Mercado de carbono demorou; mas, regulamentamos
Acima de tudo, foram 13 anos de espera. Mas, agora, o governo federal deve publicar um decreto que regulamenta o mercado de carbono no Brasil. Segundo o site do governo, ‘O documento tem como base a Política Nacional de Mudança do Clima’. O anúncio foi feito pelo ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite, em 18/05. Além disso, precificar o carbono é a ferramenta econômica e eficaz para cumprir as metas do Acordo de Paris.
Mercado de crédito de carbono
Antes de tudo, a sua importância deve-se a um mecanismo de incentivo à preservação ambiental. Há muito havia a cobrança de regulamentação.
Consequentemente, em outubro de 2017 o Banco Mundial fez eventos em Brasília para chamar a atenção do governo, já que outros países latino-americanos tinham feito a lição de casa. Em outras palavras, estávamos sozinhos.
O Mar Sem Fim comentou no post Mercado de carbono no Brasil aguarda regulamentação (2017).
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O presidente da SOS Mata Atlântica, empresário Pedro Passos, da Natura, disse a frase acima ao Centro de Debates de Políticas Públicas – CDPP.
“Ao Brasil interessa, sim, regular esse mercado de carbono, pois temos vantagens competitivas. Isso é matemático. Temos mais facilidade para criar aqui os créditos de carbono a um custo menor.”
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Como fazer?
“O solo emite carbono, agricultura e desmatamento emitem, processos industriais também. Gado emite carbono e metano. São os chamados gases de efeito estufa. A gente quer que o País consiga compensar as emissões tornando-se carbono neutro. Como? Mudar o processo agrícola para uma ABC – a Agricultura de Baixo Carbono.”
“Por exemplo, precisa ter mais cabeças de gado concentradas numa mesma área. Sem a pastagem extensiva. E temos de parar o desmatamento, porque ele é uma forma de emitir carbono. Isso pressupõe disciplina, gestão, fiscalização…”
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O jornal O Globo foi feliz. Não é nada complicado: “Carbono é uma forma simplificada de chamar a emissão de gases que provocam o aquecimento global. O mercado de carbono é como a maioria dos outros: quem tem sobrando vende para quem precisa, de preferência a um preço que satisfaça aos dois lados.”
Ou seja, os países ricos, os que mais emitem, e que já não têm mais florestas naturais, como o nosso caso, compram créditos como se fossem ações na Bolsa de Valores.
Deste modo, compensam suas emissões. A diferença é que o mercado, em vez da Bolsa de Valores, será no European Climate Exchange, uma das principais corretoras para o comércio de emissões.
O Brasil, portanto, só tem a ganhar.
Quando o Brasil pode faturar?
Segundo um estudo do ICC Brasil, braço da International Chamber of Commerce, o Brasil pode faturar US$ 100 bilhões. Mas, para isto, diz o ICC, são necessárias duas condições.
Primordialmente, ‘o Brasil deve estabelecer um mercado de carbono nacional, com governança clara, e metodologia aceita pelo mercado internacional’.
Ou seja, a regulamentação, bem como, ‘ensinar o setor privado sobre o que é o credito de carbono’, a maioria das grandes empresa já sabe; e ‘como elas podem ser emissoras destes créditos, que modificações teriam que fazer para que elas façam parte deste novo grande mercado’.
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US$ 2 trilhões, antes de 2050
E isto é só o começo. Segundo a revista Forbes (agosto de 2021), ‘o mercado de carbono pode ser maior que o de óleo e gás, hoje em US$ 2 trilhões, antes de 2050’.
Como se vê, estamos no caminho correto. Mas, apenas apresentar a regulamentação não basta. Segundo O Estado de S. Paulo, ‘o ministro do Meio Ambiente alertou que o projeto só estará maduro depois que passar pelo Congresso Nacional, por isso, deve levar de um a dois anos’.
Que passe depressa, e que o Congresso não decepcione.
A ver.
Imagem de abertura: www.caixinglobal.com.
Fontes: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,decreto-regulamenta-mercado-carbono-brasil-apos-13-anos,70004071290; https://www.gov.br/pt-br/noticias/meio-ambiente-e-clima/2022/05/governo-federal-anuncia-decreto-que-regulamenta-mercado-de-carbono-no-brasil; https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/o-que-e-e-como-funciona-o-mercado-de-carbono/; https://valor.globo.com/mundo/cop26/noticia/2021/11/13/o-que-e-o-mercado-de-carbono-que-foi-aprovado-na-cop26.ghtml; https://forbes.com.br/forbesesg/2021/08/mercado-de-carbono-pode-ser-maior-que-o-de-oleo-e-gas-hoje-em-us-2-trilhoes-antes-de-2050/#:~:text=Parte%20dos%20analistas%20econ%C3%B4micos%20que,de%20ocorrer%20antes%20de%202050.
“Segundo um estudo do ICC Brasil, braço da International Chamber of Commerce, o Brasil pode faturar US$ 100 bilhões. “, no prazo de quanto tempo?
Rubens, obrigado pela mensagem. Ao mencionar ICC, coloquei um link para os leitores que quiserem se informar mais. Por isto está na cor azul. Clique, entre, e veja. É muito interessante, com variadas informações. O presidente do ICC é ninguém menos que Daniel Feffer (Vice-Presidente do Conselho de Administração, Suzano Papel e Celulose), pessoa séria e comprometida. abs
Apenas uma palavra define essa questão : bullshit….
E , acreditem, sou verde até a medula……
[ ninguem vai quere pagar…]
Não creio, o processo é mundial, em todo o caso, segue aí sua opinião.