Ama, últimas sereias do mar japonesas, venha conhecê-las
A tradição marítima mundial é infindável e interessante. Faz parte de nossa historia, começou milhares de anos atrás quando o homem deixou a África nas primeiras migrações que o levou à Eurásia, Europa, e Américas. Aprendemos, na escola, que a grande migração aconteceu a pé, entretanto, estudiosos sabem hoje que ela aconteceu tanto a pé, como em canoas e balsas em navegações costeiras. E, à medida que se fixavam em determinados lugares, estas tradições ganharam, aos poucos, contornos regionais. Uma delas, Ama, últimas sereias do mar japonesas.
A última população de mergulhadores de conchas do Japão
Atualmente, o Japão conta com a última população Ama, as mergulhadores de conchas. Ao mesmo tempo, com o seu modo de vida e cultura cada vez mais ameaçados, pode ser o fim de uma antiga tradição.
Conta a BBC, que “a região de Ise-Shima, na província de Mie, está repleta dessas tradições. E nenhuma é mais fantástica do que as histórias sobre as Ama, mulheres enigmáticas do mar. Elas foram registradas pela primeira vez na mais antiga antologia japonesa de poesia, a Man’yoshu, no século VIII. É uma lenda. Remonta há 3.000 anos.”
Por que mulheres?
Quem responde é o www.messynessychic.com. “As moças, algumas apenas garotas, também colhiam conchas de algas, além do mais próspero abalone (tipo de concha orgânica) com pérolas, mergulhavam em águas freqüentemente congelantes, por 2 minutos de cada vez.”
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Além disso, também poderiam ganhar mais dinheiro em uma única temporada do que a maioria dos homens em sua aldeia faria em um ano.”
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Mergulhos sem roupa
Desde o início, as Ama mergulhavam sem roupas. O motivo é explicado pelo www.messynessychic.com. “Você pode estar se perguntando por que você está vendo tantas mulheres nuas.”
“A roupa moderna não se tornou disponível até o final da década de 1950, assim, como o aqualung e snorkel. E os trajes de algodão disponíveis eram desconfortáveis para as mulheres quando molhadas. Além disso, faziam sentirem-se muito mais frias quando saíam da água do que se não usassem nada.”
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Ama original e nos dias modernos
No passado, elas mergulhavam atrás de pérolas. Em seguida, frutos do mar entre os quais abalones, ouriços-do-mar, caracóis, lagostas e polvos, algas marinhas, etc.
Em média, mergulham a 10 metros, cerca de dois minutos de cada vez, sempre em águas frias, com fortes correntes e outros percalços, onde encontros com tubarões não são raros. Se antes o faziam nuas, evoluíram para uma roupa tradicional de pano branco e, finalmente, venceram-nas as roupas de borracha.
As Ama, últimas sereias do mar japonesas
A BBC anuncia o fim da tradição.”Enquanto os amadores que ainda abraçam essa antiga tradição e continuam a encontrar liberdade e fraternidade nas ondas abertas, elas o fazem em números cada vez menores. Hayashi e Nakanishi aceitam o fato de que podem ser as últimas de sua geração.”
“Suas filhas não estão interessadas, consequentemente, a idade média em sua comunidade chegou a 65. Incrivelmente, o mergulhador livre mais velho de Ise-Shima está no final dos 80 anos.” Uma declaração de Hayashi não deixa dúvidas sobre o fim. “Precisamos mais mulheres para se tornar Amas, então, nossa tradição não morre. Mas, de onde virão? Isso me deixa muito triste.”
Assista ao vídeo Japan’s Last “Ama” – The Female Fishers Who Free-Dive For Seafood (HBO)
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O fim se avizinha
Agora, como tantas e tão belas tradições, esta também parece ter chegado ao epílogo. BBC, “O problema é que poucas jovens japonesas veem os benefícios. Sob a pressão da queda dos estoques de frutos do mar, o comércio não é tão lucrativo quanto antes, e os empregos em Osaka, Nagoya e Tóquio, muito mais atraentes.
Em um dia ruim, o mergulho livre pode trazer apenas 2 mil ienes – uma recompensa escassa pelo risco. A Ama também se tornou vítima da pesca comercial, que continua a reduzir drasticamente a abundância disponível.
O abalone, altamente valorizado, chega a custar até 10.000 ienes por kg no mercado mas, em uma tentativa de encorajar a regeneração de estoques e salvaguardar níveis sustentáveis, as regulamentações governamentais apertam a cada ano, muitas vezes impedindo as Ama de buscar mariscos.”
O turismo ainda pode salvar a tradição
BBC: “Ainda assim, o salvador da Ama pode ser sua história. No ano passado, quatro tradicionais ama-goya, as cabanas rústicas onde as mergulhadoras relaxam e se socializam, abriram para turistas, com veteranos como Hayashi cozinhando moluscos para os hóspedes. Estes cavernas de praia rudimentares oferecem, sobretudo, uma janela para um modo de vida clandestino e antiquado.
Por enquanto, porém, Hayashi diz que essa nova iniciativa fortaleceu sua determinação.”Eu amo o meu trabalho e não o mudaria”, concluiu, com um brilho otimista. “Enquanto eu estiver saudável e feliz, tenho pelo menos mais 20 anos em meus pulmões e pernas. Então, vou continuar mergulhando. É o que nasci para fazer.”
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Há muitas outras comunidades que desenvolveram o mergulho por mera sobrevivência, caso do povo Bajau. Mas, nada se compara às Ama japonesas. Confira abaixo.
Assista ao trailer de ‘Ama divers’. Ponha em tela grande, os mergulhos merecem são de ‘tirar o fôlego’. Você nunca viu nada igual.
Ama divers – trailer – UK from kate thompson-gorry on Vimeo.
Imagem de abertura – Ama, últimas sereias do mar japonesas. Imagem, www.messynessychic.com.
Fontes – https://www.messynessychic.com/2013/11/01/the-last-japanese-mermaids/; http://www.bbc.com/travel/story/20160829-the-last-mermaids-of-japan; https://www.theguardian.com/film/2019/may/17/ama-san-review.
A tradição japonesa é incrível. O progresso tem um custo alto em termos de história e tradição.
Na Ilha de Sado, no Mar do Japão, também existem e são bem mais jovens.
Linda matéria!
Ao visitar uma empresa que produz pérolas por um processo artificial, na cidade de Ise, tive a oportunidade de presenciar uma sessão de mergulho com as Ama Divers, mas era simplesmente para turistas em horários programados. Como atividade produtiva está em extinção.
Lindo! Que bela tradição, que imagens, e que fortes e belas mulheres!
O Japão viveu por séculos dependendo do mar para sua alimentação e o budismo não era favorável a consumirem quadrupedes então os pescados e demais frutos do mar eram partes importantesde suas dietas como largas espécies de algas super saudáveis, crustáceos, ouriçios, amplo escpectro dos moluscos e é lógico os pescados. As mulheres mergulhadoras extraiam/cultivavam as algas e os moluscos produtores de pérolas. Hoje em dia os mares “não estão para peixes” e as especies rareando por problemas diversos como aquecimento global, acidificação das águas principalmente no Mar do Japão que recebe grande carga de poluentes oriundos da China bem como a expansão assustadora das águas vivas Nomura.
Também na Coreia existem as mulheres mergulhadoras (apninéia ou sem tanques de oxigênio) e muitas delas com oitenta anos e em plena atividade, que também serão lembradas como parte da cultura.
O problema do Mar do Japão não é a China, mas os próprios japoneses.
Morei no Japão por 12 anos e quando fui embora lembro que estavam começando a testar um tipo de beneficiamento de arroz que evitasse que o mesmo fosse lavado (musenmai), pois é a água da lavagem do arroz que mais polui os mares japoneses, isso sem contar na tradição japonesa em pesca predatória, sendo agora mais mundialmente conhecida depois que o Japão, de forma retrógrada, resolveu voltar a caçar baleias.
A China, claro, polui não só os mares como o planeta todo, mas não se pode colocar a culpa nela sobre os problemas que os próprios japoneses ajudam a criar.
muito interessante, pena está morrendo a tradição japonesa … gostei do pequeno filme e pude apreciar a história. Att; Brilhante Silva