Os fenícios, eram a força predominante ao seu tempo
Os fenícios nos legaram muito mais que apenas o alfabeto. A civilização surgiu no Levante por volta de 6000 a.C. Acima de tudo, eram famosos por seu domínio da antiga navegação marítima e arte da construção naval. Provavelmente, foram os primeiros a explorar o Mar Mediterrâneo e a ultrapassar o Estreito de Gibraltar para se aventurarem no Atlântico. Segundo o estudioso Sanford Holst, ‘Byblos foi a primeira das cidades fenícias, e a origem da sociedade ocorreu lá por volta de 3200 a.C. Testes de DNA mostram que este povo era nativo do Levante, voltando pelo menos 12.000 anos. Assim, pode-se concluir que os fenícios e sua sociedade emergiram do povo cananeu do Levante’. Frequentemente estabeleceram grandes cidades em Beirute, Byblos, Tiro, Sidon, Baalbek, e Cartago. Sua posição como marítimos dominantes foi observada por Homero, a Bíblia e obras de arte egípcias antigas.
Proezas fenícias registradas para a posteridade.Especialistas afirmam que a Fenícia nunca existiu como uma sociedade unificada. Em vez disso, descrevem-na como uma aliança de várias cidades-estado situadas no atual Líbano e na Síria, como Tiro, Byblos, Beirute e Sidon. Além disso, outras potências regionais, como os egípcios e os assírios, frequentemente controlavam essas cidades fenícias.
A mudança de caçador-coletor para agricultor
O excepcional livro, The Phoenicians – Lebanon’s Epic Heritage (Os fenícios – a herança épica do Líbano, 2005), a história mais completa dos fenícios reunidas até hoje, de Sanford Holst, conta como os cananeus chegaram ao ‘Levante’.
Por volta de 6000 a.C., muitos povos nômades se encantaram com a região. As terras ao redor do límpido e azul mar Mediterrâneo eram cobertas por vegetação e natureza intocada. Nem doenças, catástrofes naturais ou os primeiros conflitos entre tribos em busca das melhores terras alteraram esse cenário.
De caçadores-coletores para agricultores
A nova prática de colher grãos silvestres no outono e semeá-los em solo fértil na primavera permitiu que mais pessoas se fixassem em um único local, em vez de vagar em busca de alimento. Com isso, começaram a surgir pequenas cidades.
‘Algumas dos quais floresceram e desapareceram. Outras cidades sobreviveriam, tornar-se-iam fortes e ecoariam na história dos povos destas terras durante milhares de anos’.
Os primeiros fenícios tornam-se pescadores
‘Estas pessoas viviam de uma dieta diária de cereais, bagas silvestres, carneiros, alguns peixes e um coelho ocasional ou outra caça encontrada…com o passar do tempo, a caça diminuiu, mas a generosidade no mar foi considerada interminável, assim, eles se tornaram pescadores’.
Foi desse mod que começaram as construir barcos, no princípio para a pesca e, depois, os primeiros navios da antiguidade. Por volta de 4500 a.C. os fenícios eram grandes pescadores enviando seus barcos para todas as direções‘.
O próximo passo desta civilização que se estabeleceu onde hoje é o Líbano, foi aproveitar sua técnica superior na escolha e tratamento da madeira, e a imensa floresta natural de cedros que havia, para construir barcos para para seus vizinhos. Daí para a decisão se dedicarem ao comércio marítimo foi um passo. Aos poucos a Byblos tornou-se o porto mais importante do Mediterrâneo.
Durante séculos os fenícios forneceram madeira para os egípcios construírem barcos para subir o Nilo.
Como se tornaram grandes navegadores
Para Abulafia, ‘no século VIII novas redes de comercio emergiram levando a cultura do Oriente a terras tão a oeste quanto a Etrúria e o sul da Espanha. ‘Comunidades de mercadores criaram essas redes: gregos que seguiam para a Sicília e a Itália, inspirados por seus professores micênicos; piratas e mercadores etruscos, que emergiam de uma terra onde as cidades começavam a surgir pela primeira vez; e, mais cedo ainda, comerciantes cananeus do Líbano, conhecidos pelos gregos como phoinikes(“fenícios”) e criticados por Homero devido ao seu amor pelos negócios e pelo lucro’.
Cananeus ou fenícios?
Segundo Abulafia, ‘a prática dos arqueólogos é chamar os habitantes do litoral levantino (litoral do Líbano) de cananeus até mais ou menos 1000 a.C, a partir daí chamam-nos fenícios’.
A especialista Eman M. Elshaikh explica: ‘Isso se deve, em parte, ao fato de os historiadores usarem principalmente fontes gregas, assírias e latinas, além de referências bíblicas, para aprender sobre a sociedade fenícia’.
‘Seu sucesso deveu-se em parte a seus navios’
‘Seu sucesso deveu-se em parte a seus navios. Eles eram conhecidos por sua velocidade e capacidade de manobrar em mares agitados. Os antigos egípcios chamavam os barcos que podiam viajar em mares profundos de “barcos de Byblos”, em homenagem à cidade-estado fenícia’.
Já para Sanford Holst, os fenícios aprenderam sobre as correntes marinhas e os ventos predominantes, e usavam os astros como referência para navegar sem avistar terra. Eles atravessaram as Colunas de Hércules, atual estreito de Gibraltar, e fundaram colônias na Espanha e Marrocos, além de comerciar com as ilhas britânicas.
Abulafia completa: ‘Quando pensamos em sociedades que tiveram um grande impacto na história mundial, muitas vezes nos esquecemos do “povo púrpura”. Os gregos deram esse nome a seus parceiros comerciais marítimos, os fenícios, por causa do raro corante roxo que eles faziam com conchas de caracóis. E embora os fenícios se autodenominassem Can’ani (cananeus), o nome que os gregos deram a eles parece ter permanecido’.
Navio fenício-púnico, de uma escultura em relevo descoberta em sarcófago do século II a.C (Crédito:www.ancient.eu)O historiador afirma que ‘os fenícios devem receber o crédito pelas rotas longas que criaram, chegando até o litoral do Norte da África‘.
‘Por volta do ano 800’, diz, ‘esse passeio os levará pelo estreito de Gibraltar, chegando em Cádiz e além, pois uma das características distintivas do comércio fenício no Mediterrâneo era que estes comerciantes do extremos leste do mar também exploravam o ponto de saída no extremo oeste, obtendo acesso ao oceano Atlântico’.
Fenícios, os primeiros a navegar sem avistar terra
Abulafia sugere a rota usada para chegar até Gibraltar.
‘Eles devem ter tomado uma rota norte passando por Chipre, Rodes e Creta, depois através do amplo espaço do mar Jônio até o sul da Sicília, sul da Sardenha, Ibiza e o sul da Espanha. Esse salto pelo mar Jônio os deixou sem nenhuma terra à vista, conforme faziam sua trajetória da Sardenha para as ilhas Baleares’.
A Fenícia, uma grande potência ao seu tempo.O professor explica que, ‘a tendência dos micênicos (que antecederam os fenícios) fora contornar lentamente pelas beiradas do mar Jônio passando por Ítaca, rumo ao calcanhar da Itália’…
‘Na jornada de volta para Tiro, os fenícios iam costeando junto ao grande litoral do Norte da África, mas mesmo então um enorme cuidado era necessário: havia baixios e bancos de areia traiçoeiros…por outro lado, Cartago com portos consideráveis, oferecia um refúgio e ajudava a garantir a segurança de águas tão distantes do lar, onde abundava piratas gregos e etruscos’.
Naufrágios confirmam a excelência dos barcos fenícios
Atualmente, encontros de naufrágios confirmam a excelência dos barcos fenícios. Na época, estas embarcações eram consideradas as melhores. Segundo o professor Abulafia, ‘os fenícios forneceram a espinha dorsal da Marinha Persa no Mediterrâneo, embora se esperasse também que os gregos jônicos fabricassem navios para a marinha real’.
Isso aconteceu, acrescentamos, na histórica Batalha de Salamina, quando pela primeira vez o Ocidente entrou em conflito com o Oriente. De um lado, 1.200 navios persas (a maioria construída pelos fenícios), do outro, apenas 300 navios defensores gregos. No final os gregos, com um quarto dos navios atacantes, venceram os persas usando não a força mas a estratégia naval.
Para o professor Abulafia, ‘junto com os gregos e os fenícios os etruscos (outra civilização que notabilizou-se especialmente no mar) remodelaram o Mediterrâneo ajudando a criar interconexões que abarcaram todo o oceano’.
O alfabeto fenício
Quando falamos que o ‘alfabeto que usamos veio dos fenícios’, não é bem assim. O alfabeto atual passou por um longuíssimo período de adaptação até chegar ao que conhecemos hoje. Mas, sim, os primeiros a utilizarem um sistema ainda que rústico de escrita, foram os fenícios.
Recorremos uma vez mais ao historiador e professor David Abulafia: ‘Os gregos também reconheciam os fenícios como a fonte do alfabeto que se tornou a base de seu sistema de escrita’. E mais que isso, ‘a Fenícia era a origem dos modelos artísticos que transformaram a arte da Grécia e da Italia arcaicas numa era de grande efervescência criativa’.
Em resumo, o alfabeto fenício é a base para a maioria das línguas ocidentais escritas hoje.
Mapa das rotas fenícias, e de suas cidades, no Mediterrâneo e além.Uma civilização sofisticada e avançada que resistiu por 3 mil anos
Portanto, fica claro que os fenícios eram uma civilização sofisticada e avançada em vários aspectos. Segundo Sanford Holst, ‘era uma sociedade voltada ao comércio marítimo, sempre criando parcerias com seus compradores. Curiosamente, os fenícios respeitavam as mulheres, algo único naqueles tempos, e ainda pode-se dizer que criaram uma sociedade igualitária na partilha da riqueza’.
Outra característica da sociedade era a forte preferência por privacidade e o segredo na construção de barcos’.
‘Uniram-se numa sociedade real, em vez de serem um grupo de seguidores dominados por um líder forte. Todos os membros da comunidade eram sócios nos ganhos do comércio. Eles ainda eram pacíficos por preferência e, igualmente, um grupo pequeno se comparado a seus vizinhos’.
A cooperação com os egípcios
Sanford Holst explica que um dos primeiros povos a quase depender dos fenícios e suas mercadorias foram os egípcios. Em 2650 b.C., o faraó Quenerés construiu a primeira estrutura de pedras do Egito. Por aquele tempo os malteses já construíam templos de pedra quase há mil anos. E os fenícios os conheciam porque usavam a ilha de Malta como estaleiro’.
Provavelmente, os fenícios trouxeram os artesãos de Malta para a construção. A cooperação entre estes povos parece que funcionou bem. A pirâmide de degraus foi construída com sucesso. Então, assumiu o primeiro rei da quarta dinastia, Seneferu, e as coisas começaram a mudar.
O faraó iniciou uma campanha militar brutal contra a Núbia, quando trouxe de volta sete mil cativos deste pequeno país. Em seguida, atacou a Líbia (África) e trouxe mais onze mil cativos. Enquanto isso, os fenícios eram os únicos fornecedores de madeira para o faraó que também quis construir navios. Anos depois, os barcos para subir o Nilo já alcançavam 50 metros de comprimento.
A Grande Pirâmide de Gizé e os fenícios
A pirâmide de Seneferu era igualmente enorme, numa escala nunca antes vista. Após sua morte, seu filho Khufu também conhecido como Quéops, assumiu o trono. Logo, passou a ser odiado pela população a quem impunha sua vontade. Quéops criou em seu tempo a Grande Pirâmide, a primeira e maior das três pirâmides de Gizé.
Pirâmides de Gizé e o rio Nilo.‘Os fenícios, então, providenciaram dois barcos de cedro para serem colocados dentro da Grande Pirâmide para o uso do rei em sua eventual viagem ao ‘rio dos mortos’. Os navios tiveram que ser transportados em peças e montados no Egito. Sabemos disso porque ambos os barcos foram descobertos em 1954, enterrados em dois cofres protetores ao lado da grande pirâmide. Os barcos foram encontrados desmontados, mas cada peça de madeira estava marcada para o perfeito encaixe’.
O barco desmontado.‘Um dos navios pode ter sido usado no funeral do faraó para levar corpo de Seneferu através do Nilo. Hoje, o navio reconstruído encontra-se em exposição numa estrutura de proteção ao lado da Grande Pirâmide’.
O barco Quéops é o maior navio preservado da antiguidade. Ele tem cerca de 49 metros de comprimento e 6,5 m de largura. O navio está em exibição no Museu do Barco Gizé-Solar, e acredita-se que tenha pertencido ao segundo faraó Quéops do antigo reino egípcio. As novidades dos navios fenícios
A potência hegemônica da época garantiu o domínio dos oceanos conhecidos — o Mediterrâneo, o Mar Vermelho, e o Índico — por meio de avanços na construção naval. Foram eles que desenvolveram a quilha, que trouxe mais equilíbrio às embarcações, além dos aríetes na proa para afundar barcos inimigos e do calafeto (vedação entre as tábuas do casco). O casco era montado com madeiras entalhadas e encaixadas com precisão, uma inovação na construção naval. As proas e os costados eram altos, garantindo mais segurança. Dessa forma, mantiveram o comércio ativo e sobreviveram por três mil anos, enquanto outros povos sucumbiam em sangrentas batalhas.
‘Ao desenvolver a quilha, afirma o professor, ‘os fenícios aumentaram de forma habilidosa o peso de suas embarcações e tornaram possível transportar grandes cargas em condições razoavelmente estáveis através do mar aberto’.
David Abulafia afirma que a modificação não tornou os barcos fenícios capazes de transportar mais carga. Naquela época a média era de 45 toneladas de carga, ‘e a capacidade dos barcos fenícios era apenas um pouco maior’.
‘O que melhorou foi a estabilidade da embarcação. Isso tornou as viagens para portos distantes no Atlântico, como Cádiz e Mogador, algo realista. E talvez tenha possibilitado até a circunavegação da África, atribuída por Homero ao século VI a.C’.
O segredo do casco
Segundo o historiador Sanford Holst ‘Considere o naufrágio em Uluburun, próximo à costa do que hoje chamamos de Turquia, mas que naquela época fazia parte da rota comercial Byblos–Chipre–Grécia’.
‘O naufrágio revelou como artesãos habilidosos construíam esses navios de maneira de forma meticulosa. Eles esculpiam cada pedaço de madeira do casco para criar uma fileira de “encaixes” ao longo da borda. Na madeira adjacente, faziam outra fileira de encaixes, alinhados exatamente em frente aos da tábua vizinha. Depois, colocavam um pequeno pedaço de madeira (cavilha) em cada encaixe de uma das tábuas, criando a aparência de uma longa fileira de dentes de madeira’.
‘Quando todas as cavilhas estavam no lugar, as duas pranchas não podiam ser separadas por nenhuma força de onda ou carga. E isso era feito em praticamente todas as pranchas do casco. Seu trabalho artesanal não era apenas bonito, mas também incrivelmente forte’.
A navegação
Entretanto, não conheciam a bússola ou qualquer outro instrumento de navegação. Baseavam-se, sobretudo, em características naturais do litoral. Além disso, usavam as estrelas, o sol, os marcos da costa, e a direção dos ventos enquanto contavam com a experiência do capitão sobre as marés, correntes.
As colônias fenícias
A mais famosa foi Cartago, localizada no que é agora a Tunísia, norte da África. Estabelecida algum tempo após 800 a.C. Eventualmente, tornaria-se uma grande cidade, tão poderosa que desafiou o império romano. Por fim, acabou destruída durante as guerras púnicas.

Antes, porém, os fenícios criaram uma rede comercial sem precedentes que foi de Chipre, Rodes, Ilhas do Mar Egeu, Egito, Sicília, Malta, Sardenha, Itália central, França, Norte de África, Ibiza, e além das Colunas de Hércules (hoje Estreito de Gibraltar).
Dessa forma, com o tempo essa rede transformou-se em um império de colônias contribuindo para que atravessassem os mares e ganhassem a confiança até chegarem a lugares tão distantes como a Grã-Bretanha (nem todos os historiadores concordam sobre a chegada ao Reino Unido) e, até mesmo, a costa atlântica da África, segundo Heródoto.
Os fenícios realizavam comércio através da galé, um navio movido a velas e remos. Eles foram creditados como os inventores do birreme, tido como o melhor navio da antiguidade. Gregos e romanos copiaram e aprimoraram o modelo.
Aí está a figura de um bireme. Imagem, www.oerproject.com.Fenícios grandes navegadores, ‘inventaram a quilha’
Das esculturas assírias em Nínive e Khorsabad, e descrições em textos como o livro de Ezequiel, na Bíblia, sabemos que os fenícios tinham três tipos de navios.
Ilustração: http://www.oocities.orgOs navios de guerra
Os navios de guerra apresentavam uma popa convexa, usavam uma grande vela retangular em um único mastro para se mover e contavam com dois bancos de remos (birreme).
O comprimento era sete vezes maior que sua largura, para carregar o número necessário de tripulantes, remadores e guerreiros. Herodotus e Tulcídides concordam que a velocidade média de uma antiga embarcação era de cerca de 6 milhas por hora.
Navio de guerra dos fenícios grandes navegadores (Ilustração: monacoreporter.com)Os navios fenícios tinham um convés e estavam equipados com um aríete na proa. A popa era igual aos navios de carga, mas a proa, muito diferente, era em si uma arma. Tinha um esporão de bronze de várias formas usado para investir e furar o casco dos navios inimigos.
Nas proas foram pintados olhos comuns e, acima deles, aberturas para cabos de ancoragem. Havia na proa um arco usado por guerreiros, ou catapultas; e um pós-castelo no final da popa que abrigava o capitão e os oficiais. Havia, ainda, dois lemes para a direção, um de cada lado da popa.
Os navios de comércio
O segundo tipo foi para fins de transporte e comércio. Estes eram semelhantes aos primeiros, mas, com cascos largos, ‘inchados’, eram bem mais pesados. Tinham um grande espaço de carga.
Navio de carga dos fenícios grandes navegadores (Ilustração: peopleofonefire. com)O comprimento era quatro vezes maior que sua largura e sua capacidade de carga, de cerca de 450 toneladas. Uma frota podia consistir em até 50 navios de carga. Algumas foram retratadas em relevos sendo escoltadas por vários navios de guerra.
Para o especialista Sanford Holst,‘os navios de combate, as galé, com suas fileiras de remos, podiam ter uma tripulação de mais de cem pessoas. Esse é um tamanho muito bom. Mas mesmo esses eram pequenos em comparação com os navios de carga fenícios, com seus cascos vastos e arredondados. Esses navios oceânicos foram construídos para cargas enormes e longas viagens. Eles faziam viagens dos portos do Mediterrâneo para Cádiz, Lixis e outros destinos na costa do Oceano Atlântico da Espanha e do Marrocos, e tinham de fazer cada viagem valer a pena’.
Para encerrar, afirma o historiador, ‘as pessoas observaram que esses navios de carga navegaram pelos mares por muitas centenas de anos a.C. Eram comparáveis em tamanho aos navios de Colombo que navegaram para a América em 1492 d.C. Thor Heyerdahl, o explorador moderno, observou que os fenícios poderiam ter navegado até a América Central. Não sei se eles fizeram isso ou não, mas as pessoas bem informadas consideram que a viagem estava dentro das capacidades dos navios e navegadores fenícios. Isso é um grande elogio a esses primeiros povos do mar e ao que eles foram capazes de realizar’.

Pesca e viagens curtas
Um terceiro tipo de embarcação, também para uso comercial, era muito menor. Aparentemente, tinha uma cabeça de cavalo na proa e apenas uma fileira de remos. Contudo, devido ao seu tamanho esta embarcação era utilizada apenas para pesca costeira e viagens curtas.
Navio fenício, circa 1300 a.C. Imagem, www.lebanonpostcard.com.Menções históricas às negações fenícias
Muito do que se conhece sobre as habilidades náuticas deste povo nos chegou através dos historiadores antigos. Heródoto, por exemplo, descreve um episódio durante a preparação da segunda invasão persa da Grécia em 480 a.C liderada por Xerxes.
O rei persa queria colocar sua frota multinacional à prova. Desse modo, organizou uma regata vencida pelos marinheiros de Sidon. Heródoto menciona igualmente que Xerxes fazia questão de viajar em um navio fenício sempre que tinha que ir a qualquer lugar por mar.
Viagens fenícias: Mediterrâneo, Atlântico, Mar Vermelho e Índico
Os fenícios não estavam limitados ao Mediterrâneo e ao Atlântico, também navegavam pelo Mar Vermelho e possivelmente no Oceano Índico. A Bíblia descreve a expedição fenícia durante o século 10 a.C. a uma nova terra chamada Ophir para adquirir ouro, prata, marfim e gemas, a mesma viagem referida por Homero.
A localização de Ophir não é conhecida, entretanto, especula-se como sendo no Sudão, na Somália, no Iêmen ou até mesmo em uma ilha no Oceano Índico.
Navio fenício à época do apogeu. Ilustração, http://viewzone.com/phoenician.boat.jpg.No Atlântico…
O antigo historiador Diodoro afirmou que os fenícios chegaram às ilhas do Atlântico da Madeira, das Ilhas Canárias e dos Açores. No entanto, não há evidências arqueológicas de contato fenício direto, apenas a descoberta em 1749 de oito moedas cartaginesas que datam do século III a.C.
Chegando à Grã-Bretanha…
Os marinheiros da colônia Cartago, a mais bem sucedida da Fenícia, teriam navegado para o antigo Reino Unido em uma expedição liderada por Himilco em 450 a.C.
Navio fenício. Século 13 a.C. Ilustração, museu de Filadélfia.Circunavegação da África
Uma das mais memoráveis viagens foi descrita por Heródoto. O ‘Pai da História‘ conta que no final do século VII a.C., os fenícios foram instruídos pelo faraó Necho para circunavegar o continente africano de leste a oeste numa viagem de três anos.
Há quem diga que ‘se qualquer nação pudesse reivindicar ser o mestre dos mares, seriam os fenícios’, por exemplo, o historiador Mark Cartwright.
Assista ao vídeo de uma réplica de navio fenício em navegação
Outras Fontes: http://ageofex.marinersmuseum.org; www.worldhistory.biz; phoenicia.org; www.ancient.eu; monacoreporter.com; www.oocities.org; peopleofonefire.com; https://lebanonculture.wordpress.com/2010/04/20/phoenicians-lebanons-epic-heritage/; https://phoenician.org/ancient_ships/.
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