Indústria de pérolas cultivadas, saiba como funciona
Em inúmeras culturas ao redor do mundo a pérola tem seu mito de origem. Os árabes, por exemplo, acreditavam que as gemas eram o resultado das lágrimas dos deuses, caídas no oceano e entrando nas ostras. Os gregos, por sua vez, pensavam que a deusa do amor, Afrodite, derramava pérolas por lágrimas. Que mistério elas têm? Por quê tanta admiração? O que se sabe é que a primeira pérola encontrada brilhando dentro de uma concha estimulou a cobiça e a estima por seres humanos em todo o mundo. Originalmente, as únicas disponíveis eram naturais e selvagens cultivadas por ostras e mexilhões ao longo dos anos. Hoje existe uma indústria de pérolas cultivadas.
Pérolas, nobreza e realeza
Desde a antiguidade, os romanos reverenciavam pérolas. Para eles, apenas homens e mulheres de alta estirpe poderiam usá-las. Durante breve período do Império Britânico, as pérolas foram igualmente reservadas para a realeza e a nobreza.
Por causa disso, o custo era tão alto que a maioria das pessoas simplesmente não conseguia comprá-las.
Expedições atrás de pérolas
Por fim, a paixão real por pérolas lançou as armadas espanholas ao Golfo do México, a França à Polinésia Francesa, enquanto as britânicas seguiram para a Austrália. Uma vez lá, não perderam tempo em colher o máximo de ostras que conseguiam alcançar.
Mais lidos
Declínio do berçário da baleia-franca e alerta aos atuais locais de avistagemMunicípio de São Sebastião e o crescimento desordenadoFrota de pesca de atum gera escândalo e derruba economia de MoçambiqueRuanda, líder global na redução da poluição plásticaInfelizmente, nem todas contêm pérolas. Milhares destas criaturas foram simplesmente abertas a força e, em seguida, descartadas. Assim, a colheita excessiva em regiões produtoras de pérolas quase levou-as à extinção.
Mas, enfim, veio uma solução…
PUBLICIDADE
O nascimento da indústria de pérolas cultivadas
O advento das modernas tecnologias de cultivo interrompeu a devastação da população natural de ostras. E permitiu que amantes de joias desfrutassem das gemas únicas e brilhantes a preços inconcebíveis para os primeiros exploradores. Assim surgiu a indústria de pérolas cultivadas.
O início, em 1900 no Japão
A ciência por trás de uma ostra para cultivar pérolas, contudo, começou no início de 1900 no Japão. Kokichi Mikimoto, considerado o pai da moderna indústria, passou a experimentar nucleação de ostras Akoya. Ele finalmente conseguiu cultivá-las depois de quase uma década de experimentação.
Uma patente em 1907
Mais ou menos na mesma época, o biólogo Tokichi Nishikawa, e o carpinteiro, Tatsuhei Mise, trabalhavam com a formação de pérolas e igualmente nuclearam a ostra Akoya. A agulha de enxerto especialmente inventada recebeu patente em 1907.
Em vez de disputa, os dois se uniram. Assim, surgiu o método Mise-Nishikawa, ainda usado pela maioria dos técnicos de enxerto atualmente.
A Mikimoto Pearl Company
Mikimoto, entretanto, levou seu método um passo adiante. Desse modo, inventou uma novidade para criar pérolas Akoya perfeitamente redondas conseguindo nova patente em 1916.
Assim nasceu a Mikimoto Pearl Company que, por sua vez, passou a espalhar pérolas cultivadas em todo o mundo.
Pérolas cultivadas na China
Segundo estudiosos, chineses cultivavam pérolas de mabé de água doce há centenas de anos. Eles aprenderam cedo como implantar uma forma ou molde de metal contra a concha interna do mexilhão e, em seguida, submergi-la na água por alguns anos, enquanto isso, aos poucos o molusco revestia a forma com camadas de nácar.
PUBLICIDADE
Como resultado, conseguiram uma figura perolada revestida com grossas camadas de nácar. A forma mais popular era uma pequena escultura de Buda, contudo muitas outras também foram feitas.
China, sempre superexplorando
A produção de pérolas inteiras não começou na China até a década de 1970, quando inundou os mercados com pequenas unidades de textura enrugada. Ficaram conhecidas como pérolas ‘Rice Krispie’ devido à sua aparência.
Com o passar das décadas, no entanto, a tecnologia de cultivo melhorou rapidamente. Hoje, estão disponíveis pérolas de água doce inteiras e redondas que até mesmo rivalizam com a pérola Akoya de água salgada em brilho, forma e superfícies lisas e sem manchas e, além disso, por quase metade do custo.
Pérolas pretas do Taiti
As famosas pérolas pretas do Taiti foram reverenciadas pelos polinésios como presentes de seu deus do amor e da fertilidade Oro, que teria chegado às ilhas em um arco-íris que imbuiu essas lindas gemas com suas inúmeras cores.
Depois que franceses chegaram em 1600 e começaram a colonizar as ilhas da Polinésia Francesa, rapidamente se apaixonaram por essas pérolas coloridas e únicas. E, assim como outros, rapidamente passaram a colher todas as ostras peroladas que podiam. As conchas eram valorizadas por sua iridescência e, também, usadas como botões ou incrustações de madrepérola na Europa.
PUBLICIDADE
Limite estabelecido em 1880 para evitar extinção
Mais uma vez, a colheita excessiva quase as levou à extinção. Assim, um limite foi decretado em 1880 para tentar nutrir o estoque selvagem remanescente de volta à saúde.
Muito mais tarde, no final da década de 1960, métodos modernos de cultivo e as primeiras fazendas de pérolas chegaram às ilhas. Quarenta anos depois, a pérola do Taiti representa cerca de 20% do mercado e é um dos tipos mais populares para compradores de joias.
Mares do Sul e a cultura de pérolas
As pérolas brancas e douradas do Mar do Sul foram encontradas em toda a costa da Austrália, bem como nas Filipinas e na Indonésia. Os nativos indígenas usavam as pérolas naturais como parte de cerimônias religiosas e interpretação de sonhos.
Contudo, as primeiras fazendas foram iniciadas em 1956 em Kuri Bay por um empresário americano e um técnico de enxerto japonês. A famosa Paspaley Pearl Company abriu sua primeira fazenda de pérolas em 1962 e outra em 1970 em Knocker Bay, que se tornou um sucesso estrondoso.
Não apenas Paspaley se tornou famoso como produtor das melhores pérolas cultivadas no Mar do Sul do mundo, mas igualmente seus esforços para sustentar e nutrir a população nativa de ostras selvagens impediram a extinção desses animais.
O valor das pérolas hoje
Para finalizar, o valor das pérolas é determinado pela forma (simetria), brilho, tamanho, cor e peso. Elas são divididas em oito formas básicas: redonda, semi-redonda, botão, gota, oval, pera, barroco, com faixas.
Pérolas no Amazonas
Para encerrar, o scielo informa que ‘Ostras perlíferas foram encontradas em águas que circundam a parte sul da ilha do Marajó, próxima à confluência dos rios Tocantins e Pará. As conchas das ostras têm uma camada espessa de conchiolina, que lhes confere qualidades de madrepérola.’
Mas, a cultura no Brasil fica para um próximo post.
Ótimo como sempre. Volta e meia comento e recomendo a leitura da coluna. Pena que os ouvidos são moucos.
Parabéns.
O artigo é finalizado da seguinte forma:
“Mas, a cultura no Brasil fica para um próximo post.”
Esperamos seu próximo post com ansiedade.
Belíssima matéria.