Vaquita, conheça o cetáceo mais ameaçado do mundo
A Vaquita, também conhecida como boto do pacífico bem como Panda do Mar em razão de manchas negras nos olhos, é um cetáceo endêmico do extremo norte do Golfo da Califórnia, ou Mar de Cortez.

Vaquita, e baleia de Rice cetáceos mais ameaçados
Das 129 espécies de mamíferos marinhos, a vaquita é a menor, e considerada a mais ameaçada. Em 2017, havia 60 indivíduos; em 2016, 30. E o número caiu mais ainda.
A última contagem do Comitê Internacional para a Recuperação da Vaquita (CIRVA), mencionava apenas 12 indivíduos em 2018. Esta guerra parece estar perdida. Mas o que mais incomoda, é motivo da possível extinção: a pesca ilegal, e o tráfico de animais silvestres.
Ainda assim, o final de 2021 foi um ano especial para os biólogos marinhos. Uma nova espécie de baleia foi descoberta no golfo do México. Isto é algo extremamente raro. Contudo, não houve muito tempo para a comemoração. Logo em seguida os especialistas ficaram desapontados: a espécie já está ameaçada de extinção, saiba o motivo.
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Quem conta é o site earthjournalism.net: “A bexiga natatória do peixe totoaba tem sido chamada de “cocaína do mar” porque, quando contrabandeada do México para a China, é vendida por US $ 40 mil a US $ 60 mil por quilo graças a supostas qualidades medicinais. O peixe acabou classificado como ‘criticamente em perigo’. Consequência da frenética procura.”
“E a situação do outro animal que é pego em redes de totoaba, é ainda mais terrível. O comércio ilícito fez com que o menor mamífero marinho do mundo, a vaquita, praticamente se extinguisse. Na última contagem apenas 12 permanecem vivos.”
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Venda de bexiga natatória da pescada amarela no Pará
Observação do Mar Sem Fim: o Brasil vive o mesmo absurdo — especialmente no Pará. Lá, o quilo da bexiga natatória da pescada amarela vale R$ 1.000. Esse é o preço pago ao primeiro elo da cadeia: o pescador.
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Encalhe em massa de orcas na Terra do Fogo preocupaOrcas da Península Ibérica afundam veleiros por brincadeiraGoverno reverte a decisão sobre a pesca do tubarão-azulDepois que o peixe é fisgado, retiram a bexiga e revendem. O produto passa por mais dois ou três atravessadores antes de chegar ao porto e ser exportado. A cada etapa, o valor sobe — no mínimo — 50%.
Em seguida elas passam pelas mãos de mais dois, ou três atravessadores, até chegarem ao porto e serem exportadas. A cada novo passo da cadeia, o preço sobe no mínimo 50%.
Três problemas de uma só vez
O relato do earthjournalism.neté bom porque reforça o poder destrutivo do arrasto, que temos denunciado ao longo do tempo. É com redes de arrasto ,ou de emalhe, que pescadores ilegais caçam o totoaba.
Como não são seletivas, as redes trazem em suas malhas também a vaquita. Cansamos de propor que o arrasto seja proibido no Brasil. Como as autoridades não tomam conhecimento, sugerimos o boicote por parte do consumidor. São as armas que temos.
É preciso se acostumar a usá-las. É assim que funciona a democracia, um jogo constante de pressões da sociedade. E além do arrasto, o texto põe o dedo na ferida ao abrir espaço para o tráfico de animais silvestres, e a pesca ilegal. Curiosamente, sempre que estes ‘predicados’ estão presentes, a China também está.
Programa para salvar a vaquita, “um dos mais importantes e épicos fracassos da conservação”
Foi assim que se referiu Andrea Crosta, ao programa para salvar a vaquita .Ela é investigadora da vida selvagem. E contou que a causa das vaquitas mobilizou cerca de US $ 100 milhões nos últimos 10 anos.
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E explicou: “Durante anos e anos, eles tentaram resolver a questão da vaquita / totoaba, concentrando-se apenas no mar e apenas nos pescadores. A chave para parar a pesca e o tráfico ilícito de totoabas é em terra e, mais precisamente, visando os comerciantes ilegais chineses que residem no México.”
E arrematou: “É uma questão criminosa que deve ser colocada nas mãos de especialistas criminais. E não de biólogos como tem sido feito há anos.”
Contrabando e lavagem de dinheiro
Essa ‘é uma briga de cachorro grande’, como diz o ditado. Quem se mete em contrabando e lavagem de dinheiro são gângsters, associados a outros bandidos mundo afora.
Andrea Crosta diz que “os cartéis que compram a bexiga da totoaba e a contrabandeiam para a China, também estão envolvidos na lavagem de dinheiro.”
O esquema ilegal
O earthjournalism.net explica: “O comércio de totoaba é apenas uma pequena fatia de um bolo muito lucrativo. Em todo o mundo, o tráfico ilegal de animais silvestres vale dezenas de bilhões de dólares.
Está levando dezenas de espécies à extinção enquanto enriquece os sindicatos criminosos. Em uma recente conferência em Londres, pesquisadores disseram que a “evidência do fracasso” está frustrando os esforços para detê-lo. Crosta diz que o declínio da vaquita é um excelente exemplo.
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A reação internacional
A reação internacional contra o tráfico ilegal nos parece pequena em face do poderio dos cartéis. Como a própria matéria explica, ‘o tráfico movimenta algumas dezenas de bilhões de dólares’.
Ao pesquisar apenas quanto vale o tráfico, chegamos a números diferentes. Para o site http://factsanddetails.com “O comércio ilegal de animais – que inclui o tráfico de marfim, partes de tigre, chifre de rinoceronte, barbatana de tubarão, aves exóticas, pele de réptil, carne silvestre e produtos da vida selvagem – está avaliado em pelo menos US $ 10 bilhões e pode ser o dobro disso”.
O WWF tentou responder à mesma pergunta: afinal, quanto vale o tráfico de animais? Segundo a organização, é difícil estimar. Como referência, o TRAFFIC calculou que, no início dos anos 1990, o comércio legal de produtos da vida selvagem movimentava US$ 160 bilhões por ano em todo o mundo.
Além disso, existe um mercado ilegal lucrativo e crescente. Mas, por operar na clandestinidade, ninguém consegue estimar com precisão o valor real desse comércio.
Segunda maior causa de perda de biodiversidade
De acordo com o WWF, “o tráfico é a segunda maior ameaça direta às espécies após a destruição do habitat.” Para se ter ideia do tamanho da operação saiba que “o comércio envolve centenas de milhões de plantas e animais silvestres de dezenas de milhares de espécies. Existem registros de mais de 100 milhões de toneladas de peixes, 1,5 milhão de aves vivas e 440.000 toneladas de plantas medicinais comercializadas em apenas um ano.
Príncipe William defende a causa
No evento de Londres “o governo do Reino Unido anunciou um aumento de 3,5 milhões de libras para a abordagem que Crosta defende, chamando-o “o maior projeto conhecido do tipo para reprimir crimes financeiros associados ao comércio ilegal de animais selvagens. No mesmo dia, o príncipe William lançou uma “força-tarefa financeira da vida selvagem” (wildlife financial taskforce). Mais de 30 bancos e instituições financeiras se comprometeram a “não facilitar ou tolerar conscientemente fluxos financeiros derivados do comércio ilegal de animais silvestres e corrupção associada.”
Ao lançar a iniciativa William declarou:
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Não podemos permitir que essa luta seja uma prioridade apenas para os conservacionistas
Outro que se uniu à causa foi o ator Leonardo di Caprio com sua fundação, e a do milionário mexicano Carlos Slim. Resta saber se ainda há tempo…
Ok, qualquer ajuda é bem-vinda, claro, mas não sabemos se é suficiente. A disparidade de forças entre os dois lados pende muito pro ilegal. Mas…
E quanto ao futuro da vaquita?
“Não acredito que as últimas vaquitas possam sobreviver a outra temporada de pesca como vimos este ano”, diz Crosta. “Portanto, é fundamental agir agora com os comerciantes chineses no México e parar a cadeia de fornecimento, do mar de Cortez, à China. Se, mais uma vez, focarem apenas nos pescadores, perderemos a vaquita. ”
Assista ao vídeo animação e conheça mais sobre a vaquita (O vídeo é de 2017, por isso informa ‘que ainda existem 50 animais’. Hoje, como foi dito, restam apenas 12).
Fontes: http://factsanddetails.com/world/cat52/sub333/item2511.html; https://wwf.panda.org/our_work/wildlife/problems/illegal_trade/.