Espécies marinhas da costa brasileira podem chegar a 13 mil!
Espécies marinhas da costa brasileira: a mais recente revisão publicada sobre a biodiversidade da zona costeira e marinha sul-americana – divulgada em 2011 na revista PLoS One – aponta a existência de 9.103 espécies diferentes de animais, plantas e algas já conhecidas em águas brasileiras. Mas o número de espécies da costa brasileira pode chegar perto de 13 mil, segundo Maria de los Angeles Gasalla, professora no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP).
Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA-FAPESP Educação
A afirmação foi feita durante o penúltimo encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA-FAPESP Educação. Gasalla comparou os dados do artigo publicado na PLoS One por Patricia Miloslavich, pesquisadora da Universidad Simón Bolívar, da Venezuela, com números provenientes de revisões recentes feitas por pesquisadores brasileiros.
O levantamento coordenado por Miloslavich abrangeu tanto a costa do Atlântico como a do Pacífico, na América do Sul.
Espécies marinhas da costa brasileira: maior diversidade entre crustáceos
Em relação à plataforma marítima brasileira, o trabalho destaca o grupo dos crustáceos, com 1.966 espécies conhecidas. Este é o grupo de maior diversidade. Ele é seguido pelos moluscos (1.833), peixes (1.294) e poliquetas (987). Juntos, esses animais correspondem a 66,79% da biota marinha conhecida no Brasil.
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Esses números, a princípio, pareciam até mais elevados do que algumas estimativas anteriores. Mas, avaliando o artigo profundamente, percebemos que estão subestimados. Somando dados de trabalhos recentes feitos por pesquisadores brasileiros, chegamos ao número de 10.804 espécies diferentes apenas no que diz respeito à fauna marinha. Se considerarmos também a flora, o número pode chegar perto de 13 mil espécies.
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Espécies marinhas da costa brasileira: algumas podem desaparecer antes de serem descritas
Os cientistas não sabem ao certo qual é a porcentagem da biota marinha ainda desconhecida no Brasil. Acredita-se que esta seja muito alta. E que muitas espécies poderão desaparecer antes mesmo de serem descobertas. A pressão antrópica é considerada a principal ameaça à biodiversidade.
Espécies marinhas da costa brasileira e a falta de Unidades de Conservação
Segundo Gasalla, apenas 1,87% da zona marinha brasileira está protegida em Unidades de Conservação. Sendo que em torno de 10% já foram licenciados para a exploração de petróleo e gás natural. Além disso, alguns estudos mostram que diversas Unidades de Conservação não foram delimitadas criteriosamente na sua implantação.
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Uma das metas acordadas em 2010 durante a Conferência das Partes das Nações Unidas (COP 10), da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), realizada na cidade de Aichi, no Japão, é de que até 2020 pelo menos 10% das áreas marinhas e costeiras consideradas de especial importância para a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos tenham sido incluídas em sistemas de áreas protegidas.
“Não adianta, porém, sair criando áreas de proteção por meio de decretos para atender, supostamente, metas de tratados. A parte política da conservação deve caminhar junto com a fundamentação científica e com o contexto social. O processo precisa ser embasado pelo conhecimento científico, além de envolver efetivamente as comunidades locais que utilizam o mar como meio de sobrevivência, caso contrário, além de não funcionar, pode criar problemas ainda maiores”, alertou Gasalla.
Mudanças climáticas e áreas protegidas móveis
Outro tema debatido é o fato de que as áreas prioritárias para conservação nos oceanos podem mudar nos próximos anos em razão das mudanças climáticas.
Para Mariana Cabral de Oliveira, pesquisadora do Instituto de Biociências da USP,
Com o aquecimento das águas marinhas, algumas espécies podem migrar para regiões mais frias, por exemplo. Discute-se hoje a possibilidade de criar áreas de proteção móveis nos oceanos
Além disso, lembrou Oliveira, a acidificação das águas – também decorrente do aumento nas emissões de dióxido de carbono (CO2) – poderá afetar fortemente espécies de algas calcárias, conhecidas como rodolitos, existentes principalmente na região do Espírito Santo e da Plataforma de Abrolhos, na costa da Bahia.
A acidificação não apenas impede o processo de calcificação das algas como pode dissolver as paredes calcárias já existentes, fazendo com que todo o CO2 ali aprisionado seja liberado novamente na atmosfera, alertou Oliveira.
Por Karina Toledo