Ilha de Ascensão, na rota do lixo mundial

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Ilha de Ascensão, na rota do lixo mundial

A grande maioria das ilhas do Atlântico Sul têm dois fatores em comum. O primeiro é sua descoberta pelos nautas portugueses no século 16. O segundo, a posse inglesa até hoje, demonstrando a importância geopolítica e econômica para as nações ricas destes pequenos espaços de terra perdidos na imensidão do oceano. Além disso, eles raramente ocupam as manchetes. A não ser quando algum deles se mostra bem na rota do lixo mundial que vaga pelas correntes oceânicas. Este é o caso da Ilha de Ascensão que, depois de anos de ostracismo, ocupa agora a imprensa pelo acúmulo de lixo gerado pelos oito bilhões de habitantes do planeta.

Ilha de Ascensão
Um pequeno grão de areia no meio do infinito.

Ascensão, breve história

Ascensão,  mais próxima do Equador,  teria sido  descoberta pelo galego João da Nova em 1501 quando, a mando de D. Manuel, fazia o trajeto de ida da terceira carreira para a Índia. Na volta, em 1502, o mesmo navegador descobriu Santa Helena, um pouco mais ao sul.

Contudo, naquela época, os portugueses estavam mais interessados no comércio com o Oriente. Assim, não se interessaram em ocupar Ascensão que acabou como  uma posse inglesa.

Posteriormente, a ilha mostrou sua importância geopolítica a ponto de abrigar uma base aérea da Real Força Aérea britânica, também usada pelos Estados Unidos.

Em síntese, sua área total é de 88 km2, e a população, pouco menos de 1.000 habitantes. A maioria composta por funcionários da base, e suas famílias, além de funcionários de uma das cinco antenas do sistema de posicionamento global, GPS, e de uma retransmissora da BBC em ondas curtas.

Agora, ela entrou forte na mídia devido à matéria da BBC com o título…

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‘A remota ilha no Atlântico Sul que recebe lixo do mundo todo pelo mar’

Segundo a bbc.com, ‘A Ilha de Ascensão tem uma grande variedade de espécies nativas e elas são afetadas pela poluição plástica. É o caso do caranguejo terrestre, da fragata e várias espécies de tubarões, tartarugas, peixes e aves’.

O texto de Nayana Mena nos informa que uma equipe da Sociedade Zoológica de Londres passou pouco mais de um mês avaliando os impactos do lixo.

Ilha de Ascensão e o lixo plástico
Imagem da BBC.com.

‘O lixo encontrado na costa sudoeste da Ilha de Ascensão veio de países como China, Japão, bem como África do Sul, dizem os ativistas.’

A bióloga Fiona Llewellyn, da ZSL, foi ouvida pela BBC:  “Há muito plástico sendo mal usado. É de partir o coração”. Ela diz que grandes empresas e governos precisam assumir a responsabilidade pela poluição que causam.

Recente pesquisa da Ellen MacArthur Foundation estima que haja mais de 150 milhões de toneladas de material plástico nos oceanos. A Pesquisa indica que, se as condições forem mantidas, haverá mais plástico que peixes em 2050.

Mobilização da ONU contra o plástico

O problema é tão grave que mobilizou a ONU. A redução do lixo marinho é alvo da campanha Mares Limpos, lançada em julho de 2017 pela Organização das Nações Unidas (ONU), no Rio de Janeiro.

Porém, enquanto nosso lixo entope os oceanos, um dos maiores poluidores mundiais de plástico a Coca-Cola é, ao mesmo tempo, uma das principais patrocinadoras da COP 27 a cúpula da ONU que trata destes assuntos. Enquanto atitudes duvidosas como estas persistirem, não vemos chances da situação mudar.

Mancha de lixo do Atlântico Sul

Segundo o www.oceansplasticleanup.com  ‘Existem 5 remoinhos de lixo oceânicos chamados giros. As manchas de lixo geralmente se acumulam longe da costa de qualquer país. Por isso, é quase impossível rastrear sua origem. As minúsculas partículas de plástico que as compõem também são muito difíceis e caras de detectar e remover.’

Correntes marinhas dos oceanos
Correntes marinhas dos oceanos. Ilustração, www.oceansplasticleanup.com.

Para a mesma fonte, ‘Até o momento, nenhuma nação aceitou a responsabilidade de limpar as manchas de lixo do oceano a ponto de concordar em financiar as operações de limpeza do oceano. Tal acordo poderia permitir uma abordagem comercial para capitalistas de risco.’

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Estes ‘giros’, de que fala o www.oceansplasticleanup.com, são formados pelas correntes marinhas.

É dessa forma, através das correntes, que grande parte do lixo chega à Ilha de Ascensão. Para além do lixo despejado por todos os países, há que se considerar igualmente o lixo gerado pelos cerca de 75 mil navios (de acordo com a Bimco, maior organização de associação direta do mundo para armadores) que trafegam pelos oceanos, a grande maioria descartando seu lixo nos oceanos.

Quanto à Ascensão, a bbc.com informa que ‘a equipe de conservação da  Sociedade Zoológica de Londres  trabalha em conjunto com o governo da Ilha de Ascensão, o St Helena National Trust, a Universidade de Exeter e a Universidade da África do Sul Nelson Mandela para combater a poluição plástica.’

Lixo plástico na ilha de Ascensão
Imagem publicada pela BBC.com.

Por último, diz a bbc.com‘O projeto total terá duração de três anos e consistirá em monitorar correntes e movimentos de água, identificar garrafas plásticas, avaliar datas de validade e fabricação e entender quando e onde elas podem ter entrado na água.’

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Comentários

2 COMENTÁRIOS

  1. Querem que se conserve oceanos, floresta amazônica ; mas como dissera Lula, cadê o dinheiro das principais nações, para as operações de limpeza e manutenção ?

  2. Claro que o problema existe e há milhares de iniciativas no mundo para ampliação da reciclagem química e mecânica dos materiais plásticos para embalagens, infelizmente são pouco divulgadas. A vantagem do plástico é que ele flutua devido a baixa densidade, logo facilmente coletável, até mesmo antes de chegar aos rios e oceanos, essa parte cabe à educação dos seres humanos. Mesmo quando estão nas aguas os plásticos coletados podem ser reciclados e as aguas continuam limpas, já que os materiais utilizados nas embalagens são certificados para ter contato com agua e alimentos sem deixar resíduos nas aguas, devido aos polímeros terem cadeias longas e estabilidade química. Diferentemente do que ocorre com os metais que afundam ou os esgotos que poluem e tornam as aguas impróprias. A reciclagem dos plásticos podem em larga escala gerar trabalho e renda para várias pessoas, desde a coleta e seleção até as fases mais industriais, gerando produtos com forte valor agregado e vendido como material retirado dos oceanos para roupas, tênis, bonés e até aplicações técnicas como adição em asfaltos aumentando a durabilidade do mesmo e tijolos para construção civil como é feito no Quênia http://www.gjenge.co.ke/about. A ONU e o Greenpeace utilizam o LCA ou ACV em português, análise de ciclo de vida que é uma certificação inserida na ISO 14000 (meio ambiente) e esses estudos comprovam que os materiais plásticos são os materiais mais corretos ambientalmente, até os estudos da ONU demonstram isso frente ao papel, algodão e demais materiais, todos esses estudos feitos por universidades de todo o mundo e publicados para o conhecimento de quem tiver interesse em conhecimento cientifico, exemplo: https://ispt.eu/news/plastic-packaging-least-carbon-footprint/ e mais no livro do cientista americano Chris DeArmitt: https://plasticsparadox.com/ com mais 70 LCA´s sobre materiais plásticos. Conhecimento cientifico disponível e atualizado, quebrando dogmas criados na falta de conhecimento.

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