Orla do Rio de Janeiro: praias podem desaparecer totalmente

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Orla do Rio de Janeiro: praias podem desaparecer até o fim do século

Um estudo da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – Coppe – revela ameaça à orla do Rio de Janeiro. O primeiro parágrafo do trabalho, que acaba de ser publicado, não é nada auspicioso: Imagine um futuro sem as faixas de areia de Copacabana ou Ipanema. Sem espaço para estender uma canga, caminhar à beira-mar ou simplesmente contemplar o oceano. “Esse cenário, que parece distópico, é justamente o alerta que pesquisadores da Coppe/UFRJ trazem em um estudo inédito, publicado na revista Natural HazardsPara este site isto não é novidade. Há mais de 10 anos temos alertado que o País dorme sono esplêndido em se tratando de aquecimento global, o poder público nunca levou a sério a questão. Agora, temos que correr atrás do prejuízo.

Orla do Rio de Janeiro
Imagem, www.orlario.com.br.

Impactos da elevação do nível do mar na região do Rio de Janeiro

Antes de mais nada, vamos recordar que não foi por falta de aviso. Há mais de 20 anos cientistas alertam para o perigo. Quanto a este site, em 2021  publicamos o post Cidades brasileiras mais ameaçadas pelo avanço do mar. O texto destacava o Rio de Janeiro, Santos, e Porto Alegre, entre outras, como as cidades mais vulneráveis. E, em 2013, alertamos que o nível do mar poderia subir até 85 cm até 2100. Por causa disso, muitas vezes leitores desavisados nos chamavam de ‘ecoterroristas’.

Voltemos ao estudo da UFRJ. Segundo o site da Coppe, ‘o estudo aponta que bairros como Copacabana, Ipanema, Leme, Leblon, Botafogo e Flamengo estão entre os mais ameaçados. Em muitos casos, não há espaço físico para a faixa de areia se mover à medida que o mar avança. Portanto, isso pode levar à perda total dessas áreas de lazer e identidade cultural’.

‘Além disso, a simulação mostra um aumento preocupante na extensão das lagoas costeiras. Entre elas  a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Lagoa de Piratininga. Contudo, há mais, por exemplo o risco de desaparecimento dos manguezais remanescentes da Baía de Guanabara — ecossistemas cruciais para o equilíbrio ambiental e a contenção de enchentes’.

Uma ferramenta para políticas públicas na orla do Rio de Janeiro

O Mar Sem Fim já cansou de mostrar que Marina Silva simplesmente ignora a zona costeira. E, enquanto o mundo planta mangues, o Brasil os decepa. Voltando ao texto da Coppe, os pesquisadores salientam que ‘mais do que um alerta, o estudo, realizado pelo Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce), oferece uma ferramenta estratégica para políticas públicas’. 

E pontua: ‘Mesmo em cenários climáticos mais otimistas — com o aquecimento global sendo estabilizado até 2100 — os impactos sobre o litoral carioca são inevitáveis se medidas locais de adaptação não forem adotadas desde já’. 

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‘Ações ancoradas em dados, ciência e planejamento de longo prazo’

Por fim, diz o texto, ‘este estudo mostra que enfrentar a crise climática exige ações ancoradas em dados, ciência e planejamento de longo prazo. A pesquisa da Coppe reforça o papel estratégico da universidade pública. É sua obrigação gerar conhecimento aplicado, com potencial direto para orientar políticas públicas, proteger populações vulneráveis e preservar o patrimônio ambiental e cultural da cidade’.

A ver se o Estado vai acordar. Infelizmente, não acreditamos. O Brasil não tem tradição de planejar nada a longo prazo. Para além disso, o atual governo está perdido, é improviso total. Não há um rumo claro, e o Executivo depende de um Congresso comandado por grupos que utilizam suas posições e influência para obter vantagens pessoais ou para fins ilícitos, em detrimento do bem público.

Esperamos estar errados.

Imagem de abertura: www.orlario.com.br.

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