Barbatanas de tubarão: procura ameaça a espécie

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Barbatanas de tubarão: procura ameaça a espécie. A cada ano entre 70 e 100 milhões são mortos

Este é mais um hábito chinês que provoca sérios danos ao ambiente marinho. Hong Kong é o maior importador de barbatanas de tubarão do mundo e responsável por cerca de metade do comércio global. As barbatanas vendidas em Hong Kong vêm de mais de 100 países e 76 espécies diferentes de tubarões e raias, um terço das quais está em perigo.

imagem de tubarões mortos sem suas barbatanas
Imagem, The Guardian.

Os ocidentais procuram mostrar status e poder ao oferecerem caviar em suas festas. Os asiáticos, em especial os chineses, o fazem oferecendo sopa de barbatanas para seus convidados. O meio ambiente marinho paga a conta.

O Brasil infelizmente contribui para esta matança. A cada ano mais cargas ilegais de barbatanas são apreendidas.

Barbatanas de tubarão: procura ameaça a espécie

O Mar Sem Fim já alertou que, ao acabar com os tubarões como vem acontecendo por motivos fúteis e mesquinhos, a pesca industrial está contribuindo para um tremendo e definitivo abalo em toda a cadeia de vida dos oceanos. Eliminando os tubarões, a pesca acaba com o que os pescadores mais precisam: abundância de peixes! Predadores de topo de cadeia são responsáveis pela manutenção do equilíbrio no ecossistema marinho.

imagem de barbatanas de tubarão em depósito
Imagem, The Guardian.

Mas, a despeito dos protestos mundo afora, a prática persiste. Em maio de 2020, as autoridades alfandegárias fizeram a maior apreensão de barbatanas de tubarão da história de Hong Kong: 26 toneladas, contidas em dois contêineres do Equador, cortadas dos corpos de 38.500 tubarões em extinção.No Equador, os mares perdem tubarões, mas no Peru a situação é ainda pior: pescadores matam golfinhos em grande quantidade para usá-los como isca na captura de tubarões.

Se os mares do Equador empobrecem com a perda de tubarões, nas águas territoriais do Peru a situação é ainda mais grave: além dos tubarões, golfinhos são mortos em grande número para servirem de isca para capturar esses mesmos predadores.

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Massacre bárbaro

Quando içam os tubarões a bordo, decepam suas barbatanas à ponta de faca. Em seguida, jogam os animais feridos de volta ao mar, onde afundam, incapazes de nadar. Muitos acabam devorados por outros predadores enquanto ainda sangram, mesmo com a prática proibida em vários países.

Imagem de tubarão-martelo indo ao fundo sem as barbatanas
Imagem, https://seasave.org/shark.

Em Hong Kong, a venda e o consumo de barbatana de tubarão continuam legais, embora produtos de tubarões em extinção exijam uma licença. O comércio ilegal pode levar a até 10 anos de prisão e multa, mas, segundo o jornal The Guardian, os processos são raros.

Uma pesquisa da Fundação Hong Kong Shark de 2018 revelou que 85% dos restaurantes chineses na cidade ainda oferecem pratos de barbatana de tubarão. Andrea Richey, diretora da fundação, afirmou: “Quando soube que mais de 100 milhões de tubarões são mortos todos os anos e que 50% desse comércio global vinha de Hong Kong, fiquei horrorizada. Estamos lidando com um problema global. Nos últimos 50 anos, perdemos até 90% de algumas populações de tubarões.

Ao pesquisar sobre o tema na net o Mar Sem Fim encontrou como menor cifra, ’70 milhões de mortes anuais de tubarões’. As maiores, como a do Guardian, citam 100 milhões de animais mortos. Seja uma ou outra, ambas são assustadoras. Já abordamos o massacre de tubarões nestas páginas, mas considerávamos que a matança tinha diminuído, até encontrarmos esta matéria de 2020.

Campanhas de conscientização fracassaram

Foram e continuam sendo muitas. Mas os resultados, a julgar pela matéria do Guardian, não surtiram os efeitos desejados. No mundo existem mais de 450 espécies de tubarões, muitas nas listas dos ameaçados de extinção. Segundo o Guardian, nem isso fez o comércio diminuir.

Por este motivo a ecologista da fundação de Hong Kong propõe colocar todos os tubarões na lista das espécies em extinção. “Se você perguntar aos donos das lojas, muitos deles não sabem quais espécies de tubarões estão vendendo e, portanto, não sabem se estão infringindo a lei”, diz Richey.

Pressão em cima dos restaurantes de Hong Kong

O Guardian conta que enquanto permanece a matança, alguns ecologistas trabalham em frentes diferentes. Um grupo escolheu trabalhar com pescadores da Indonésia, país que mais captura tubarões. Eles os preparam para uma transição da pesca para o turismo. Os pescadores treinam para levarem turistas em passeios, deixando a pesca de lado.

imagem de restaurante em Hong Kong que serve sopa de barbatanas de tubarão
Imagem, The Guardian.

Outro, trabalha pressionando restaurantes.”Após uma campanha de protestos contra restaurantes, o Maxim’s, o maior grupo de restaurantes de Hong Kong, concordou em janeiro de 2020 em retirar a barbatana de tubarão de seus menus. No entanto, outros, particularmente o Choi Fook Wedding Banquet Group e o Palace Banquet Group – que atendem exclusivamente ao mercado de casamentos de Hong Kong – continuam a vender em volume barbatanas de tubarão.”

SHARK FINNING – SEA SAVE FOUNDATION

O site desta fundação explica: “As populações de tubarões estão diminuindo rapidamente em escala global. Muitos pescadores preferem continuar com a prática em vez de trazer tubarões inteiros ao mercado, porque as barbatanas são muito mais valiosas do que o resto do corpo, às vezes são vendidas por até US$ 500 por libra (US$ 1.100 por quilograma).”

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“A crueldade não é a única razão para interromper essa prática. Outro fator importante é que o comércio de barbatanas tem efeito catastrófico nas populações mundiais. Aproximadamente 100 milhões de tubarões são mortos globalmente a cada ano. Com seu crescimento lento e baixas taxas de reprodução, os tubarões são altamente suscetíveis à extinção.”

Tratando o meio ambiente como se fôssemos olímpicos e inatingíveis, onde vamos parar? Pensando bem, nós merecemos a pandemia da covid-19, concorda?

Imagem de abertura: https://seasave.org/shark

Fontes: https://www.theguardian.com/environment/2020/jul/06/shark-finning-why-the-oceans-most-barbaric-practice-continues-to-boom?CMP=share_btn_fb&fbclid=IwAR0AYPtp5W_EP0rJ83zKrzKnx1vPWsgchuB0VWQsVxDTg69WnWX9otdi3-8; https://seasave.org/shark-finning/?gclid=Cj0KCQjwl4v4BRDaARIsAFjATPkcNww3cZfG7Q1_m_n06sAEdFlVBTvS9ax6UGdFy3-zJJ6PlfNOArcaAqXkEALw_wcB.

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Comentários

4 COMENTÁRIOS

  1. Não adianta condenar a ameaça de extinção de tubarões se não cuidamos das nossas próprias florestas e do ecossistema que depende delas (incluindo nós). Muito triste, espero que haja uma fiscalização e punição dessa prática :/

    • Até os educadíssimos japoneses contribuem caçando Baleias. Os oceanos e rios não sustentam mais a pesca predatória. Quem quiser comer peixe deveria optar por peixes de cativeiros.

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