Nova filmagem do Titan mostra os destroços no fundo do mar
O trágico caso do afundamento do submersível Titan continua a atrair a atenção mundial. Há poucos dias a Guarda Costeira liberou nova e impressionante filmagem, além de fotos. Ambas ‘viralizaram’ na imprensa internacional. Investigadores divulgaram as imagens ao abrir uma audiência sobre o desastre. O submarino se partiu em dois, e o cone da cauda foi arrancado do restante da nave. Mas há outras novidades neste caso. Nos meses que antecederam a implosão catastrófica do submersível da OceanGate, o desespero da empresa por dinheiro já tinha preparado o cenário para a tragédia, disse o diretor de engenharia Phil Brooks na audiência desta semana da guarda costeira. A empresa estava à beira da ruína financeira, de tal forma que lhe pediram para trabalhar sem remuneração.
Problemas financeiros da OceanGate vieram à tona
Segundo o site especializado, gCaptain, ‘Phil Brooks, que saiu apenas cinco meses antes da catástrofe, testemunhou que as decisões da empresa estavam sendo conduzidas pela sua terrível situação financeira e pelo medo da falência, comprometendo a segurança no processo. Quando Phil sugeriu o adiamento de uma viagem perigosa devido ao mau tempo, foi categoricamente rejeitado. “Tinham pessoas que pagavam e tinham de ir em frente”, afirmou, resumindo a realidade arrepiante de uma empresa mais preocupada com dólares do que com vidas humanas’.
‘O CEO da OceanGate, Stockton Rush, que morreu pilotando o Titan, sofreu o peso das críticas durante os primeiros dois dias da audiência. Tony Nissen, antigo diretor de engenharia, descreveu Rush como impulsivo – tomando decisões cruciais com base na velocidade e no custo e mudando frequentemente de ideias. Nissen revelou que Rush acabou por despedi-lo por ter insistido em eliminar o primeiro casco de fibra de carbono do Titan devido a preocupações de segurança.
Onde estavam os destroços
Investigadores da audiência em North Charleston, Carolina do Sul, relataram que encontraram os destroços a várias centenas de metros do Titanic, após dias de buscas. A Comissão de Investigação Marítima informou que um veículo operado remotamente localizou o cone da cauda, bem como outros destroços em 22 de junho do ano passado. Esta ação gerou “provas conclusivas” de que o submersível sofreu uma implosão catastrófica – um colapso súbito causado por uma pressão imensa.
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Restos humanos achados confirmam os cinco mortos
Antes, vamos lembrar que o Titan e seu mergulho fatal foi uma ideia errada do começo ao fim. Desde o início das buscas, especialistas criticaram a OceanGate por optar em não buscar a certificação e operar como um submarino experimental. Além disso, desde 2021, reproduzimos uma declaração sobre as ‘vantagens’ do material escolhido por Stockton Rush, fundador da OceanGate Expeditions e criador do submersível.
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Segundo os especialistas, ‘um casco esférico distribui o estresse uniformemente, tornando-o a melhor forma para resistir às forças compressivas do abismo. Qualquer outra maneira, dizem os especialistas, tenderá a se deformar de forma desigual. Na profundidade do Titanic, cada centímetro quadrado de um submersível experimenta três toneladas de força’. Pior é que se sabe que tanto o formato, como os materiais, foram escolhidos em razão de economia.
A Comissão de Investigação Marítima informou ainda, que os restos mortais encontrados corresponderam aos cinco homens a bordo através de testes e análises de DNA.
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Segundo o Guardian, mensagens de texto enviadas da tripulação para o Polar Prince, navio de apoio, também deram uma nova visão sobre o acidente.
Em determinado momento, informa o Guardian, o Polar Prince perguntou ao Titan se a tripulação ainda conseguia ver a tela com as informações. Eles responderam: “tudo bem aqui”, enquanto continuavam a descer.
Porém na mensagem final, a tripulação enviou “dropped two wts”, (jogamos fora dois pesos de lastro) noticiou a CNN, significando que o submersível tinha liberado peso na esperança de regressar à superfície.
A informação dá a entender que os tripulantes perceberam que iriam morrer, por isso teriam liberado lastro na esperança do submersível subir à tona. Mas não é bem assim. Segundo o New York Times, de 27 de setembro, ‘ao contrário dos relatórios públicos do ano passado, os passageiros provavelmente não tinham ideia de que o navio estava prestes a implodir’.
O jornal diz que ‘o relatório sugere que os membros da tripulação não enviaram “nenhuma transmissão que indicasse problemas ou qualquer emergência”. Isso contradiz o que acabou sendo um registro de comunicações falso que circulou on-line no ano passado e falou de uma crise de tirar o fôlego, na qual os cinco viajantes lutaram em vão para retornar à superfície’.
Para o New York Times, a resposta sobre o motivo da implosão não será totalmente respondida até que a Guarda Costeira torne público seu relatório oficial de acidentes, o que pode não acontecer até o próximo ano’.
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Sócio pressionado
O Guardian revela ainda que Tony Nissen, ex-diretor de engenharia da OceanGate, disse que se sentiu pressionado para colocar o Titan na água. Segundo seu testemunho, “100%” pressionado por superiores hierárquicos.
O jornal revelou também que, segundo a ABC News, Tym Catterson, que trabalhou como empreiteiro para a OceanGate, testemunhou que não se sentia à vontade para viajar no Titan devido às suas dúvidas sobre a construção em fibra de carbono e titânio da embarcação.
Aí está… Aos poucos, como numa tragédia aeronáutica, a investigação vai revelando os erros seguidos, as falhas de materiais, e até o caráter dos chefes envolvidos, neste caso, Stockton Rush.
Em breve todos os detalhes virão à tona, e nós continuamos a cobrir o acidente até que tudo esteja esclarecido.
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