Manguezais do Brasil e o carbono azul, oportunidade que não podemos perder
À primeira vista, todo mundo sabe a importância das plantas no sequestro de dióxido de carbono, CO2, da atmosfera. Contudo, nem todos sabem que as plantas marinhas são mais eficientes. Segundo o www.news.mongabay.com, ‘os manguezais têm grande impacto no clima. Oriundos de áreas tropicais, eles cobrem cerca de 140.000 quilômetros quadrados em 118 países, ou seja, menos de 3% da extensão da floresta amazônica. Porém, florestas de mangues são potências quando se trata de armazenar carbono. Estudos indicam que, quilo por quilo, os manguezais sequestram quatro vezes mais carbono do que as florestas tropicais. A maior parte é armazenada no solo sob as árvores.’ Neste sentido, os manguezais do Brasil são uma oportunidade que não podemos perder.
Manguezal do Brasil, o segundo maior do mundo
Os manguezais são um dos ecossistemas mais produtivos e biologicamente complexos do mundo, segundo pesquisa usando dados de satélite publicada na www.researchgate.net. Porém, diz, há um declínio contínuo das florestas pela conversão para agricultura, aquicultura (no caso brasileiro, carcinicultura), turismo (leia-se especulação no Brasil), desenvolvimento urbano, além de superexploração.
Em outras palavras, com o terceiro maior manguezal do planeta o Brasil tem uma imensa oportunidade de, em breve, transformar o ativo ambiental em ativo financeiro.
O carbono azul será a próxima fronteira do crédito de carbono
A expressão carbono azul refere-se a abordagens de sequestro de carbono que usam oceanos e ecossistemas costeiros como sumidouros de carbono. Por suas qualidades, surgiu um programa global que trabalha para mitigar as mudanças climáticas por meio da restauração dos ecossistemas costeiros e marinhos.
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Nesse meio tempo, segundo Verra.org, líder em certificações sediada em Washington, ‘Existem atualmente quase 1.600 projetos registrados em mais de 82 países. Juntos, eles geraram mais de 450 milhões de créditos de carbono. Isso significa o equivalente a 98 milhões de veículos de passageiros retirados das estradas por um ano (1.600 projetos de crédito de carbono, não especificamente o azul).’
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Valor dos créditos de carbono azul
Ao mesmo tempo, diz a greenbiz, ‘de acordo com um “comerciante” que falou com a S&P Global, os créditos para projetos de carbono azul na Ásia e América Central são oferecidos por cerca de US$ 13 a US$ 35 por tonelada métrica de carbono removido. Segundo a Bloomberg, em janeiro uma compensação foi negociada a US$ 7,53 a tonelada.
A greenbiz diz que ‘em 2021, a Apple e a Conservation International fizeram parceria na Colômbia para permitir que um manguezal de 11.000 acres em Cispata se tornasse o primeiro a ter todo o seu potencial de sequestro de carbono inserido no mercado e verificado pela Verra.’
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É questão de tempo
Assim, se a Colômbia e Filipinas conseguiram, é só uma questão de foco para o Brasil, do mesmo modo, ter o benefício.
‘O carbono e sua precificação continuarão a ganhar importância significativa à medida que países e empresas busquem reduzir as emissões de carbono comprando créditos de compensação de carbono’ diz a bloomberg.
E, mais que isso. “O preço das compensações pode aumentar significativamente, criando um mercado de US$ 190 bilhões já em 2030”, escreveram analistas da BloombergNEF em uma perspectiva de mercado para 2022.
Créditos de carbono no Brasil
Apesar do potencial de seus manguezais, além da maior floresta tropical da Terra, ainda há entraves no País.
Segundo matéria da Folha de S. Paulo, assinada por Andrey Ribeiro e Gabrielly Bering, ‘A geração de créditos de carbono no Brasil atingiu 12% das emissões mundiais em 2021, bem mais que os 3% registrados em 2019, de acordo com relatório da Câmara de Comércio Internacional em parceria com a Way Carbon. A projeção de receitas subiu de US$ 100 bilhões (R$ 531 bilhões) para US$ 120 bi (R$ 637 bi) em 2022.’
E, prossegue, ‘Ainda que a receita esteja em alta, o Brasil está atrasado em relação a outros países da América Latina.’
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E por que os jornalistas dizem que estamos atrasados? Porque o Brasil ainda não regulamentou este mercado.
Os jornalistas ouviram Ricardo Esparta, especialista da UNFCCC e diretor da EQAO, assessoria focada em mercado de carbono.
‘Mais seriedade pelo governo federal para regulamentar o mercado’
Para ele, ‘o meio ambiente e a sustentabilidade são temas que vão muito além da mudança do clima e precisam ser considerados com mais seriedade pelo governo federal.’
‘Esparta afirma que alguns fatores, como o aumento das emissões e do desmatamento ilegal e o baixo esforço na regulamentação, explicam as dificuldades do Brasil. A expectativa é que o governo eleito, comandado por Lula (PT), recoloque o assunto como prioridade.’
Por último, diz a matéria, ‘Marcelo Schmid, mestre em economia e política florestal e CSO do grupo Index, diz que o Brasil tem condições de ser a maior potência ambiental do mundo. “Podemos vender qualidade ambiental para países que não têm tais condições, seja por créditos de carbono ou outro tipo de serviço ambiental”, afirma.’
Que o Congresso e o novo Ministério do Meio Ambiente que vem aí foquem suas ações nesta área. Não podemos perder mais esta oportunidade.