ONU diz que espécies migratórias estão cada vez mais em perigo
Um estudo inédito da ONU realizado por cientistas revela que uma em cada cinco espécies migratórias protegidas internacionalmente estão em vias de extinção. “Bilhões de animais se movimentam regularmente todos os anos. Entre essas espécies migratórias encontram-se alguns dos animais mais emblemáticos do mundo, como tartarugas marinhas, baleias e tubarões. Graças a essas viagens incríveis, que servem de ligação entre diferentes partes do mundo, as espécies migratórias nos dão uma lente única através da qual podemos compreender a magnitude das transformações que afetam o nosso mundo”, diz o relatório da ONU. Os principais motivos desta ameaça são poluição humana, a disseminação de espécies invasoras e a crise do clima.
Primeira avaliação do Estado das Espécies Migratórias
Segundo o relatório, a culpa é dos seres humanos, por degradarem e destruírem habitats, caçarem e poluírem áreas com plásticos, produtos químicos, luz e ruído. As alterações climáticas, por sua vez, também interferem nas rotas e períodos das migrações, alterando as condições sazonais.
“Estamos descobrindo que o próprio fenômeno da migração está ameaçado”, disse a chefe do CMS, Amy Fraenkel, à AFP. Ela disse que o relatório deveria ser um “alerta sobre o que está acontecendo”.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemVicente de Carvalho, primeiro a dizer não à privatização de praiasVírus da gripe aviária mata milhões de aves mundo aforaArquipélago de Mayotte, no Índico, arrasado por cicloneSaiba quais são alguns dos animais ameaçados
Segundo o Guardian, até 97% dos tubarões, raias e esturjões da lista estão enfrentando um alto risco de extinção, com as populações diminuindo em 90% desde a década de 1970. Os gorilas e quase metade de todas as tartarugas cobertas pela convenção correm o risco de desaparecer, de acordo com a análise. Enquanto isso, aqueles que experimentam declínios incluem os maçaricos de cauda (bar-tailed godwits), que voam mais de 8.000 milhas sem escala entre o Alasca e a Austrália; o morcego frugívoro cor de palha (the straw-coloured fruit bat), que realiza a maior migração de mamíferos em toda a África, e a enguia europeia (European eel) criticamente ameaçada.
A secretária-executiva Amy Fraenkel disse ao Guardian que a tendência para o aumento do risco de extinção era uma “grande causa de alarme”. Entretanto, ponderou, também há muito que os governos podem fazer para minimizar os declínios.
PUBLICIDADE
“A razão pela qual as espécies são cobertas pela convenção é porque elas estão em apuros, portanto, não é surpreendente descobrir que algumas estão em risco. O problema é a tendência: 44% das espécies listadas estão em declínio e que o risco crescente de extinção é algo que se aplica globalmente às espécies migratórias”, disse Fraenkel.
“Três em cada quatro espécies são afetadas pela perda de habitat, sete em cada 10 são afetadas pela superexploração, que inclui a matança intencional de espécies através de caça/pesca ou envenenamento, bem como capturas acessórias.
Leia também
Esturjão, história, caviar e extinçãoTundra do Ártico emite mais carbono do que absorveVanuatu leva falha global em emissões à HaiaEste relatório serve de base para uma cúpula em Samarcanda, no Uzbequistão, que começou em 12 de fevereiro, para discutir como melhor proteger estas espécies. ‘Como muitas das espécies fazem viagens internacionais, e até intercontinentais, é preciso a união dos países para melhor protegê-las’, diz o texto da ONU.
Peixes em perigo
Segundo o relatório, o mais preocupante é que quase todas as espécies de peixes listadas no CMS – incluindo tubarões migratórios, raias e esturjões – enfrentam um elevado risco de extinção, com as suas populações diminuindo 90 por cento desde a década de 1970.
O relatório confirmou duas grandes ameaças às espécies migratórias. A sobre-exploração é uma delas. Isso inclui caça insustentável, sobrepesca e pesca incidental. A outra ameaça é a perda e fragmentação de habitat. Agricultura, expansão de transportes e infraestruturas de energia causam isso.