Francis Drake, o segundo a fazer uma circum-navegação
Francis Drake (1540-1596) foi antes de tudo um grande navegador. Ele foi o segundo a dar a volta ao mundo (1577-80), seguindo a rota aberta por Fernão de Magalhães em sua épica viagem de 1519-22. Financiado pela rainha Elizabeth I, Drake infernizou a vida de capitães e tripulações de navios espanhóis que vinham ao Caribe e América do Sul em busca do ouro e das riquezas das colônias espanholas. Em 1581 foi condecorado pela rainha como cavaleiro, tornando-se Sir Francis Drake. Nada mau para um corsário, político, e aventureiro.
Francis Drake, o segundo a fazer uma circum-navegação
Aos 20 anos ele já era capitão de navio. Aprendeu navegando com o primo, John Hawkins. Com 22 anos Drake teve uma experiência que marcaria sua vida. Foi atacado e derrotado pela armada espanhola perdendo o navio. Drake passou a odiar os espanhóis que eram rivais da Inglaterra nos mares.
A partir de 1570 Drake passou a investir contra a América Central e as possessões espanholas. Ele teve sua recompensa em 1572 quando invadiu a cidade de Nombre de Dios (hoje no Panamá) quando encheu o porão de seu navio com a prata que saqueou, voltando para a Inglaterra com uma fortuna. Impressionada, a rainha Elizabeth passou a apoiá-lo.
Mas o maior feito de Drake foi a travessia do Estreito de Magalhães, e a exploração do Pacífico, atormentando os portos chilenos e peruanos. A viagem teve o apoio real e envolvia mais dois comandantes: John Winter e Thomas Doughty, cinco navios, e 170 tripulantes.
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O Pelican (que mais tarde mudaria de nome para Golden Hint), o navio de Drake, ficou tão danificado que o trio resolveu retornar para Plymouth para os reparos.
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Já neste primeiro capítulo de sua mais importante viagem, Francis Drake se impôs sobre os outros capitães, unindo as tripulações em torno de sua liderança.
De volta ao mar, a flotilha teve mais sorte na segunda partida. Quando estavam no Atlântico, Drake capturou um navio mercante português e obrigou seu comandante, que conhecia bem as áreas próximas ao Brasil e também o Estreito de Magalhães, a seguir com eles e ajudá-los. O nauta luso ficou 15 meses a bordo do Pelican.
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Ao atravessarem o estreito de Magalhães, a frota foi reduzida a três navios. Um afundou no estreito, outro retornou para a Inglaterra. Ao saírem para o Pacífico, nova tempestade empurra a flotilha para o Sul. Foi então que Francis Drake descobriu que havia outra passagem abaixo do estreito.
Esta passagem acabou batizada com o nome do corsário, queridinho de Elizabeth I, a Passagem, ou Estreito de Drake, espaço de mar que liga o sul da América do Sul à Antártica.
Um dos saques mais produtivos da viagem foi contra o navio espanhol Nuestra Senõra de la Concepción. Conta-se que o tesouro a bordo era tão grande que levou dias para ser transferido ao Golden Hints.
Mas, antes de retornar via o Cabo da Boa Esperança, o pirata e grande navegador fez uma ousada tentativa de de encontrar uma nova rota, a mítica Passagem Noroeste. Pesquisadores sugerem que ele pode ter navegado até o norte do que hoje é Vancouver.
O frio o impediu de prosseguir. Forçado a retornar, Drake ancorou perto do que hoje é a cidade de São Francisco. Na ocasião tomou posse da Califórnia que batizou de Nova Albion.
Em seguida repetiu o roteiro de Magalhães descendo pelo Pacífico, atravessando o Índico até dobrar o cabo da Boa Esperança e retornar à Inglaterra para concluir a segunda circum-navegação do globo.
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Foi festejado na Inglaterra, e encheu os cofres de seus financiadores. Um ano depois recebeu o título de cavaleiro quando passou a ser conhecido como Sir Francis Drake.
Vida pacata na Inglaterra por pouco tempo
Rico e famoso, Drake tornou-se prefeito da cidade de Plymouth, época em que comprou a abadia de Buckland para servir de residência.
Mas apesar da boa vida, as hostilidades entre Inglaterra e Espanha cresceram ao ponto da rainha Elizabeth chamar Drake para ajudá-la em 1585. Ele foi escolhido para comandar uma frota de 29 navios tripulada por nada menos que 2.300 homens, uma enormidade para a época, cujo objetivo era fustigar as possessões espanholas no Caribe.
A frota partiu em setembro de 1585 com rumo para a Espanha. Historiadores acreditam que Drake pretendia emboscar a frota espanhola. Mas a tentativa não deu resultado. De lá rumaram para as Ilhas Canárias onde houve um fracassado ataque.
Drake rumou então para o sul, para o arquipélago de Cabo Verde na costa do Senegal, onde os corsários fizeram novos saques até que uma epidemia deu cabo de cerca de 300 tripulantes.
Seguiram rumo ao oeste, para as ilhas do Caribe. O primeiro objetivo, Santo Domingo (atual capital da República Dominicana), não produziu os efeitos esperados. Então, para irem embora, Drake exigiu um resgate.
De lá partiram para Cartagena das Índias (hoje Colômbia) onde pretendiam repetir a tática. Saquearam casas, igrejas e ainda exigiram resgate. A esta altura a epidemia a bordo, que também contava com escravos em sua carga, piorara sensivelmente.
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Cuba foi poupada em razão da peste que grassava entre a tripulação. Drake seguiu direto para a Flórida onde seus homens saquearam o assentamento espanhol de Santo Agostinho.
Finalmente, da Flórida para a colônia inglesa de Roanoke Island (atual Carolina do Norte, EUA). Ali, depois de reabastecer e descansar, Drake percebeu que os colonos queriam voltar à Inglaterra junto com a frota do corsário. E assim foi feito.
Derrotando os espanhóis da Invencível Armada
Antes da batalha final, Drake percebeu que os espanhóis estavam decididos a invadir a Inglaterra com sua armada de cerca de 130 navios. Ousado, partiu para um ataque ao porto espanhol de Cádis, destruindo navios e suprimentos, e atrasando o ataque.
Quando a armada espanhola navegou para o norte foi derrotada por uma combinação de mau tempo e da marinha inglesa comandada por Francis Drake.
De volta ao mar
Em vez de retornar para sua mansão em Plymouth, Drake voltou para o mar. Entre ataques punitivos à Espanha, em agosto de 1595, ele cruzou o Atlântico com John Hawkins em uma tentativa de resgatar o filho sequestrado de Hawkins.
Seus esforços foram malsucedidos e Hawkins morreu em novembro de 1595. Drake continuou, mas foi impedido pelas forças espanholas no Panamá.
Apesar da glória em vida, teve uma morte banal. Em 28 de janeiro de 1596, a bordo do navio Defiance, Sir Francis morre de disenteria (tipo de moléstia que provoca diarreia com sangue) aos 55 anos. No dia seguinte foi enterrado no mar próximo a Portobelo, no Panamá.
Imagem de abertura: “A Derrota da Armada Espanhola”, de Philipp Jakob Loutherbourg, 1796. Museu Nacional Marítimo, Londres, Inglaterra.
Fontes: https://www.nationalgeographic.com/history/history-magazine/article/francis-drake-pirate-england-spain-slavery; https://www.shippingwondersoftheworld.com/drake.html;
Felicito o trabalho. Alguem saberá informar o nome do capitao portugues?
Artigo interessante. Demonstra bem a ideia do corsário, que, a grosso modo é um pirata licenciado. Pelo menos não era enforcado no país que outorgou a carta de corso.
Tenho a lembrança que o nome do navio de Drake era Golden Hind (corça dourada).
Tenho lido as histórias do Capitão Drake, sempre muito interessantes., foi corajoso e arrojado num Tempo que a Tecnologia gatinhava. Grande Navegador. Parabens.
Ótimo post, amei a historia
Correção da correção: setembro de 1585.
Obrigado, Walter, corrigido. Abs