Mudanças do clima podem extinguir espécies endêmicas
Um novo estudo global liderado pelas brasileiras Mariana Vale, e Stela Manes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro analisou cerca de 300 hotspots de biodiversidade em terra e no mar. Os resultados são desanimadores. As espécies endêmicas têm 2.7 vezes mais chances de extinção do que as outras espécies. Mudanças do clima podem extinguir espécies endêmicas.
Mudanças do clima podem extinguir espécies endêmicas
Teremos tempo de evitar o pior? As políticas para o enfrentamento do aquecimento global estão em fase de mudança. A Agenda Verde avança no mundo desde a eleição de Joe Biden. Muitos países e blocos comerciais prometem rever suas projeções de cortes de emissões.
Ainda este ano teremos duas reuniões importantes. A primeira acontecerá em 22 e 23 de abril, liderada por Biden que chamou 40 chefes de estado para participarem. O objetivo é rever as metas para preparar a reunião de clima da ONU, em novembro, na Escócia, a COP 26.
Desde que o negacionismo foi derrotado nos Estados Unidos com a eleição de Biden, há motivos para alguma dose de otimismo, mas ainda é cedo para comemorar.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemCOP29, no Azerbaijão, ‘cheira à gasolina’Município de Ubatuba acusado pelo MP-SP por omissãoVerticalização em Ilha Comprida sofre revés do MP-SPPor hora, as políticas atuais empurram o mundo para um aquecimento de 3ºC acima dos níveis pré-industriais. Caso este cenário se confirme, a biodiversidade mundial será duramente afetada.
As espécies endêmicas e sua importância
Para Stela Manes “quanto maior for a diversidade de espécies, maior será a saúde da natureza. A diversidade também protege contra ameaças como as mudanças climáticas”.
PUBLICIDADE
“Uma natureza saudável fornece contribuições indispensáveis às pessoas, como água, alimentos, materiais, proteção contra desastres, recreação e conexões culturais e espirituais.”
O estudo capitaneado pelas duas brasileiras foi publicado em 8 de abril na revista Biological Conservation, e conclui que mais de 90% das espécies endêmicas enfrentarão consequências negativas.
Leia também
Acidificação do oceano está à beira da transgressãoApreendidos 230 kg de barbatanas de tubarões no CearáConheça o novo navio de carga híbridoO estudo calculou os riscos de extinção em diferentes níveis de aquecimento. E descobriu que 2% das espécies endêmicas estão em risco de extinção se o aquecimento for limitado a 1,5ºC. A porcentagem sobe para 4% se a temperatura subir a 2ºC.
Entretanto, se o aquecimento atingir 3ºC o risco aumenta para 20% nos ecossistemas terrestres, e 32% nos ecossistemas marinhos.
Segundo Stela Manes “a mudança climática ameaça áreas transbordantes de espécies que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do mundo. O risco de que tais espécies se percam para sempre aumenta mais de dez vezes se falharmos os objetivos do Acordo de Paris.”
Algumas das espécies endêmicas do Brasil já estão bastante ameaçadas, é o caso do boto-cor-de-rosa, o mico-leão-dourado; a arara-azul, onça-pintada e ariranha, todas espécies que vivem no Pantanal que tem sido varrido pelo fogo.
Ao todo, a Lista Vermelha do ICMBio, publicada em 2014, mostra que temos 1.173 espécies ameaçadas entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados. A lista do ICMBio poder ser consultada neste link.
Espécies endêmicas, nativas, e introduzidas
As autoras agrupam as espécies em três categorias – espécies “endêmicas”, “nativas não endêmicas” e “introduzidas” – com base no local onde normalmente vivem.
PUBLICIDADE
Uma espécie endêmica vive exclusivamente em uma região geográfica. Áreas de alta biodiversidade estão frequentemente “transbordando” com “espécies emblemáticas” endêmicas, explica a Dra. Stella Manes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – a principal autora do estudo.
Espécies nativas
Se uma espécie é encontrada naturalmente em mais de uma região geográfica, é chamada de espécie nativa quando encontrada nessas regiões.
Espécies introduzidas
Enquanto isso, se uma espécie não é encontrada naturalmente em uma determinada região, mas é trazida para lá por meio da atividade humana – intencionalmente ou não – é chamada de espécie “introduzida”.
As autoras descobriram que as espécies endêmicas terrestres estão previstas para serem 2,7 vezes “mais impactadas” pelas mudanças climáticas do que as espécies nativas não endêmicas. E 10 vezes mais impactadas do que as espécies introduzidas.
O site CarbonBrief ouviu o Dr. Mark Urban – professor associado de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Connecticut, que não esteve envolvido no estudo.
“Faz sentido que as espécies endêmicas sejam mais ameaçadas pelas mudanças climáticas. As espécies endêmicas já são as menores. Elas geralmente ocupam áreas pequenas e vivem em populações menores. Esses fatores tornam as espécies mais suscetíveis a qualquer ameaça, não apenas às mudanças climáticas.”
As espécies introduzidas
O estudo mostra que as espécies introduzidas, por outro lado, podem esperar um impacto “neutro ou positivo” das mudanças climáticas, conclui o estudo.
PUBLICIDADE
As espécies introduzidas geralmente são capazes de se adaptar a novos ambientes, mas às vezes têm um impacto negativo no ecossistema local – por exemplo, competir com espécies nativas por alimento. Nesse caso, são conhecidas como “ espécies invasivas”.
Mudanças do clima e as espécies marinhas
As autoras também realizam esta análise para ecossistemas marinhos. Os resultados sugerem que a proporção de espécies marinhas em risco de extinção é duas vezes maior para espécies endêmicas do que para nativas.
O estudo mostra que no Mediterrâneo – “um mar fechado com alta endemicidade” – as mudanças climáticas devem trazer um “alto risco de extinção” a um quarto das espécies.
E o que seria uma espécie com ‘alto risco’ de extinção? As autoras usam o mesmo critério da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN): a queda na abundância das espécies em mais de 80%.
Mas o mar e os oceanos continuam a ser preteridos pelos estudos sobre o clima. Segundo o CarbonBrief, ‘dos 232 estudos explorados neste artigo, apenas 34 enfocam os ecossistemas marinhos, e nenhum dado foi encontrado para quase metade das 273 áreas de biodiversidade excepcional originalmente definidas.’
Mudanças do clima, pior em Ilhas e montanhas
As descobertas sugerem que as espécies que vivem em ilhas e montanhas são mais de seis vezes mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas do que as de regiões continentais.
Em um cenário de aquecimento de 3ºC, o estudo descobriu que 84% das espécies endêmicas de regiões montanhosas e 100% de ilhas enfrentam um “alto risco de extinção”.
PUBLICIDADE
E é simples descobrir os motivos. As espécies que habitam ilhas ou montanhas não têm para onde ir. Na Oceania, com sua grande quantidade de ilhas, metade das espécies endêmicas estão em risco segundo o estudo.
A CarbonBrief fecha sua matéria com mais uma declaração de Mark Urban, professor de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Connecticut:
“Acho que não podemos nos concentrar apenas nos lugares mais ricos da Terra se também estivermos preocupados com o funcionamento do ecossistema. Em lugares pobres em espécies, a perda de apenas uma espécie pode mudar dramaticamente o ecossistema, porque não existem substitutos.”
“Acho que precisamos considerar as ameaças às espécies em toda a Terra, mas por razões diferentes. Isso significa que precisamos tomar decisões difíceis sobre como alocar fundos de conservação limitados para salvar a maioria das espécies e as espécies mais importantes da Terra. ”
Imagem de abertura: arquivo Mar Sem Fim
Fontes: https://www.carbonbrief.org/climate-change-will-hit-endemic-plants-and-animals-the-hardest-study-warns; https://www.ecodebate.com.br/2021/04/09/mudancas-climaticas-extinguirao-principalmente-especies-endemicas/.
Mera conjectura sem base em fatos reais. Ecologistas imaginam catástrofes e sonham com desastres.
Ricardo, a primeira frase do post é esta: “Um novo estudo global liderado pelas brasileiras Mariana Vale, e Stela Manes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro analisou cerca de 300 hotspots de biodiversidade em terra e no mar.”
Não é mera conjectura de ecologistas, mas um novo estudo global. Você pode até discordar, mas não desinformar.
Incrível como conhecemos tão pouco do planeta em que vivemos. Esse processo de degradação ambiental é agilizado através de novos meios de produção que aceleram o descarte de dejetos à
velocidade que não dá tempo da natureza se reciclar.
Não vejo solução. Os oceanos estão apodrecendo, espécies sumindo, o aquecimento subindo….
Walter não sou melhor que você em nada, mas nenhum modo de produção nova pede ou exige que se acabe com a natureza, muito pelo contrário apenas otimizam os recursos disponíveis já os descartes de dejetos começam com quem elegemos; eu por exemplo votei no Alexandre Kalil para prefeito de BH e estou dispostos a votar nele para governador, mas imaginar que ele é o “suprassumo” em governança é totalmente enganoso, pois o infeliz sequer é capaz de estabelecer coleta de lixo seletivo nos melhores bairros da cidade e eu moro bem próximo a ele.
O QUE MUDA O POVO É A EDUCAÇPÃO ESCOLAR. ATÉ QUE PROMULGASSEM A CONSTITUIÇÃO DE 1988 EM TODAS AS EDIÇÕES ANTERIORES SE “ESCREVIAM” (MAS NÃO PRATICAVAM) QUE EDUCAÇÃO (ESCOLAR) ERA OBRIGATÓRIA E GRATUÍTA. TUDO QUE É OBRIGATÓRIO E NÃO SE CUMPRE SERIAM PASSÍVEIS DE PUNIÇÕES MEDIANTE MULTAS OU PRISÕES. VOCÊ OUVIU DE SEUS PAIS, AVÓS SE CONHECERAM ALGUIÉM QUE FORA PRESO OU MULTADO POR NÃO MANDAR FILHOS PARA A ESCOLA??? QUER MUDAR O BRASIL, APOIE EDUCAÇÃO ESCOLAR.