Indonésia protege raias-jamanta e aposta no turismo

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Indonésia protege raias-jamanta e aposta no turismo de observação

A Indonésia descobriu o óbvio: as raias-jamanta valem muito mais vivas do que mortas. Esses gigantes do mar encantam turistas no mundo todo. São dóceis e permitem a aproximação de mergulhadores. Algumas até se aproximam para pedir ajuda quando se enroscam em redes ou linhas de pesca. Imensas e graciosas, elas atraem o chamado “turismo de observação”. Por isso, em 2014, o governo indonésio criou o maior santuário para raias-jamanta.

foto de raia jamanta pescada no passado
Um colosso como esse jamais deveria ser retirado do mar. (foto: calamazista.com)

Morta, vale US$ 500. Viva, até US$ 1 milhão

Desde fevereiro de 2014, está proibido pescar ou exportar raias em todo o arquipélago indonésio. Segundo estudo publicado na revista PLoS One, uma única raia-jamanta pode gerar até US$ 1 milhão ao longo da vida com o turismo de observação. Morta, vale entre US$ 40 e US$ 500 no mercado de brânquias. A matemática é simples — e nem precisa ser ecologista para entender o que faz mais sentido.

imagem de raia jamanta saltando fora d'água
Mais uma das espécies, esta tem a  capacidade de saltar fora d’água

O papel da Conservation International

Surpreso com os números, o governo ouviu a sugestão de Tiene Gunawam, diretor do programa marinho da Conservation International na Indonésia. Ele propôs um programa piloto que foi rapidamente aprovado.

Conscientizar  pescadores

O primeiro passo foi mostrar aos pescadores o valor das raias vivas. Em regiões como Bali, comunidades já ganham dinheiro levando turistas para mergulhar entre cardumes.

Turismo de observação: um mercado de US$ 15 milhões

De acordo com o estudo, o turismo de observação de raias já movimenta US$ 15 milhões por ano na Indonésia. Segundo Agus Dermawan, diretor da Marine Conservation Directorate, o país agora ocupa a segunda posição mundial nesse mercado. Com cerca de 17 mil ilhas e vastos recifes de coral, a Indonésia tem potencial para liderar o turismo marinho no planeta.

Raia-jamanta: gigante vulnerável

As raias estão entre os maiores peixes dos oceanos e podem medir até 8 metros de envergadura. Vivem em águas tropicais e chegam a viver 50 anos. Mas se reproduzem lentamente: levam de 8 a 10 anos para atingir a maturidade. As fêmeas dão à luz um filhote por vez, e só acasalam novamente após dois a cinco anos.

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Por isso, a pesca é insustentável. A União Internacional para a Conservação da Natureza classifica as raias como espécies “vulneráveis à extinção”. Em 2018, cientistas descobriram mais um berçário natural no Golfo do México.

 imagem de mapa da indonésia
Indonésia protege raias-jamanta e aposta no turismo de observação.

Outros países que já proibiram a pesca de raias

Além da Indonésia, diversos países já adotaram medidas de proteção: República de Palau, Austrália, Equador, União Europeia, México, Nova Zelândia, Filipinas, Yap, Guam, Ilhas Marianas do Norte, e os estados norte-americanos do Havaí e Flórida. O Brasil também.

O balé das raias-jamanta

Esses animais não encantam apenas os mergulhadores. Quando raias-jamanta nadam em grupo, realizam um dos espetáculos mais belos da natureza marinha. Difícil de ver, mas inesquecível quando acontece. Assista aqui.

,imagem submarina de mergulhador com raia-jamanta
Raia jamanta faz a felicidade do mergulhador (foto: tucuna.com)

Assista ao vídeo e se encante

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Comentários

5 COMENTÁRIOS

  1. Ao ver a foto da Jamanta capturada senti um alivio tão grande que poucas pessoas podem calcular. Essas pessoas são cinco ou seis às quais eu contei o que se passou comigo quando estava à pesca num lugar, em Angola, que se chama, ou chamava, praia das conchas. De praia não tem nada porque este lugar, muito bom para pesca desportiva, não tem praia de areia e é toda em falésia íngreme e muito perigosa devido ao batimento das ondas. De repente avistei muito perto de mim, trinta ou quarenta metros de distância um “monstro” enorme voando na minha direcção, não sei se eram os olhos que me fixavam ou se pensei que seriam. O animal mergulhou a cerca de dez metros da falésia. Assustado gritei por socorro e contei o que vi. Os presentes não ficaram convencidos. Nunca mais contei a ninguem o que tinha acontecido. Hoje ao ver esta foto, senti um grande alivio. Afinal posso afirmar que VI. A dimensão do animal devia ser a mesma da foto.

  2. Só tive oportunidade de ler essa matéria agora, mesmo ela sendo de 2016, mas acredito que sempre é tempo de esclarecer algumas coisas. Faço parte do Instituto Laje Viva na qual somos realizadores do Projeto Mantas Do Brasil, projeto que visa a proteção destas gigantes gentis em território brasileiro. Por conta de insistências e relatórios enviados ao MMA e por conta do tratado da Cities2013, onde o Brasil foi co-autor da proposta de leis rígidas contra qquer parte de comercialização do animal, logo em seguida, foi decretada a Instrução Normativa Interministerial nº 2 do MMA, onde proíbe a pesca, captura acidental ou desembarque de raias ou elasmosbranquios em águas nacionais.
    Acredito que o Brasil esteja bem atrasado no que diz respeito à UCs e muitas outras coisas, mas, não podemos falar na questão da preservação desta espécie, pois o Brasil, foi um dos pioneiros.

    • Olá, Paula, pois é, a matéria é velha, mas atual, especialmente para um país com quase nada de consciência marinha. Pouquíssimos brasileiros se dão conta da situação desesperadora que vivem mares, oceanos, e a vida marinha em geral. Parabéns por fazer sua parte do Leme Viva! E ótimo que haja a instrução normativa que vcs conseguiram, parabéns. Mesmo assim, vc sabe tão bem quanto eu que a pesca é muito pouco fiscalizada no Brasil. Sequer temos estatísticas do pescado anual. Temos muito ainda a fazer. Grande abraço e volte sempre!

  3. Prezados, estou neste monento (julho de 2016) viajando pela Indonesia e, por aqui o cenario nao é tao animador assim. As ilhas de Gili, bem proximas a Lombock sao um verdadeiro cemiterio de corais, devido à livre circulaçao dos turistas sem um minimo de proteçao ao ecossistema. Fiquei assustada com o que vi. Na Australia, pra vc mergulhar ou observar de Snorkel os corais precisa fazer uma preparaçao com instrutor. Aqui na Indonesia basta alugar um snorkel po 5 dolares ao dia e se aventurar no mar.

    • Claudia, obrigado pelo informação. Se puder fotografe com seu cel, depois mande as fotos. Daria uma boa matéria saber como os indonésios cuidam de seus preciosos corais. Infelizmente parece ser parecido com o Brasil. País subdesenvolvido, sabe lá como é. Abraços

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