Espécies invasoras: coral sol no litoral do País
O coral-sol, originário dos oceanos Índico e Pacífico, continua se espalhando pela costa do Brasil. Pesquisadores já identificaram novas colônias no litoral de Santa Catarina e agora investigam os impactos da espécie na região.
Um projeto científico em andamento no estado estuda os efeitos dessa invasora sobre os ecossistemas marinhos locais. O avanço do coral-sol em Santa Catarina acende um novo alerta para a costa brasileira.


O coral-sol foi registrado pela primeira vez nas décadas de 1980 e 1990, no litoral do Rio de Janeiro. Desde então, a espécie vem se espalhando rapidamente e já causa prejuízos ecológicos em Santa Catarina, onde vem desalojando espécies nativas.
A partir de 2008, novos focos foram identificados nos estados da Bahia, Espírito Santo, São Paulo e novamente no Rio de Janeiro, consolidando a presença invasora ao longo de boa parte da costa brasileira.
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No litoral catarinense, um projeto reúne ações de pesquisa, manejo e educação ambiental para lidar com o avanço do coral-sol. O foco é identificar e monitorar a presença da espécie em áreas estratégicas.
O trabalho envolve mergulhos em costões rochosos e inspeções nas regiões portuárias de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul. As informações coletadas ajudam a prever impactos potenciais sobre a fauna nativa.
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As equipes removem manualmente as colônias de coral-sol sempre que as encontram.
Descobertas preocupantes na Ilha do Arvoredo
Em 2012, pesquisadores identificaram mais de 300 colônias de coral-sol da espécie Tubastraea coccinea na Ilha do Arvoredo, dentro da Reserva Biológica Marinha, em Santa Catarina.
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O que é o coral-sol
O coral-sol pertence ao mesmo grupo das águas-vivas e anêmonas. É uma espécie que se reproduz de forma assexuada, o que facilita sua rápida expansão.
Segundo o site Ecodesenvolvimento.org, onde o coral-sol se instala, a biodiversidade marinha entra em colapso. Ele sufoca os corais nativos e, a longo prazo, pode reduzir a oferta de pescado ao afetar toda a cadeia alimentar.
As duas espécies mais comuns no Brasil são Tubastraea tagusensis e Tubastraea coccinea.
Capacidade de reprodução impressionante
O coral-sol tem uma taxa reprodutiva muito superior à dos corais nativos. De acordo com o site Ecodesenvolvimento.org, cada colônia pode liberar até 5 mil larvas, e sua capacidade de reprodução é de duas a três vezes maior que a das espécies nativas.
Esse alto potencial facilita sua dispersão rápida e dificulta o controle. A primeira ocorrência registrada no Brasil foi na década de 1980, no casco do navio naufragado Cavo Artemidi, em Salvador.
Monitoramento na Bahia
Na Bahia, o monitoramento do coral-sol começou em 2006, com a atuação da organização Pró-Mar nos recifes da Ilha de Itaparica, na Baía de Todos-os-Santos.
Desde então, os estudos vêm sendo ampliados para outras regiões do estado, incluindo as ilhas de Tinharé e Boipeba, no baixo sul da Bahia.
Presença do coral-sol no Brasil
Segundo o Instituto de Biodiversidade Marinha, o coral-sol já foi registrado em diferentes pontos da costa brasileira. Os locais incluem a Ilha do Arvoredo, em Santa Catarina; Guarapari, no Espírito Santo; Arraial do Cabo e as Ilhas Cagarras, no Rio de Janeiro; além de várias ilhas do litoral paulista, como Vitória, Alcatrazes e Búzios.
Avanço notável na Baía de Todos‑os‑Santos
Recentemente, uma ação de grande impacto na Baía de Todos‑os‑Santos retirou mais de 5,5 toneladas de uma espécie invasora de coral, identificada como Chromonephthea braziliensis, parecida com o coral‑sol.
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A operação ocorreu em 17 de julho de 2025 e se concentrou em pontos críticos da costa da Ilha de Itaparica: Ponte da Marinha, Marina e área de Pandelis. Na primeira etapa, as equipes removeram 2.939,42 kg de organismos invasores. Na segunda, retiraram mais 2.610,15 kg. No total, foram eliminadas 5.549,57 kg da espécie exótica.
A Prefeitura de Itaparica coordenou a força-tarefa por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Sedur). A operação contou com apoio técnico da Pró-Mar, do Inema e de pesquisadores da UFBA.
Repercussão e próximos passos
A retirada desse volume maciço do coral invasor evidencia a gravidade do problema e a necessidade urgente de monitoramento contínuo. As ações futuras envolverão restauro de recifes com espécies nativas e extensão das estratégias de controle para novas áreas.
Espécies invasoras mais nocivas no mar brasileiro
Um dos casos mais emblemáticos no Brasil aconteceu no Rio Grande do Sul com a invasão do mexilhão-dourado que entrou na bacia do Prata via água de lastro em 1988.
Hoje o mexilhão já infesta rios no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Em 2014, ele chegou aos rios de São Paulo e Minas Gerais e causou novos prejuízos à Usina do Rio Grande. Mais recentemente, apareceu no rio São Francisco, onde já se instalou.
Você sabia que aos poucos o crime organizado se infiltra e toma conta de grande parte de nosso litoral?









