Jurerê Internacional, a ostentação de mãos dadas com a especulação
Não consigo entender por que no litoral do Brasil existem nomes como “Jurerê Internacional”. Internacional por quê? Jurerê, na língua dos primeiros habitantes carijós, significa ‘boca de água pequena’. O termo era usado para designar o estreito que separa a ilha do continente. Apesar disso, a ilha de Santa Catarina é o paraíso de nomes em língua estrangeira. Lá existem os “beach clubs” El Divino e Cafe de La Musique; ‘resorts’ como o “Il Campanário Villaggio” , e o Jurerê Beach Village; eventos como a feira de produtos orgânicos “Jurerê Organic” ou a ‘Floripa Convention’; bares como o ‘Devassa On Stage’, que era o antigo ‘Stage Music Park’; e tem até o Jurerê Open Shopping.
Complexo vira-latas
Só pode ser isso: nosso velho e conhecido complexo. Um bom psicanalista explica. O Brasil tem um dos mais lindos litorais do planeta. Curiosamente, sempre que algum local entra na moda, pipocam os nomes em línguas estranhas. Só pode ser complexo…
Santa Catarina e a fama de ‘paraíso’ – só se for da especulação
Até a expedição pela costa brasileira, 2005 – 2007, eu não conhecia tão bem o litoral deste estado. Mas sua fama de “paraíso”, sim, conhecia. Fiquei surpreso quando naveguei por cada milha do litoral Catarina. E estupefato com a fama de “paraíso”. Só se for o da especulação.
Paraíso onde, em Bombinhas?
Paraíso em Garopaba?
Nos Ingleses com esgoto a céu aberto?
Ou o ‘paraíso’ fica no Balneário Camboriú?
Talvez na praia de Cachoeira do Bom Jesus?
Ou em Jurerê Internacional?
E a especulação não poupou nem memo o Cabo de Santa Marta.
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Jurerê Internacional: especulação e corrupção?
Como mostram as fotos, a ocupação simplesmente destruiu a beleza cênica que a natureza levou eras para formar. Passou por cima do ‘patrimônio natural’. Veja de novo e diga: o que sobressai nas fotos? A beleza da paisagem, ou as construções, umas em cima das outras? Insisto que não é preciso destruir a paisagem para ocupar praias. Se ela for bem feita, feita com consciência, a beleza da paisagem que pertence a todos se mantém. Mas o pior é que parece que Jurerê também é paraíso da corrupção. Será que especulação imobiliária está sempre a reboque da corrupção?
Estadão, junho de 2017: “Justiça manda demolir beach clubs em Jurerê Internacional”. Arre égua, vencemos uma!
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Texto: “o juiz Marcelo Krás Borges, da Vara Federal Ambiental, mandou demolir cinco beach clubs e um resort de luxo no bairro Jurerê Internacional, que reúne a alta classe, políticos e celebridades em Florianópolis. A decisão, tomada em julgamento nesta quinta-feira, 21, acontece no âmbito da operação Moeda Verde, que levou mais de dez anos para ser julgada”.
O resort de luxo é o Il Campanário Villaggio que, segundo a Veja, é um “hotel, com quatro torres de seis andares, complexo aquático, academias e restaurantes”. “Cinco ‘beach clubs’ também estão na lista das demolições. Todos os empreendimentos são ligados à empresa Habitasul”.
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Segue O Estado, “dezesseis pessoas foram condenadas por corrupção em um esquema entre empresários e servidores públicos que em troca de propina liberavam licenças ambientais em áreas de preservação permanente. Ainda cabe recurso às decisões no Tribunal Regional Federal (TRF)”.
Habitasul, criadora de Jurerê Internacional, ou seja lá o que isso quer dizer…
Estadão: “De acordo com Krás Borges, a empresa Habitasul, que tinha uma rede de contatos com funcionários públicos, conseguia com suborno as liberações em Jurerê Internacional. O juiz ainda afirma que Péricles de Freitas Druck, empresário da Habitasul, era o líder da quadrilha. Ele recebeu a pena mais alta, 28 anos em regime fechado, multa e prestação de serviços comunitários”.
Habitasul e seus “valores”
Hoje todo mundo é verde, eco, ou sustentável. Ao menos no papel…A Habitasul não seria diferente. No site da empresa estão seus valores. À eles:
1) A Responsabilidade Social e Ambiental
Somos agentes promotores e multiplicadores do desenvolvimento econômico, social, ambiental, comunitário e pessoal.
2) A Ética, Coragem, Transparência e Cordialidade
Somos éticos, corajosos, transparentes e cordiais em todas as nossas atitudes e relações.
3) A Inovação e o Pioneirismo
Cultivamos a inovação e o pioneirismo nos negócios, processos, produtos e serviços.
Hã, hã..é tudo que o Mar Sem Fim pode dizer. Voltando ao Estadão: “Péricles de Freitas Druck, empresário da Habitasul, era o líder da quadrilha”(segundo o Juiz).
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Revista Veja faz reparo
Pra não ser sempre do contra, o Mar Sem Fim foi pesquisar. E encontrou dados favoráveis. É a Veja quem diz: “Jurerê Internacional é um bairro planejado, com 100% do esgoto tratado e arquitetura própria”. E prossegue: “As mansões que surgem em cada esquina das ruas impecavelmente limpas não têm muros, e a praia é cercada por vegetação plantada a partir dos anos 1990”.
Em nota, a Habitasul disse que recebeu com surpresa a sentença e que vai recorrer da decisão já em primeira instância.
Habitasul pagava servidores públicos
Foi o G1 quem disse: ” Na época (em que começou a investigação, 2006) , o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que a empresa Habitasul pagava servidores públicos para que eles concedessem liberação de licenças ambientais para a construção de empreendimentos.”
concordo com você, esse deve ser carioca que vive cercado de favela.
Brazil On Sale 85% OFF!
Muito bom reportagem. Continue com os alertas e críticas, João Lara. Um abraço.
Ilha de Santa Catarina e não ilha de Florianópolis.
O Autor deveria visitar localidades tipo Cancun.
Aqui ele desmerece porque é Brasil. Então, não presta.
Jurerê Internacional, que é planejado, bonito e seguro não presta.
O que presta, então, cara pálida? Mora onde?
O que fez até agora para melhorar sua cidade, as pessoas, o Brasil?
Mar sem fim ou Mar de fezes sem fim,ou seria de inveja sem fim. Nunca li tanta asneira em unica reportagem. Materia fraca tendenciosa.Continuem falando mal do sul e suas praias,quanto menos farofeiros igual a voces bem melhor.Que sejam felizes em sus cidades cercadas de favelas e valões,porcos gostam de lixo mesmo,rs,
concordo com você, esse deve ser carioca que vive cercado de favela.
Edson, ignorancia nao faltou na tua resposta, né?
O baixo nível dos comentários revela a mentalidade dominante. Ou essas pessoas que opinam raivosamente agem de má fé ou têm interesses escusos. A matéria mostra a realidade do litoral brasileiro (não só de Santa Catarina). Só não enxerga quem não quer ver. O site Mar Sem Fim e o jornalista/velejador João Lara Mesquita prestam inestimável serviço à sociedade e estimulam as ações de proteção ambiental.
Mentes pequenas, nao pensam além dos seus pequenos horizontes… Infelizmente o Brasil como outros países, nao pecebem que a riqueza está na protecao da natureza e num planejamento cauteloso das orlas marítimas. Mas nosso povo curte mesmo é Disneyland, agito, atracoes fúteis e muito concreto escondido em bonitas fachadas… Muito triste!
Bom senso, respeito à natureza, planejamento e gestão….sem ganância desmedida, mas infelizmente é o que quase sempre ocorre nas nossas praias…
Nos ano 90 e inicio de 2000, quem conheceu praias de SC, ES, BA, PE, CE, etc….Morro de SP, Praia do Forte, Porto de Galinhas, só pra citar algumas…
Lugares lindos que viraram paredões de pousadas, restaurantes e lojas entupindo a paisagem :(
Infelizmente em todo o mundo as regiões litorâneas estão tomadas por diversos tipos de habitação,mesmo porque o êxodo às estas áreas se faz devido às belezas naturais e vida mais saudável,na humilde minha opinião.Oque incomoda,no litoral brasileiro ,em particular,é a falta de infraestrutura ,péssimas condições de saneamento,meios de locomoção malucos,entupidos de carros,citando só alguns problemas.No Japão,por exemplo,vilas e resorts,nas férias ,ficam abarrotados de gente mas são atendidos por sistemas ferroviários excelentes e praias limpas.
Ainda bem que você não citou nome de lugares maravilhosos da minha ilha chamada florianópolis.
Concordo com a sua crítica, e quanto menos falar sobre lugares que ainda são considerados um paraiso (sim ainda existe em florianopolis) menos dessa ganância e do povo que destrói tudo vai pisar aqui.
Obrigado por não citar as nossas belezas..
?????????????? Ora, citou as prais mais reverenciadas e restou o quê ?
Reportagem descuidada. A habitação nas orlas de praias é comum, sequer exclusividade das de SC (ou mesmo das do Brasil). Inclusive é necessária para a exploração do turismo (os hotéis, salvo raras exceções, são construídos com tijolo e cimento) ou mesmo para a habitação da população local.
Poderias questionar, pelo que pude compreender de sua linha de pensamento, a forma como se dá a degradação ambiental pela ânsia do desenvolvimento. Mas isso, ainda assim, não retiraria dessas lindas praias o título de ‘paraísos’. Seria correto dizer, por acaso, que as praias de Cumbuco e do Futuro, no Ceará, deixaram de ser paraísos em virtude de empreendimentos (como restaurantes) que se lançaram sobre a beira-mar, na própria areia? Creio que não, porque são lindas. De igual forma, as praias do RJ e do ES.
As praias de SC são verdadeiros paraísos. Se procuravas praias sem nenhuma habitação, faltou pesquisar um pouco mais, porque são diversas, inclusive nessas que você registrou com fotos. Em Balneário Camboriú, por exemplo, tem a Praia do Estaleiro, que é praticamente deserta. Em Garopaba (ou, para alguns, em Imbituba) tem a Praia do Rosa, que tem uma visual privilegiado do meio ambiente. Os exemplos são dos mais variados.
Também me irresigno com o avanço da exploração das orlas marítimas – que ocorre desde os extensos litorais gaúchos até as águas cristalinas das praias da República Dominicana; que ocorre desdes as areais brancas das praias da Bahia até as areias brancas das praias da Flórida/EUA. Todos esses locais têm sido alcançados pelo expansão da construção civil. E esses locais, incluindo-se também as praias de SC, merecem ser alcunhados de paraísos, tanto porque efetivamente são quanto por respeito aos que lutam diariamente pela sua preservação.
Abraço!
Meu deus… me da um abraço.
Deveriam contratar você para escrever essas reportagem..
Parabéns para resposta, uma lição de conhecimento e cultura.
Um resposta objetiva e sem desrespeito ao autor.
Sergio
Existe um livro de Gert Schinke que mostra como as coisas foram feitas em Florianópolis.
O golpe da “Reforma Agrária”: fraude milionária na entrega de terras em Santa Catarina.
voces detonam Jurere Internacional pelo nome, pela arquitetura, pelo empreendimento da Habitasul e pelo fato de ser um dos melhores empreendimentos do Brasil em qualidade de preservação ambiental e urbanistica .
Jurere Internacional foi idealizado pelo gaucho Pericles Druck, e certamente é destaque em qualquer avaliação séria, entre os melhores empreendimentos do Brasil.
me parece que sem fim é a estupideza de voces!
acho que voces do mar sem fim tem alguns problemas….
voces detonam Jurere Internacional pelo nome, pela arquitetura, pelo empreendimento da Habitasul e pelo fato de ser um dos melhores empreendimentos do Brasil em qualidade de preservação ambiental e urbanistica .
Jurere Internacional foi idealizado pelo gaucho Pericles Druck, e certamente é destaque em qualquer avaliação séria, entre os melhores empreendimentos do Brasil.
me parece que sem fim é a estupideza de voces!
Aqui no nosso litoral de SP todo santo ano tem propostas de mudança de legislação de zoneamento de Bertioga ate Ilha Bela, falta muito planejamento e respeito a costa brasileira, que vai ficando igual no pior sentido. Se puder João faça uma reportagem com o CAU, que deveria estar ao menos propondo algumas soluções.
Quanta baboseira. Quem escreveu essa matéria deve ser uma esquerdista caviar. Imagina quantos empregos, impostos, iriam embora da cidade se destruíssem os Resorts e bares. pelo amor de Deus, ninguém aguenta mais isso desses ecochatos. Eu fui em Floripa e achei top demais, gente linda, educada. Quanto aos nomes também são bonitos. Quem tem complexo de vira latas são vcs que invejam quem tem dinheiro. Não me venha com essa de “jogava tarrafa com meus filhos”, quanta palhaçada. Não tem grana pra ficar nos resorts aí fica dando uma de fodona. Até mais seus invejosos.
Thiago não é isso , planejamento e ocupação equilibrada preserva e garante qualidade e trabalho para estas cidades, por muitos anos sem perder a referencia que é a praia e a paisagem, por isto que existem planos diretores para cada município não expandir sem infraestrutura, não precisa ser da época romântica da tarrafa e nem virar uma cidade litorânea poluída como tantas que existem no Brasil. Apesar de tantas universidades de Arquitetura, quem faz a ocupação urbana desordenada é a especulação imobiliária.
Excelente reportagem … parabéns !!!
a iniciativa privada é um mal necessário, gera emprego e renda pra quem vive na ilha, quem reclama é turista que não mora aqui, e vem filosofar, formar opinião, muito chato..se for esperar pela prefeitura, estaríamos quebrados como no Rio, favelas e tais….
sobre a matéria, concordo com a observação de está mesmo velho e chato.
Ok, Bobby, ‘enjoy’.
Estão tentando construir um monstrengo desses aqui na Restinga de Maricá (RJ) área supostamente de preservação ambiental. Dizem que é um grupo espanhol. Tomara que não consigam!!!
Olá, Virgiínia, obrigado pelo toque. Cuidado, os espanhóis adoram detonar a paisagem. No Nordeste já fizeram isso diversas vezes. Se a área for mesmo protegida, aconselho denunciar ao MP.A paisagem do litoral deve ser preservada tanto quanto os ecossistemas. Está na Constituição que a define como ” um bem de todos” e mais:” sua ocupação deve se dar de forma sustentável”.Abraços e volte sempre!
Eu passei belas ferias em Garopaba, na casa do seu Florindo, um pescador que ia jogar tarrafa com meus filhos na lagoa atrás da casinha de madeira que alugávamos na temporada. Que decepção, ver a foto no que se transformou esse lugar tão charmoso e rustico…
Pois é, Anna, nossa pegada é dura demais. abraços
Garopaba tem um plano diretor que proíbe construções superiores a 10 metros de altura, ou seja máximo de 2 pisos. Foi ótima essa reportagem, espero que muita gente desista de vir morar aqui, porque está ótimo e podem estragar. Lindas praias despoluídas, lagoas, cachoeiras, segurança 100%. Da próxima vez vc deve ir nas férias para a Amazônia. Pescar e lanchar com os índios, já que gosta de terras naturais e intocáveis.