Segunda Guerra Mundial

Cinquenta e seis anos depois de construído, o porta-aviões Minas Gerais foi, finalmente, descomissionado em 2001. Era o último dos porta-aviões ligeiros da Segunda Guerra Mundial ainda ativo. E além disso o mais antigo porta-aviões em operação. E, mesmo tendo passado por três marinhas em um século convulsionado, na interessantíssima expressão inglesa, never fired a shot in anger, ou seja, “nunca disparou irritado”, querendo dizer que jamais participou de combates. Dessa forma,  todos os tiros que disparou foram em treinamentos ou simulações.

Porta-aviões Minas Gerais
Porta-aviões Minas Gerais, já sem o número A-11 pintado no casco, saindo rebocado do Rio de Janeiro em sua última viagem.

Minas Gerais, sacrificado como um cão

Enquanto isso, ninguém quis o velho porta-aviões Minas Gerais onde tantos homens suaram por tanto tempo. A associação de ex-tripulantes britânicos tentou comprá-lo para que fosse um museu flutuante. Contudo, não conseguiram levantar o dinheiro. (Essa página traça uma cronologia dos últimos meses do Minas e dos muitos esforços para salvá-lo.) Então, em julho de 2002 foi vendido por cerca de dois milhões de dólares para um estaleiro chinês.

Logo depois, como um velho cachorro já sem controle sobre as próprias pernas, o porta-aviões Minas Gerais saiu do Rio de Janeiro rebocado, abandonando assim a baía que foi sua casa por quarenta anos. Por último, navegou em direção à eutanásia nas areias de Alang, Índia .

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A distópica praia de Alang

Alang é um dos lugares mais infernais e desagradáveis, distópicos e apocalípticos do mundo (Conheça o desmanche de navios de Alang, o maior do mundo). Quilômetros e quilômetros de praias repletas de destroços, diante das quais navios desenganados se amontoam, enquanto aguardam sua vez diante da faca do açougueiro.

Então, encalham naquelas areias imundas e são prontamente desmembrados por uma multidão de gente desesperada e desesperançada, sem ferramentas e sem segurança, que se atiram sobre os navios como gafanhotos desesperados.

E esse foi o triste fim do nosso Minas.

Fonte principal: www.papodehomem.com.br, e mais; http://www.naval.com.br; http://tecnodefesa.com.br/; https://www.youtube.com/watch?v=4-eliNoIiek.

Assista ao vídeo sobre o Porta-aviões Minas Gerais (inclusive seu desmonte):

Minas Gerais (A-11), o melhor porta-aviões que o Brasil já operou

Uma breve história da pesca; saiba como, e quando começou, e quando vai acabar

Comentários

87 COMENTÁRIOS

  1. Jorge Luiz
    Servi no Nael como Marinheiro (1990 a 1991), Cabo (1994 a 1998) e Sargento de 2000 a 2002.
    Lembro com nostalgia do navio que escolhi para seguir minha carreira na MB e que pude aprender a valorizar o trabalho e companheiros que ali conquistei. No Nael iniciei minha carreira e pude, infelizmente, acompanhar de perto suas últimas missões, fui auxiliar do CRUCAV e no Grupo de Manutenção, Sargenteante do CAV,
    Quis o destino que não eu estivesse lá na sua partida, desembarquei meses antes.
    cumprimos nossa missão, ele também. BRAVO ZULU!!!!!!

  2. Visitamos o Porta aviões Minas Gerais em 1984 como arte do prêmio oferecido pela marinha no projeto OPErAçãO CISNE BRANCO onde ganhei por compor uma música.
    E uma lembrança que jamais esqueceremos aquele navio monumental com aviões que pousavam no seu convés e deviam pra dentro da “barriga” enorme do navio

  3. Servir no Minas Gerais, tripulando a aeronave P16, foi uma opção da minha turma de graduados da FAB em 1989. Um colega mais antigo foi voluntário, para alívio de muitos rsrs.

  4. Desculpe minha ignorância. Não seria importante para as Forças Armadas brasileiras conserva-lo como museu ou algum investidor fazer isso?
    Duvido que nenhum brasileiro se ofereceria para tal finalidade que não jogar a história nas profundesas do oceano. Lamentável.

    • Caro amigo ,o custo para manter uma traia dessas parada custa a Marinha por volta de r$300.000.00 mês . Se não vendeu desde 2002 doe q é vantagem .

    • Embarquei algumas vezes nele participando da extinta Operação Dragão, e dele desembarcava tripulando helicópteros Super Puma para iniciar a conquista da cabeça de praia. Apesar de ser Fuzileiro Naval sempre admirei o NAeL e sua tribulação. Triste fim!

  5. Realmente é um fim muito triste pra quem teve a oportunidade de servir abordo daquele magnífico navio, com todo zelo e dedicação.
    Uma história de desperdício, dinheiro jogado fora.

    • O navio foi um marco na Marinha do Brasil e prestou os serviços necessários. Evidentemente que ao ser dado como baixa perdeu o seu significado material, Ficam a história e a formação e adestramento dom pessoal da Marinha. As ferragens só servem como sucata.

  6. Este Navio não teve realmente o suporte de lealdade dos seus Comandantes “emfim dos Poderes no Brasil ” assim o navio Minas Gerais foi para outro Pais e, quando na realidade deveria ficar no Brasil na esfera de Museu, onde muitos iriam pesquisar aqueles anos de serviço ao Brasil.. Eu sinto muita saudades e, até do meu primeiro CTE.D16 Babitonga que foi desativado. Desejo felicidades e Paz a todos os amigos desta nossa Marinha de Guerra do Brasil.

    • Essa é fácil responder.
      2002 era governo de quem mesmo???
      Sem falar nomes pois não é necessário, foi o governo de quem não gosta das forças armadas.
      Por tal, um navio de envergadura histórica como esse, foi tratado como descrito em um comentário acima: Sucata.
      Um povo sem memória é um povo sem história.

  7. Uma pena o que foi feito ao NAeL Minas Gerais. Meu pai serviu nessa magnífica nave. Meu amado pai que Deus o tenha, tmb me levou algumas vezes para o seu trabalho, me dando a oportunidade de ver um porta-aviões de perto. Para mim, falar de um é falar de outro. Saudades sem fim… Antes tivessem o transformado em museu… Mas, Brasil… Né? Amigos…

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