Superiate Bayesian afunda no porto em Palermo

Superiate Bayesian afunda no porto em Palermo

Na madrugada desta segunda-feira, 19 de agosto, o superiate Bayesian estava ancorado no porto de Palermo, quando um tornado atingiu a área pouco antes das 5 da manhã, destruindo o barco e fazendo-o desaparecer rapidamente sob as ondas. O veleiro de 56 metros, construído pela Perini Navi em 2008 e reformado em 2020, tinha a bordo o magnata britânico Mike Lynch, sua família, convidados, e 12 tripulantes, totalizando 22 pessoas. Com 75 m, o mastro do veleiro era o segundo mais alto instalado em qualquer barco do mundo e o mais alto já feito de alumínio. A esposa de Lynch, Angela Bacares, foi resgatada junto com outras 14 pessoas, mas Mike Lynch e sua filha continuam desaparecidos. O casal estava a bordo  com vários funcionários de uma das empresas para um feriado na Sicília.

O veleiro ganhou vários prêmios por sua construção

O desenho, ou planta do super veleiro, é de autoria da admirada Ron Holland Design, uma garantia de que o barco era especial desde o nascedouro. A empresa é super bem conceituada, um dos melhores escritórios de arquitetura naval do mundo.

O Bayesian é um das 10 barcos baseados no projeto de Ron Holland, mas é a única versão com apenas uma mastro (sloop), todos os outos eram ketches (dois mastros).

Uma vez pronto, o veleiro ganhou vários prêmios pelo seu estilo, levando para casa o de Melhor Exterior no World Superyacht Awards em 2009, e o Melhor Interior no International Superyacht Society Awards em 2008. Foi também finalista do prêmio de Melhor Iate à Vela do World Superyacht Awards na categoria de mais de 45 m em 2009.

Tanto o casco como a superestrutura, a parte acima do convés principal, eram de alumínio. E, para além das velas, o Bayesian  tem dois motores de 8 cilindros e 965 cv MTU. O Bayesian, apesar de não fazer charters, está em muitos sites como o Yacht Charter Fleet.  Um veleiro equivalente ao Bayesian é o Parsifall III com 177 pés, alugado pela bagatela de US$ 252 mil dólares por semana.

Então, com todo este requinte, como ele afundou em tão pouco tempo? Esta é a grande pergunta ainda sem resposta. Contudo, uma coisa já se sabe, o veleiro enfrentou um tornado. Este fenômeno climático incomum tornou-se cada vez mais comum na Europa nos últimos anos.

15 pessoas resgatadas, 1 morto, 6 desaparecidos

Segundo a Sky News cerca de 15 pessoas foram resgatadas incluindo uma menina inglesa de um ano chamada Sofia e sua mãe, Charlotte Golunski, de 35 anos. Matthew Schanck, presidente do Conselho de Busca e Resgate Marítimo, chamou os relatos de um tornado como “raros” e “bastante alarmantes”.

“O veleiro estava ancorado em um local reconhecido como seguro”, disse Schanck. Dependendo da direção do vento e do estado do mar, o capitão decide se é uma área segura para ancorar ou não. Não havia nada que fosse preocupante demais, para o meu olho.

Apesar disso, o mastro quebrou, e o barco afundou rapidamente. Na manhã desta segunda-feira um corpo veio à tona, o do cozinheiro de bordo. O veeiro está assentado a 50 m de profundidade.  Há receio que os desaparecidos estejam dentro de suas cabines.

Em várias matérias que pesquisamos, havia a informação de que a meteorologia não teria alertado sobre o mau tempo. Por curiosidade, fomos atrás do site oficial de meteorologia da Itália. E, sim, havia aviso de mau tempo.

A rapidez do naufrágio

O tipo de vento que o veleiro enfrentou é traiçoeiro, e tem uma força descomunal. Segundo o La Stampa, capitão de  uma escuna holandesa, que estava perto do iate que afundou, Karsten Borner, disse que seu barco foi atingido por fortes rajadas de vento nas primeiras horas da manhã, mas ele conseguiu estabilizá-lo enquanto estava ancorado usando também o motor.

Esta é uma técnica bastante comum quando barcos ancorados são pegos por fortes ventos. O comandante, ao mesmo tempo em que mantém a ancoragem, usa o motor para acelerar contra o vento, mantendo a embarcação parada.

Karsten Borner também disse que, enquanto lutavam contra o tempo, notaram o Bayesian nas proximidades. Então, manobraram para evitar atingi-lo. “Conseguimos manter a escuna em posição e, depois que a tempestade acabou, vimos que o veleiro atrás de nós havia desaparecido”, acrescentou.

Já o notizie.virgilio.it informou que de acordo com as reconstruções feitas por algumas testemunhas, o Bayesian estava ancorado no porto quando o redemoinho foi desencadeado: a tempestade quebrou o imponente mastro,  causando um desequilíbrio que teria levado ao naufrágio do barco.

Quem é o dono do Bayesian?

O proprietário, de 59 anos é conhecido como o “Bill Gates britânico”. Segundo a Newsweek, criado no condado de Essex, Lynch criou a empresa de tecnologia Autonomy em 1996, e a vendeu por US$ 11 bilhões para a Hewlett-Packard em 2011.

Um ano depois, a empresa norte-americana recebeu uma baixa contábil de US$ 8,8 bilhões, depois de descobrir “sérias impropriedades contábeis” na Autonomy e acusou Lynch de uma fraude de US$ 5 bilhões. No início deste ano, Lynch foi inocentado de todas as acusações.

Resgate dramático

O Sky News ouviu uma das sobreviventes, Charlotte Golunski, cujo perfil no LinkedIn diz que ela é sócia da empresa de Lynch, Invoke Capital, onde trabalhava desde 2012. Falando após a provação,  Golunski disse aos italianos que perdeu a sua filha Sofia durante “dois segundos” no meio da “fúria” do mar, mas conseguiu recuperá-la.

“Eu a mantive com toda a minha força, com os braços estendidos para não fazê-la se afogar. Estava tudo escuro. Na água, não conseguia manter os olhos abertos. Eu gritei por ajuda, mas ao meu redor eu só podia ouvir os gritos dos outros.

Charlotte segurou a criança acima das ondas até que o barco salva-vidas estivesse pronto. “Muitas pessoas gritavam. Felizmente, o barco salva-vidas inflou e 11 de nós pudemos subir a bordo”, disse ela. O pai da menina, James Emsley, também sobreviveu, de acordo com Salvo Cocina, da agência de proteção civil da Sicília.

A BBC, que também repercutiu, qualificou o clima que o veleiro enfrentou como ‘uma forte tempestade durante a noite, que fez com que trombas d’água, ou tornados, aparecessem sobre o mar.  A metade ocidental do Mediterrâneo sofreu tempestades severas desde meados da semana passada.

A rede informou que, logo após o incidente, um barco de bandeira holandesa próximo ao local resgatou os sobreviventes das ondas, prestando assistência até a chegada dos serviços de emergência. A rede também revelou que o nome do iate, Bayesian, faz referência à teoria bayesiana—um teorema de probabilidade que calcula a chance de um evento ocorrer com base em informações prévias relacionadas ao evento. Essa teoria inspirou tanto a tese de doutorado de Lynch quanto o software que o levou à fortuna.

As buscas prosseguem

Enquanto este post era escrito, equipes de busca e resgate procuravam as seis pessoas desaparecidas nas águas próximas a Palermo, na ilha italiana da Sicília.

A revista Boat Internacional relatou que testemunhas oculares na área descreveram condições de “furacão” ao largo da costa. ‘No entanto’, prosseguiu, sites meteorológicos não registraram nenhuma tempestade severa, sugerindo que o evento climático não havia sido previsto.

Leões marinhos ajudam cientistas a mapear o fundo dos oceanos