Década da ONU da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável, 2021-2030
Eles continuam pedindo socorro depois de anos de maus tratos e exploração insustentável. Especialmente nos derradeiros 50 anos, tem sido um generalizado massacre. Conseguimos a proeza de mudar o pH de suas águas, tornando-as mais ácidas. E as entupimos com mais de 8 milhões de toneladas de plástico por ano– que matam mais de 100.000 animais marinhos no mesmo período. E os estoques de peixes são arrasados impiedosamente, com auxílio da mais moderna tecnologia. Isso, e muito mais, justifica a Década da ONU da Ciência do Oceano , 2021-2030.
Década da ONU da Ciência do Oceano, 2021-2030
E dezembro de 2017, as Nações Unidas anunciaram a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, de 2021 a 2030. A meta é mobilizar a comunidade científica, legisladores, empresas e a sociedade civil para um programa de pesquisa conjunta e inovação tecnológica. Em nota, a Unesco diz que a Década da Ciência Oceânica facilitará uma melhor planificação e gestão do espaço marítimo e dos recursos oceânicos e costeiros.
Oxalá…
Objetivos do desenvolvimento Sustentável
O site da organização explica quando, e por que foram criados: “Em 2015, os países tiveram a oportunidade de adotar a nova agenda de desenvolvimento sustentável e chegar a um acordo global sobre a mudança climática. Essas decisões determinarão o curso global de ação para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas.”
Os desejos são lindos e altruístas mas, serão realistas?
“Essa agenda, lançada durante a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, foi discutida na Assembleia Geral da ONU, onde os Estados-membros e a sociedade civil negociaram suas contribuições.”
Objetivo 14: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
Saiba quais são os objetivos em relação aos oceanos.
14.1 Até 2025, prevenir e reduzir significativamente a poluição marinha de todos os tipos, especialmente a advinda de atividades terrestres…
14.2 Até 2020, gerir de forma sustentável e proteger os ecossistemas marinhos e costeiros para evitar impactos adversos significativos, inclusive por meio do reforço da sua capacidade de resiliência…
14.3 Minimizar e enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos…
O relatório “Impacts of Ocean Acidification on Coral Reefs and Other Marine Calcifiers” indica que entre 1800 e 1994 os oceanos absorveram 118 bilhões de toneladas de carbono. Isto fez com que, tradicionalmente alcalinos, se tornassem mais ácidos ao diminuir a concentração de íons carbonatos. Estes íons são usados por organismos marinhos para formar conchas e os esqueletos que os revestem.
Mas alguns ítens do ambicioso Objetivo 14
14.4 Até 2020, efetivamente regular a coleta, e acabar com a sobrepesca, ilegal, não reportada e não regulamentada e as práticas de pesca destrutivas…
Isso soa impossível. A pesca industrial só é semi-paralisada quando as portas do inferno são abertas e vomitam coronavírus e pandemias como a da covid-19.
14.5 Até 2020, conservar pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas, de acordo com a legislação nacional e internacional…
14.6 Até 2020, proibir certas formas de subsídios à pesca, que contribuem para a sobrepesca…
O papel aceita tudo. Mas a indústria da pesca mundial não aceita menos que US$ 35 bilhões de dólares em subsídios anuais. E a situação não vai mudar, não há força capaz de brecar a pesca mundial.
14.7 Até 2030, aumentar os benefícios econômicos para os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos, a partir do uso sustentável dos recursos marinhos…
Isso se até lá os pequenos Estados insulares ainda existirem. Muitos estão sendo tragados pela elevação do nível do mar. Kiribati é um dos exemplos. A República das Fíji, mais um.
14.a Aumentar o conhecimento científico, desenvolver capacidades de pesquisa e transferir tecnologia marinha…
É sabido que conhecemos mais sobre o espaço sideral, que sobre os oceanos que cobrem 71% do planeta. Já não era sem tempo.
14.b Proporcionar o acesso dos pescadores artesanais de pequena escala aos recursos marinhos e mercados…
14.c Assegurar a conservação e o uso sustentável dos oceanos e seus recursos pela implementação do direito internacional, como refletido na UNCLOS [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar], que provê o arcabouço legal para a conservação e utilização sustentável dos oceanos e dos seus recursos, conforme registrado no parágrafo 158 do “Futuro Que Queremos”….
Enquanto isso, no País de Macunaíma…
Parece que o Brasil não vai dar muita bola, ainda não se sabe, trata-se de palpite. Mas palpite ancorado no fato de que temos um radical, que não acredita nos fatores humanos como causadores do aquecimento global, ocupando a cadeira de ministro do Meio Ambiente.
Seu primeiro ano de gestão foi dramático. As chamas da Amazônia assustaram o mundo. E sua falta de sensibilidade quase põe a pique a COP 25. Enquanto isso, os planos do MMA para o litoral e a zona costeira, e as mudanças climáticas que engolem litorais mundo afora, foram para a gaveta.
E nada foi colocado no lugar.
Temos que ter muita esperança.
Imagem de abertura: ONU
Fontes: https://news.un.org/pt/story/2017/12/1602672-onu-lanca-decada-da-ciencia-oceanica-para-o-desenvolvimento-sustentavel; https://www.publico.pt/2020/04/24/ciencia/opiniao/papel-oceano-combate-covid19-1913456; https://nacoesunidas.org/pos2015/; https://nacoesunidas.org/pos2015/ods14/.
DIZ-SE NO BRASIL QUE O INFERNO ESTÁ CHEIO DE ALMAS DE GENTES QUE TIVERAM BOAS INTENÇÕES E QUE SE APRENDE PELA SABEDORIA OU PELA DOR. O CÉU DEVE SER UM LOCAL TRANQUILO E FRACAMENTE POVOADO. ESCREVER É FÁCIL E NOS PAPEIS CABEM LINDAS POESIAS.