Pepinos do mar: tráfico internacional envolve até Yakuza e ocorre nas Américas, Europa e África
Os pepinos do mar devem seu nome à semelhança com o legume de hortas. São animais marinhos da classe equinodermes, parentes das estrelas e ouriços do mar. A maioria tem cor preta, marrom ou verde-oliva. E medem entre 10 e 30 centímetros. Animais lentos, vivem no fundo do mar. Seu organismo reaproveita matéria orgânica misturada à areia, como restos de algas, e depois elimina o que sobrou. Na China, e em vários outros países do Oriente, são considerados uma fina iguaria. Hoje estão ameaçados em todos os oceanos, vítimas de redes ilegais de compra e venda que envolvem até a Yakuza.
A China, e os pepinos do mar, sempre do lado errado
É incrível o tanto de desaforos que a comunidade mundial aceita da China nas questões do mar. O país induz seus barcos de pesca a invadirem santuários marinhos protegidos ao redor do globo, a ponto de hoje já se temer a possibilidade de uma guerra por causa da atividade. Não seria a primeira guerra por recursos naturais.
O país exagera, aterra corais para aumentar seu território. Vende animais marinhos plastificados; é o país que mais contribui para a matança de tubarões, a ponto de a metade de todas as espécies de tubarão em mar aberto enfrentar o risco de extinção. Agora conseguiu se envolver na questão dos pepinos do mar. O Japão é outro que dá trabalho pelo descaso com o espaço marinho.
Pepinos do mar, saiba mais
Importância dos pepinos do mar para o fundo do oceano
Como explicamos no início, ‘seu organismo reaproveita matéria orgânica misturada à areia, como restos de algas, e depois elimina o que sobrou.’ Isso contribui para a boa qualidade da água do mar, constantemente ‘reciclada’ pelos pepinos do mar.
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Por suas qualidades, e pelo imenso mercado asiático, só na China ele vale US$ 3 bilhões, pesquisadores brasileiros estão avançando na técnica da cultura do pepino do mar em cativeiro.
Pepinos do mar na medicina tradicional chinesa
Na medicina tradicional chinesa são usados para tratar uma série de problemas de saúde. Entre eles fadiga, impotência e dor nas articulações, devido às propriedades dos carboidratos complexos presentes no valor nutricional dos equinodermes.
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Apreendidos 230 kg de barbatanas de tubarões no CearáContaminação de tubarões por cocaína, RJ, choca a mídia estrangeiraSegredo da longevidade do tubarão da Groenlândia é descobertoO pepino do mar contém elevados níveis de sulfato de condroitina, um componente principal da cartilagem. A perda de sulfato de condroitina é associada com a artrite, e o uso de extrato de pepino do mar pode ajudar a reduzir a dor articular associada com esta condição.
O pepino do mar supostamente também contém compostos anti-inflamatórios.
Redes ilegais de compra de pepinos do mar ameaçam sua existência em Portugal
Redes ilegais pagam bem. Mercedes Gonzalez-Wanguemert, do Centro do Ciências do Mar da Universidade do Algarve, não tem dúvidas que existe uma rede de receptadores em Portugal. «A maior parte do processamento ilegal que conhecemos acontece em Olhão. Há uma pequena máfia oriental que paga entre 1 a 1,50 euros por cada pepino do mar. Numa maré, é fácil apanhar até 80 indivíduos», diz.
Na China até US$ 5.000,00 dólares por quilo!
A especialista lusa diz que ‘hoje na China, vendem-se pepinos-do-mar secos a 300/400 euros por quilo. Os de maior qualidade chegam aos 5.000 dólares por quilo, estima.
Um indivíduo adulto pesa, fresco, no mínimo, 500 gramas. Mesmo com uma perda de 80 a 90 por cento do peso em água, no processo de secagem, ainda dá uma margem de lucro confortável.’
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No Brasil também acontece a caça predatória
O noticias.r7.com destacou: “Um carregamento com 220 quilos de pepinos-do-mar foi apreendido pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), na Rodovia Rio-Santos (BR-101), em Paraty, na Costa Verde. Três homens, entre eles um chinês, foram presos por crime ambiental. Eles pretendiam levar a mercadoria para restaurantes em São Paulo.”
Como se vê, a China, ou chineses, estão por trás das redes ilegais seja nas Américas, Europa, e até na África, conforme denúncia de um site marroquino. É preciso um basta da comunidade mundial!
Angra dos Reis na rota do tráfico internacional
A notícia mais recente, agosto de 2019, vem do Jornal GGN. “Angra dos Reis, região que Jair Bolsonaro quer explorar e transformar em uma “Cáncun” brasileira, pode estar na rota do mercado negro internacional de compra e venda de pepinos-do-mar, com uma ocorrência observada, em janeiro (de 2019), na Vila do Abraão, em Ilha Grande.”
“O caso foi relatado ao GGN pelo guia turístico Nelson Ilha. Ele acredita que, para burlar a já precária fiscalização, os traficantes passaram a aliciar brasileiros que pagam mergulhadores para colher o máximo de produto no menor tempo possível.”
O caso de Angra dos Reis
Jornal GGN, “Nelson contou que “uma senhora [provavelmente aliciada por asiáticos] contratou 2 mergulhadores para pegar os pepinos-do-mar, e pagou muito bem, porque isso está sendo vendido muito caro” no mercado ilegal internacional.”
A mulher “desapareceu” quando soube que o assunto se espalhou pela região, e o caso acabou não reportado oficialmente às autoridades. Os mergulhadores, segundo Nelson, teriam recebido R$ 15,00 por cada unidade. “Quer dizer, o cara faz um mergulho, pega 30 peças em 3 ou 4 horas e ganha R$ 450,00. É uma ‘senhora’ diária”, ponderou.
Yakuza faz tanto dinheiro com pepinos do mar como com metanfetamina
Não é só a China. O Japão é outro país que, a despeito de seu alto nível de educação, parece não se importar muito com o mais importante ecossistema da Terra. Além de matarem baleias e golfinhos, agora participam do comércio ilegal de pepinos do mar.
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De acordo com SoraNews24, um chefe de Yamaguchi-gumi foi acusado de porte de 60 toneladas de pepino do mar e multado em 100 milhões de ienes (US$ 912.000) em 2017. Recentemente, cinco membros de Yamaguchi-gumi foram presos em posse de 450 kg de pepinos do mar.
A fraude nos Estados Unidos
Um processador de peixe da região de Seattle, que esperava lucrar com o apetite da China por pepinos do mar, enfrenta as consequências por seu papel em um esquema de caça de US$ 1,5 milhão que abalou uma pescaria já instável.
Promotores federais afirmam que Hoon Namkoong, um grande atacadista, liderou uma operação de anos para roubar e vender pepinos do mar. Dezenas de mergulhadores também estão implicados no anel de caça furtiva. Namkoong comprou pelo menos 250.000 libras de pepinos do mar roubados ilegalmente.
Estoques ameaçados globalmente
Pepino do mar é um alimento de luxo e da medicina tradicional na China. A demanda aumentou à medida que a renda chinesa cresceu. E o preço, ajustado à inflação pago aos pescadores, mais do que dobrou desde o início dos anos 90.
Os estoques de pepino do mar estão sob ameaça global, à medida que pescadores mergulham para atender à demanda. Namkoong se declarou culpado em abril por conspirar para violar uma lei federal que proíbe a caça furtiva e o tráfico de vida selvagem.
Os promotores pediram como condenação o valor de US$ 1,5 milhão em restituição além de cumprir pena de prisão de dois anos.
Assista ao vídeo da National Geographic e saiba mais sobre o animal:
Fonte principal: https://www.theguardian.com/environment/2018/sep/27/sea-cucumber-poacher-washington.
Fontes secundárias: http://barlavento.pt/destaque/pepinos-do-mar-da-ria-formosa-ja-estao-em-risco-de-extincao; https://pt.wikipedia.org/wiki/Pepino-do-mar; https://noticias.r7.com/sao-paulo/prf-apreende-220kg-de-pepinos-do-mar-que-iriam-para-restaurantes-01102018; https://nextshark.com/japanese-yakuza-now-makes-much-money-poaching-sea-cucumbers-selling-meth/; https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/angra-dos-reis-na-rota-do-contrabando-internacional-de-pepinos-do-mar/.