Mortalidade em massa do ouriço-do-mar ameaça os corais

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Mortalidade em massa do ouriço-do-mar ameaça os corais

Os oceanos estão enfrentando uma ameaça silenciosa, mas devastadora. Uma equipe internacional de pesquisadores identificou um patógeno responsável pela mortalidade em massa do ouriço-do-mar. Este mesmo parasita, scuticociliado, que desencadeou  mortes no Caribe está agora no Mar Vermelho e no Oceano Indico. Os ouriços são essenciais para a saúde dos recifes de coral. Segundo a Tecno Science, ‘a alarmante descoberta diz respeito a um parasita identificado como a causa da mortalidade em massa no Mar Vermelho e perto da ilha Reunião no Indico. Os cientistas agora temem uma propagação para o Oceano Pacífico, onde alguns dos maiores recifes de coral do mundo estão localizados.
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Imagem, Tel Aviv University.

Qual o papel do ouriço-do-mar no ecossistema?

Os ouriços-do-mar desempenham um papel crucial nos ecossistemas de corais, agindo como “jardineiros”. Eles se alimentam de algas. Assim, impedem sua proliferação excessiva que poderia sufocar os corais. Esta relação simbiótica permite que os corais recebam luz suficiente para o seu crescimento e sobrevivência, revelou o Tecno Science.

Sem ouriços-do-mar, as algas podem dominar os recifes, transformando esses ecossistemas ricos em biodiversidade em áreas dominadas por algas. Essa mudança tem consequências desastrosas para a vida marinha selvagem que depende dos recifes de coral para seu habitat e comida.

Descoberta da Universidade de Tel Aviv

Segundo nota pública, estudos recentes e inquietantes realizados pela Universidade de Tel Aviv revelaram uma epidemia mortal responsável pela dizimação generalizada de ouriços-do-mar no Mar Mediterrâneo e no Golfo de Eilat. Durante apenas alguns meses, toda a população de ouriços-do-mar negros em Eilat foi erradicada. Por exemplo, há algumas semanas, milhares de ouriços que habitavam um local perto da costa norte do Golfo de Eilat pereceram. A gravidade da epidemia é tal que apenas restos esqueléticos de ouriços pretos agora ocupam o local.

De forma perturbadora, especialistas observaram ocorrências semelhantes em vários outros locais no Golfo de Eilat e em países vizinhos, entre os quais a Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Grécia e Turquia.

O Dr. Omri Bronstein da TAU, que liderou o estudo, disse que “Esta é uma crise ecológica crescente. Ela ameaça a estabilidade dos recifes de coral em uma escala sem precedentes. Aparentemente, a mortalidade em massa que identificamos em Eilat em 2023 se espalhou ao longo do Mar Vermelho e além – para Omã, e até mesmo até a Ilha da Reunião no Indico.”

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Imagem, Jean-Pascal Quod.

A mortal  pandemia que dizima a população de ouriços-do-mar, em todo o mundo, foi observada pela primeira vez no Caribe em 1983. Um patógeno não identificado eliminou um grande número de Diadema antillarum (D. antillarum), desencadeando um terrível efeito  cascata. Sem ouriços-do-mar para controlar o crescimento de algas, os recifes dominados por corais fizeram a transição para paisagens dominadas por algas, que bloquearam a luz solar e interromperam a estabilidade do ecossistema. Décadas mais tarde, nem os recifes de corais nem as populações de ouriços se recuperaram totalmente.

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Identificando a ameaça

O estudo recente concentrou-se no surto na Ilha da Reunião, onde as populações de Diadema setosum e Echinothrix diadema foram devastadas. O objetivo era investigar suas causas potenciais e consequências ecológicas para os ecossistemas de recifes de corais. Os pesquisadores documentaram sintomas semelhantes aos observados em surtos anteriores: os ouriços-do-mar infectados apresentaram primeiro movimentos lentos, seguidos de perda de pés tubulares, desprendimento de espinhos e rápida deterioração dos tecidos.

Usando ferramentas de genética molecular, eles identificaram com sucesso o patógeno responsável pelos surtos de 2023: um parasita scuticociliado – o mesmo agente por trás do declínio catastrófico de Diadema antillarum no Caribe.

Como o patógeno se espalhou?

A equipe apresentou duas hipóteses principais para explicar por que a pandemia surgiu neste momento específico. A primeira é a do transporte, que sugere que a atividade humana introduziu involuntariamente o patógeno em novas regiões. Grandes navios cargueiros levam a água de um local e a liberam em outro, possivelmente transportando organismos marinhos microscópicos através dos oceanos.

A segunda hipótese – a hipótese da virulência desencadeada pelo clima – é ainda mais alarmante. Essa teoria propõe que o patógeno sempre existiu nesses ambientes, mas só recentemente se tornou letal devido a mudanças nas condições oceânicas, como o aumento da temperatura ou a alteração da química da água.

“Esse é um desafio de uma magnitude totalmente diferente, que nós, como biólogos marinhos, temos meios muito limitados para enfrentar”, disse Bronstein.

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