Conheça o Estreito de Malaca, um dos mais movimentados do planeta
Pode parecer estranho, mas os oceanos também têm as ‘esquinas movimentadas’ das grandes cidades. Neste caso, são as passagens marítimas que se revelam as mais importantes e estratégicas. É o caso do Canal da Mancha, o mais movimentado do mundo com mais de 500 navios passando por ele todos os dias, ou da Passagem Noroeste que agora está se abrindo com o aquecimento, ou o Estreito de Ormuz, do outro lado do mundo e principal rota do petróleo no Oriente Médio. E ainda existem aquelas construídas pelo homem, caso do Canal do Panamá, ou o monumental Canal de Suez, aberto em meados do século 19 e terminado em apenas 10 anos. Aqui, na América do Sul, temos a Passagem, ou Estreito de Drake, que interliga o Atlântico ao Pacífico. Contudo, atualmente uma das mais movimentadas, e assim mais importantes passagens marítimas, é o Estreito de Malaca.
O principal gargalo da Ásia
Com cerca de 900 quilômetros de comprimento (550 milhas), o Estreito de Malaca é o principal gargalo da Ásia e uma das rotas marítimas mais congestionadas. O canal liga o continente ao Oriente Médio e à Europa, e por ele passam cerca de 40% do comércio mundial. Mais de 100 mil navios o atravessam todos os anos.
Em seu ponto mais estreito, em Cingapura, ele tem apenas 2,7 quilômetros de largura, criando um gargalo natural e uma área propícia a colisões, encalhações, etc.
Sentiu a importância de uma ‘esquina’ oceânica? Quando elas ‘entopem’, como as esquinas mais movimentadas de São Paulo ou Manhattan, o mundo todo para. Vamos recordar o pânico mundial com o encalhe do navio porta-contêineres de quase 400 metros de comprimento, Ever Given, em 2021 no Canal de Suez.
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‘Separadamente, dados da Lloyd’s List mostraram que o navio encalhado bloqueava aproximadamente US$ 9,6 bilhões em comércio ao longo da via navegável a cada dia. Isso equivale a US$ 400 milhões e 3,3 milhões de toneladas de carga por hora, ou US$ 6,7 milhões por minuto’.
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Os limites do Estreito de Malaca
O Estreito de Malaca conecta o Oceano Indico com o Oceano Pacífico. Ele está situado entre a Península Malaia, a nordeste, e a ilha indonésia de Sumatra, a sudoeste, ligando o Mar de Andaman e o Mar do Sul da China. É a rota marítima mais curta, mais de 1/3 mais curta do que sua alternativa mais próxima, entre fornecedores de petróleo e gás natural do Oriente Médio e os mercados em crescimento do Leste e Sudeste Asiático.
Segundo o Paradigm Shift ‘o estreito propicia pelo menos 1 trilhão de dólares em comércio global anualmente. Tem nove dos dez portos mais movimentados do mundo, e cerca de 60% do comércio marítimo global passa por esta região.
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O Estreito de Malaca também foi crucial para o comércio e viagens nos tempos medievais. Por textos históricos, o porto foi nomeado após o Sultanato de Malaca, que controlava a região e o Estreito do século XIV ao início do século XV.
Este canal natural tem sido usado continuamente desde a antiguidade por comerciantes como romanos, gregos, chineses e indianos. Sua importância estratégica também o tornou uma fonte de atrito internacional do século XV até os dias modernos.
Segundo o Asia Scotland Institute, ‘o lendário almirante chinês Zheng He estabeleceu uma base aqui no início dos anos 1400, transformando-a em uma das grandes cidades comerciais do mundo. Um século depois, foi conquistada pelos portugueses.
No século 16 a fiscalização do estreito de Malaca era particularmente importante para o comércio de especiarias e estava a cargo dos portugueses, a nação marítima preponderante daquele tempo. Nós já mostramos a importância de Malaca como um ‘empório asiático‘.
Depois passou ao comando holandês e britânico.
O Estreito na antiguidade
Como uma importante passagem marítima sempre teve o controle das nações mais avançadas na arte da construção naval e da navegação. E a referência mais antiga que se tem é do século 7.
Quem explica é Sinara Bueno. ‘No século 7, o império marítimo de Srivijaya (antigo império malaio localizado na ilha de Sumatra), subiu ao poder e sua influência se expandiu para a península malaia e Java. O império obteve controle efetivo sobre dois principais pontos de estrangulamento no sudeste da Ásia marítima: o Estreito de Malaca e o Estreito de Sunda’.
‘Ao lançar uma série de conquistas e ataques a portos rivais em potencial em ambos os lados do estreito, Srivijaya garantiu seu domínio econômico e militar na região, que durou cerca de 700 anos. Srivijaya obteve grandes benefícios com o lucrativo comércio de especiarias com mercadores chineses, indianos e árabes’.
O controle do Estreito de Malaca hoje
Os Estreitos de Malaca e Cingapura estão dentro das águas territoriais da Indonésia, Malásia e Cingapura. De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que entrou em vigor em 1994, a administração da segurança do Estreito, incluindo a manutenção de auxílios à navegação, é de responsabilidade desses três países.
A pirataria moderna é um problema
Para encerrar, as informações mais recentes sobre o Estreito a carga da Marine Insight. ‘Embora a maior parte da cobertura da mídia se concentre nos piratas da Somália, o Sudeste Asiático é um dos mais perigosos e inseguros em termos de crime marítimo. Os mais vulneráveis são o Estreito de Singapura, o Estreito de Malaca e as águas da Indonésia’.
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Se o Estreito fosse bloqueado, seria difícil para a China obter seu suprimento de energia e matérias-primas de nações africanas onde investiu bilhões em projetos de mineração e empreendimento de construção.
O renomado autor naval e criador da série de jogos de guerra Harpoon, Larry Bond, disse que a China tem uma preocupação real de que a Índia possa fechar o Estreito. “Se a Índia quisesse interromper o comércio com a China, tudo o que teria que fazer seria estacionar um grupo de navios no Estreito de Malaca. E pronto, nada mais passará por ali.”
Finalmente, afirma o Marine Insight, ‘o Estreito de Malaca tem cerca de 34 naufrágios desde a década de 1880. Eles são perigosos. Os navios podem colidir com alguns deles, já que as águas são bastante rasas e ele é ‘estreito em alguns pontos.
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