Aquecimento altera eixo da terra há 30 anos
O giro da Terra depende, em parte, da distribuição de peso ao redor do planeta — assim como o formato define o giro de um pião. Os polos geográficos norte e sul marcam os pontos onde o eixo de rotação cruza a superfície. Mas eles não ficam parados. Quando a massa da Terra se redistribui, o eixo também muda. E, com isso, os polos se movem. No passado, apenas fatores naturais, como correntes oceânicas e a convecção de rochas quentes na Terra profunda, contribuíram para a posição à deriva dos pólos. Mas uma nova pesquisa mostra que, desde a década de 1990, a perda de centenas de bilhões de toneladas de gelo por ano nos oceanos resultantes da crise climática fez com que os pólos se movessem em novas direções.

Aquecimento global altera eixo da terra há 30 anos
É incrível, mas nosso estilo insustentável de viver provocou a alteração até mesmo no eixo do planeta. Desde os anos 90 ouvimos falar sobre uma possível mudança dos polos do planeta. O que teria levado a isso? Alguns cientistas chamavam o fenômeno de ‘deriva polar’.

Nos últimos 30 anos, o eixo terrestre, a linha reta imaginária que cruza o centro da Terra e ambos os polos geográficos, teve uma deslocação acelerada. Segundo a investigação, a posição dos polos mudou cerca de quatro metros no sentido leste.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaMas os pesquisadores não conseguiam descobrir os motivos, porque naquela época não havia observações diretas por satélite da distribuição da água ao redor do globo. Hoje os satélites conseguem a proeza. Foi então que descobriram os motivos.
O derretimento das camadas de gelo nos polos, combinado com o bombeamento de água subterrânea para a agricultura, alterou a distribuição da água no planeta o suficiente para fazer o eixo do planeta mudar.
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A atividade normal do planeta leva a que esta movimentação aconteça naturalmente. As alterações das massas podem ser provocadas pelas mudanças na atmosfera, nos oceanos ou na parte sólida da Terra. Contudo, o que a investigação indica, é que a ação humana é um dos motores da aceleração observada desde 1990, isto é, as alterações climáticas.
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Praia dos Ingleses (SC) destruída depois da engorda conforme previsãoRecifes de corais de águas quentes atingem ponto de inflexãoAquecimento global promove ‘mudanças abruptas na Antártica’Em 2002, a NASA e o Centro Aeroespacial Alemão lançaram os satélites Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE), que usavam medições do campo gravitacional da Terra para monitorar mudanças no gelo, na água líquida e na crosta terrestre.
As medições do GRACE
As medições precisas do GRACE permitiram que os geocientistas analisassem as várias causas das mudanças polares na era pós-2002. Estava claro que o derretimento do gelo, impulsionado pelo aquecimento global, tinha influência.

Em 2013, por exemplo, pesquisadores relataram na revista Geophysical Research Letters que o rápido derretimento do gelo na Groenlândia causou uma mudança para o leste do Polo Norte por volta de 2005.
Criatividade no novo estudo
Descobrir o que causou as mudanças antes de 2002, porém, exigiu criatividade. Os pesquisadores sabiam que a deriva polar mudou para o leste em 1995 e que aumentou 17 vezes entre 1995 e 2020, em comparação com 1981 a 1995. Mas eles não sabiam os motivos.
Liu e seus colegas usaram as observações do mundo real de como os polos mudaram na década de 1990 e criaram dois cenários possíveis de distribuição de água global para ver qual explicava melhor as mudanças.
No primeiro cenário, as mudanças na distribuição da água ao redor do mundo entre 1981 e 2020 foram semelhantes ao que foi registrado pelo GRACE entre 2002 e 2020.
No segundo, os pesquisadores levaram em consideração as observações do derretimento do gelo durante o período anterior. O segundo cenário, responsável pelo derretimento do gelo, correspondeu melhor ao que realmente aconteceu com a deriva polar, descobriram Liu e seus colegas.
O derretimento do gelo nas regiões polares explica a maior parte da deriva polar. Os pesquisadores relataram isso em 22 de março, na revista Geophysical Research Letters. A perda de água em regiões não polares responde pelo restante da mudança. Essas alterações na distribuição da água têm causa humana — assim como a mudança climática.
A água para agricultura
Os seres humanos bombeiam uma quantidade incrível de água subterrânea para a agricultura e para o consumo. Por exemplo, somente na Índia, em 2010, as pessoas moveram 351 trilhões de litros de água de reservatórios subterrâneos para campos agrícolas, escreveram os pesquisadores em seu artigo.
A Califórnia e o norte do Texas também mostraram grandes mudanças de massa devido ao bombeamento de água subterrânea.
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18 bilhões de toneladas de água nos últimos 50 anos
Os especialistas estimam que, nos últimos 50 anos, os seres humanos extraíram 18 bilhões de toneladas de água de reservatórios subterrâneos profundos, o que nunca foi reposto.
Por causa da física de rotação, o movimento da água subterrânea nas latitudes médias tem um efeito mais forte na deriva polar para a mesma quantidade de água em latitudes mais altas, acrescentaram eles, de modo que essas mudanças se somam rapidamente.
No geral, as mudanças na deriva polar não são perceptíveis na vida diária. Elas podem alterar a duração do dia em um milissegundo ou mais com o tempo, disse Vincent Humphrey, cientista do clima da Universidade de Zurique, que não esteve envolvido na pesquisa.
Assista ao vídeo que mostra o degelo do Ártico em razão do aquecimento global
Imagem de abertura: Live Science
Fontes: ttps://www.livescience.com/climate-change-shifts-poles.html?utm_source=Selligent&utm_medium=email&utm_campaign=LVS_newsletter&utm_content=LVS_newsletter+&utm_term=3019238&m_i=Mf2hwOyRBHSa8Hd1y1YYc__DtmLTzNuHA1LtxSpXlkoXAiQtn34VEDcceqmSGYU4Loy861rbfpWwS5r7DLMsXwKiow5ymtHA3JDM6ELMMI&lrh=8e1cd04a145044f13a60b167b39d244956ee92dc8fbb7d51676bdd432a1f88ab; https://pplware.sapo.pt/ciencia/alteracoes-climaticas-estao-a-mudar-o-eixo-da-terra-que-se-passa-com-o-nosso-planeta/.











