Botos da baía de Guanabara: eles estão morrendo

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Botos da baía de Guanabara: cerva de 40 morrem por ano devido a poluição

Botos da baía de Guanabara: o animal símbolo da cidade do Rio de Janeiro está seriamente ameaçado de extinção. Oceanógrafos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro há mais de 20 anos monitoram a população de botos-cinzas da Baía de Guanabara.

Fora da área de proteção ambiental da baía

Fora da área de proteção ambiental da baía, há uma grande quantidade de peixes mortos. O cheiro é ruim e forte. Existem toneladas de savelhas, ‘uma prima’ da sardinha, mostos. De acordo com os cientistas esses peixes podem ter morrido por poluição, algas tóxicas ou contaminação das águas.

Botos da baía de Guanabara, imagem de botos na baía de guanabara
Botos da baía de Guanabara

Os botos são as grandes estrelas da Guanabara

Na primeira contagem feita nos anos 80, eram mais de 300. Agora essa população está em menos do que 40 animais, segundo os oceanógrafos.

As fêmeas do boto-cinza dão à luz a um único filhote, a cada três ou quatro anos.

Apesar da do alto nível de poluição, os botos-cinza vivem e se reproduzem na Baía de Guanabara. Eles são monitorados pelo Projeto Maqua, do Departamento de Oceanografia da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Os mamíferos se concentram na região do canal central e da Área de Preservação Ambiental de Guapimirim, ao norte da Baía de Guanabara. Os animais escolhem esses lugares por serem menos poluídos, segundo o professor da universidade, Alexandre Azevedo.

Botos da baía de Guanabara, imagem de botos na baía de guanabara
Botos da baía de Guanabara

Nos últimos 14 anos foram identificados 82 botos

Pelos menos 30 já não são mais vistos. No entanto, dez animais com marcas naturais que permitem a identificação são sempre observados desde 1999. Alexandre explica:

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Acompanhamos, por exemplo, o caso de um boto que nasceu na Baía de Guanabara, alcançou a idade adulta, se reproduziu e vive lá até hoje. Essa é uma grande vitória

 Botos vivem em média 30 anos

Os botos vivem em média 30 anos. Eles vêm tendo dificuldades de reprodução. Uma possível causa seria a contaminação do meio.
– “O nível de contaminantes [ascarel, um óleo usado como isolante em geradores e capacitores, e o pesticida DDT, usado na agricultura] nos tecidos dos botos é enorme e pode causar problemas hormonais e disfunções no sistema reprodutor”, afirma o professor.

Os botos são os únicos mamíferos que ainda frequentam a Baía. Outras duas ou três espécies de golfinhos e uma espécie de baleia já foram identificadas no passado, mas já não são encontradas.

O Projeto Maqua desenvolve pesquisas e projetos de preservação desses animais desde 1992 em todo o Estado do Rio.

Usando a foto-identificação

Desde 1995, o MAQUA estuda a população de botos da Baía de Guanabara usando a foto-identificação. Esta técnica permite identificar cada boto por meio das marcas naturais presentes em sua nadadeira dorsal. As marcas  funcionam como se fossem impressões digitais. Cada boto tem um padrão diferente.

Botos da baía de Guanabara, imagem de botos na baía de guanabara
Botos da baía de Guanabara

Uma campanha educativa existe com o intuito de divulgar a presença do boto na baía e sensibilizar o público, em especial as crianças, sobre a necessidade de sua preservação.

Morre o boto símbolo da Baía de Guanabara, monitorado há 20 anos

Símbolo da luta pela preservação da espécie, uma fêmea de boto-cinza, chamada carinhosamente de Sem Lóbulo, morreu em abril de 2015 e sua carcaça foi encontrada, na praia da Engenhoca, na Ilha do Governador. Monitorada desde 1995, a fêmea era um dos amuletos dos pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Uerj (MAQUA/Uerj).

Metade de sua nadadeira cortada

A fêmea foi identificada através da técnica foto-identificação quando ainda era muito jovem, em 1995. Naquela época, ela sofreu algum tipo de agressão, provavelmente provocada pelo homem. Por isso teve metade de sua nadadeira cortada. Todos achavam que ela não sobreviveria sem parte da nadadeira, mas ela se adaptou e nadava normalmente. Foi uma das fêmeas que mais criou filhotes na Baía nos últimos 15 anos.

A morte do boto-cinza na Baía de Guanabara deixou todos da equipe do MAQUA/UERJ especialmente tristes. Ela era um símbolo de esperança dessa população tão ameaçada.

Segundo o pesquisador José Lailson Brito, a Sem Lóbulo estava aparentemente doente e magra nos últimos tempos. Mas seu aspecto vinha melhorando. Apesar da perda, não haverá prejuízo à pesquisa. O grande problema é a falta de recursos. O pesquisador declarou:

Dá um desânimo. Um empreendimento atrás do outro sendo licenciado, poluição infinita, governos que se sucedem e não resolvem o problema… Nem as Olímpiadas estimulam a mudança do quadro de degradação da Baía. A UERJ está sem repasse de verba do governo estadual e os professores estão em receber bolsas de pesquisa (bolsa Prociência)

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