José Truda Palazzo Jr., 40 anos de serviços prestados ao meio ambiente
Em maio nosso amigo completa 40 anos de serviços prestados ao meio ambiente. O Mar Sem Fim o considera o mais competente e íntegro ambientalista brasileiro. Truda, como é mais conhecido, tem até verbete da Wikipedia. Em sua abertura, o site assim o apresenta: “José Truda Palazzo Jr. (Porto Alegre, 28 de julho de 1963). Foi fundador e principal força motriz durante 27 anos do Projeto Baleia-franca, que tem como objetivo a proteção da Baleia-franca. Tendo integrado delegações oficiais brasileiras aos tratados internacionais de meio ambiente, foi perseguido e hostilizado pelos governos do PT, que tentaram sem sucesso impedir a continuidade de sua militância. Além disso, Truda tem trabalhado em várias iniciativas de proteção ao meio ambiente, principalmente áreas protegidas e biodiversidade marinha. Tornou-se um respeitado e conhecido ambientalista.”
O início
Truda começou a militância ambiental com 15 anos, em 1978, inspirado por ativistas como José Lutzemberger e Augusto Carneiro, na Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural.
A primeira ação foi na campanha nacional para banir a caça às baleias no Brasil. Para tanto, juntou-se a outro ícone do ambientalismo brasileiro, o Almirante Ibsen Gusmão Câmara. Objetivo atingido em 1985 durante o Governo Sarney que, finalmente, proibiu a caça aos cetáceos no país.
Algumas vitórias de José Truda Palazzo Jr.
1985: entra na batalha para a criação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Mais uma vitória, alcançada em 1988. Um ano depois, morando em Florianópolis, e à frente da International Whalling Commission, Truda auxilia o IBAMA na criação do Centro de Resgate de Fauna de Florianópolis.
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Finalmente, em 1999, coordena a proposta de criação da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, decretada em 2000. Coordenou, também para o governo brasileiro, a redação da proposta do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, em exame na CIB, e de criação do Santuário Nacional de Baleias e Golfinhos, decretado em 2008.
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Desgoverno Lula e José Truda Palazzo Jr.
Por sua competência, Truda foi convidado como membro regular da delegação oficial do Brasil à Comissão Internacional da Baleia (CIB) onde foi Chefe da Delegação Científica e Vice-Chefe da Delegação Plenária.
Tudo caminhava bem até que Lula assumiu. Inconformado com a corrupção e desgoverno, Truda não poupou críticas ao PT. Em retaliação, foi removido de sua função.
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A saída do Projeto Baleia Franca
Afra: O que levou à sua saída do Projeto Baleia Franca?
Truda: A gente vinha num processo de desgaste interno bastante grande, desde que o Ministério Público de Tubarão (SC) resolveu perseguir o projeto, alegando que nosso patrocínio da Petrobrás era irregular…dos 27 anos do projeto, não tivemos patrocínio por 22 anos.”
Afra: Boa parte do trabalho foi feito com dinheiro dos seus pais?
Truda: Sim, com a minha mãe colocando os aneizinhos dela no prego da Caixa Econômica Federal.
Afra: Como avalia a atuação do governo Lula na área ambiental?
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Truda: No governo “Lula Rousseff”, principalmente neste segundo mandato, nós estamos vendo uma desconstrução da política ambiental no Brasil que não tem precedentes. E é preciso criar estratégias para evitar que 20, 30 anos de avanço sejam postos fora por um governo que só quer agradar empreiteira e agronegócio.
Só isso já mostra o caráter deste guia e amigo.
“Um encrenqueiro a menos no front ambiental”
O seu afastamento pelo PT provocou o artigo de Marcos Sá Correia, publicado no Estadão, cujo título reproduzimos acima. Mas nem isso abalou seu entusiasmo.
Entre uma crítica e outra aos governos Lula e Dilma, em 2010 Truda junta-se ao empresário e mergulhador Paulo Guilherme “Pinguim” para fundar o projeto Divers for Sharks – Mergulhadores pelos Tubarões.
Ele visa mobilizar a comunidade internacional do Mergulho pela conservação desses animais essenciais ao equilíbrio ecológico dos oceanos.
“A Banânia Fundídia”
É desta forma que Truda responde quando o País, devido às baixarias inomináveis do poder Legislativo, ganha as manchetes mundiais pelo recorde de escândalos de corrupção, ou atitudes pusilânimes do Executivo ou Judiciário.
O ‘encrenqueiro’ não se conforma. E escreve nas redes sociais sobre tais assuntos, denominando o país por este nome: ‘Banânia Fundídia.’
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Livros e prêmios
Truda é autor de mais de uma dezena de livros sobre seu tema de preferência, entre os quais destacamos, A Caça de Baleias no Brasil (Ed. AGAPAN, 1983, em co-autoria com L.A. Carter); Guia dos Mamíferos Marinhos do Brasil (Ed. SAGRA, 1988, em co-autoria com Maria do Carmo Both, primeiro guia sobre esses animais publicado no Brasil); A Natureza no Jardim: Um Guia Prático de Jardinagem Ecológica e Recuperação de Áreas Degradadas (Ed. SAGRA, 1988, em co-autoria com Maria do Carmo Both, atualmente em sua quinta edição); e Amazônia: Paraíso das Águas (Ed. Cultura Sustentável, em co-autoria com Fernando Clark), 2016.
Alguns prêmios: 1984 recebe o WhaleSaver Certificate da Connecticut Cetacean Society, EUA; 1986, o título de Protetor do Verde Público outorgado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre; 2014, é nomeado Embaixador Cultural e Ambiental de Yap, na Federação da Micronésia, pelo Manta Ray Bay Resort/Yap Divers, com quem colabora na conservação das raias-manta.
O Mar Sem Fim e José Truda Palazzo Jr.
Este site foi criado quando fizemos a primeira viagem pela costa brasileira, entre 2005 – 2007. Na ocasião conhecíamos Truda por referências em artigos e matérias na internet. Já o admirávamos pela competência e coragem de falar o que precisa ser dito.
E sem meias palavras, como ele faz constantemente. Durante nossa descida da costa marcamos vários encontros que acabaram não se realizando por problemas de agenda. Mas depois, sim, nos encontramos finalmente.
E ficamos espantados com o brutal conhecimento, a vontade de trabalhar, e a coragem de dizer o que pensa.
Resumindo os resultados do encontro com o Mar Sem Fim
Truda foi talvez a peça mais importante para a mudança de patamar da proteção marinha no Brasil. Juntos, fizemos uma vitoriosa campanha, da qual participaram outros ambientalistas como Fábio Feldmann, Roberto Klabin (SOS Mata Atlântica), Angela Kuczach e outros.
O presidente Temer percebeu o alcance do projeto e não vacilou: assinou um decreto criando duas imensas áreas marinhas protegidas, fazendo com que o Brasil saísse dos míseros 1,5% de proteção, para 25%!
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O primeiro artigo de Truda como colaborador do site Mar Sem Fim foi sobre este assunto.
Algumas pérolas de José Truda Palazzo Jr.
Entrevista dada ao site defensoresdosanimais.wordpress.com (mas a grande maioria abaixo inseridas foi pinçada do site O Eco, do qual era colaborador).
Pesca da baleia
Os pescadores japoneses, tradicionais defensores da pesca predatória das baleias, argumentam que a carne de cetáceo faz parte da dieta do país e que a presença excessiva de baleias-minke representa uma ameaça ecológica, pois reduz as povoações dos peixes que lhes servem de alimento. Como o sr. analisa este posicionamento do Japão?
Truda: “Trata-se de uma das mais escandalosas idiotices já ditas sobre a vida nos oceanos. Mas serve bem tanto aos baleeiros como aos industriais da pesca predatória, esses sim responsáveis pelo verdadeiro estupro dos oceanos…”
Sobre a decisão de Dilma, em 2015, quanto a liberação de espécies proibidas na pesca
“Enquanto um avião solar dá a volta ao mundo, o atual regime lança metas climáticas inócuas e suspende a proibição de pesca de espécies ameaçadas.”
Sobre o fim das estatísticas de pesca no Brasil
“Cartório de interesses que dominam a pesca industrial no Brasil, ministério comeu os números que mostram o massacre dos peixes.”
Sobre a morte do ativista Augusto Carneiro…
… e a ‘coragem’ de grande parte dos ‘ambientalistas’ brasileiros (entre aspas porque se trata daquela vasta maioria, acomodada com seus patrocínios, e sem vontade de irem à luta).
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“Apenas a morte para calar Augusto Carneiro, cuja voz fará falta num momento em que ditos ativistas optam por calar-se por conta própria”
Marina Silva
Sobre Marina Silva ao adotar, e arrastar o Partido Verde para, uma postura de “independência” para o segundo turno das eleições presidenciais:
Foi lamentável decisão de Marina Silva e do Partido Verde de posar de “neutros” nessa fase crucial das eleições, advogando uma falsa “independência”.
Carlos Minc no Ministério do Meio Ambiente
“As semanas que passaram, com nosso Minc-nistro centrando seus shows de colete na já falida e insuficiente Conferência de Copenhague sobre o clima, mostrou que Minc aprendeu rápido – e infelizmente muito bem – a fazer o papel de ventríloquo das barbaridades palacianas.”
Lula da Silva:
“O presidente Lullão Metralha, estou certo, não sabe onde ficam as Maldivas. Nem precisa, já que com a entronização definitiva do estilo anarfa-fashion como modelo de liderança e (des)governo, as leituras básicas como Geografia devem estar sendo abolidas nos corredores brasilienses.”
E, finalmente, Dilma Roussef
“A posição do (des)governo Lulla Roussef para o clima baseia-se no seguinte: – promover o aumento das emissões no Brasil pelo apoio oficial ao desmatamento, ajudando a acabar com o Código Florestal, facilitando a titulação de terras dos grileiros na Amazônia, ampliando por incentivos a emissão automotiva individual e deixando de incentivar energias alternativas como eólica e solar em favor daquelas que enriquecem empreiteiros como hidro e termelétricas, há anos brandindo para tanto a mentira alarmista do “apagão”.
Fontes: www.marsemfim.com.br; http://www.oeco.org.br; https://defensoresdosanimais.wordpress.com/entrevistas/entrevista-jose-truda-palazzo-jr/.