São 27 espécies de cetáceos na Bacia de Santos
Em meio à pandemia interna de más notícias dos últimos tempos esta merece comemoração. E tudo começou com o combatido Licenciamento Ambiental, do Ibama. Depois da exigência, cinco anos atrás, a Petrobras iniciou o Projeto de Monitoramento de Cetáceos na Bacia de Santos (PMC-BS). Os resultados são alentadores: 27 espécies de cetáceos na Bacia de Santos.
27 espécies de cetáceos na Bacia de Santos, show de biodiversidade
O Projeto de Monitoramento de Cetáceos na Bacia de Santos realizou até agora 33 campanhas de coleta de dados, em 759 dias com pesquisadores em campo. Foram mais de 159 mil quilômetros percorridos.

A riqueza da Bacia de Santos até agora conhecida era a do petróleo do pré-sal. Dos dez poços com maior produção no Brasil, nove estão localizados na região.

O licenciamento ambiental faz parte da legislação, hoje em xeque, que exige que atividades que empregam recursos naturais ou que possam causar danos como poluição ou degradação sejam feitos. Foi em razão desta exigência que a Petrobras iniciou o monitoramento da vida marinha na Bacia de Santos não por ela ser ‘boazinha’, ou ‘amiga do meio ambiente’. Foi em razão de lei, hoje ameaçada.
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Ilhabela em último lugar no ranking de turismo 2025Garopaba destrói vegetação de restinga na cara duraCores do Lagamar, um espectro de esperançaCom os resultados até agora divulgados ficamos sabendo que há duas riquezas: petróleo, e uma incrível variedade de cetáceos incluindo o mais ameaçado de todos, o leviatã dos oceanos, a baleia-azul o maior animal da Terra que pode chegar a mais de 30 metros e pesar até 180 toneladas.
Com a caça predatória e o lento processo de reprodução do animal, estima-se que restem 3.000 baleias-azuis dos oceanos. Saber que elas também se reúnem por aqui é uma excelente notícia.
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Projeto de Monitoramento de cetáceos na Bacia de Santos
Os dados acabam de ser divulgados. E provocaram entusiasmo entre pesquisadores. A área monitorada vai de Florianópolis até Cabo Frio, e cobre as águas costeiras e oceânicas, até uma distância de 350 km da costa e mais de 2.000 metros de profundidade. Das 27 espécies de cetáceos descobertas, sete sofrem ameaças de extinção.

O biólogo Leonardo Wedekin, coordenador técnico do projeto, declarou: “Os dados produzidos permitem responder diversas questões sobre biologia dos cetáceos, por exemplo onde as espécies estão e por qual motivo, como se movimentam, para onde migram, quantos animais existem, como se comportam e como se comunicam.”
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Cânion submarino ao largo de Cananéia
Leonardo contou que estavam na região do cânion submarino ainda não batizado, ao largo de Cananéia, quando avistaram a maior concentração dos animais na Bacia de Santos. “Um dia inesquecível, foi a primeira baleia-azul que avistamos.”
“Estávamos na região de um cânion submarino que descobrimos se tratar de uma das regiões com maior concentração de baleias e golfinhos da Bacia de Santos. No final da tarde, subiu perto do barco, de repente, um animal colossal, era a baleia-azul. Aquele registro foi o primeiro da espécie pelo PMC e para todos da equipe, que possui profissionais com décadas de experiência na pesquisa com cetáceos”
Os pesquisadores coletam pequenas amostras de pele e gordura dos animais, ao mesmo tempo em que implantaram transmissores satelitais que mostram seus deslocamentos. Para Leonardo, “no longo prazo estes dados servirão para avaliar como as diversas atividades humanas realizadas no oceano impactam estas espécies que têm enorme importância ecológica para os ecossistemas marinhos.”
Os cetáceos avistados na Bacia de Santos
Além das três baleias em risco de extinção, os pesquisadores avistaram, em 2019, cerca de 40 cachalotes (Physeter macrocephalus) a mais de 300 quilômetros do litoral de São Paulo, durante uma das fases do projeto. Ainda entre os ameaçados constavam as toninhas, a baleia-franca, e o boto-cinza.

Os pesquisadores avistaram grupos com até 30 baleias-sei e descobriram que esses animais vêm ao nosso litoral não só para se reproduzir, mas também para se alimentar. Cânions submarinos são ricos em vida marinha, daí a presença de predadores como baleias e golfinhos.
O projeto de monitoramento da Petrobras é o maior do gênero na América Latina. Os pesquisadores registraram 2.431 detecções visuais e 1.096 acústicas de grupos de cetáceos odontocetos — golfinhos e baleias com dentes — e também de misticetos, as baleias com barbatanas.
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Projetos de pesquisa no mar custam caro e são raros. Por isso, essas descobertas têm tanto valor. Sem a exigência do licenciamento, elas jamais existiriam. O licenciamento ambiental, que o governo quer ‘melar’, visa a integração da proteção do ambiente no processo de desenvolvimento sustentável.
E está de acordo com Princípios 4, 8 e 11 da Declaração da ONU Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) e Princípio 17 da Declaração da ONU Conferência sobre o Ambiente Humano (1972), embora na mira do ‘ministro’ do Meio Ambiente.
Bacia de Santos concentra cerca de 70% dos cetáceos do mar brasileiro
Os pesquisadores avistaram 20 espécies de golfinhos e estimam que a Bacia de Santos abrigue cerca de cem mil indivíduos. O biólogo José Olímpio, coordenador do projeto, confirmou: “Essa é uma área muito rica, onde vivem cerca de 70% das espécies de baleias e golfinhos do mar brasileiro.”
Imagem de abertura: Uilson/Socioambiental Consultores Associados
Fontes: https://g1.globo.com/google/amp/jornal-nacional/noticia/2020/11/06/pesquisadores-fazem-registros-ineditos-de-baleias-e-golfinhos-no-litoral-brasileiro.ghtml; https://tnpetroleo.com.br/noticia/petrobras-registra-27-especies-de-baleias-e-golfinhos-na-bacia-de-santos-ao-longo-de-5-anos/; https://www.comunicabaciadesantos.com.br/noticia/pmc-5-anos-um-trabalho-de-pesquisa-sem-precedentes-com-golfinhos-e-baleias-na-costa.









