E se Trump ganhar, como ficam as questões ambientais?

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E se Trump ganhar, como ficam as questões ambientais?

Este nosso mundo distópico acabou de ‘aprontar’ outra encrenca. Desta vez, uma das grandes. Apesar da extrema polarização que acontece na política norte-americana, poucos pensavam na possibilidade de um atentado como o que ocorreu com o ex-presidente. Ao mesmo tempo, as eleições de novembro se aproximam com uma divisão equitativa de votos, até antes do endiabrado sábado. Contudo, depois dele, a mídia ambiental mundial se pergunta: E se Trump ganhar, como ficam as questões ambientais? O Mar Sem Fim fez uma curadoria na rede para ‘medir a temperatura’.

Donald Trump
Imagem, www.donaldjtrump.com.

A preocupação mundial com a difícil questão ambiental

O mundo começa a ficar preocupado com o fenômeno do clima, em especial, pelo aumento dos estragos de cada novo evento extremo. Mais pessoas morrem todos os anos, enquanto a área de destruição aumenta sem parar. Consequentemente, os prejuízos são majorados ao mesmo tempo em que há menos dinheiro empenhado em financiar a transição energética, sem a qual não nos livraremos do problema. Aparentemente, um imenso nó górdio começa a se fechar.

Com a balança das eleições norte-americanas pendendo mais para o lado de Trump, parte da mídia mundial optou pela pergunta. Por exemplo, segundo o Guardian, a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais pode colocar em risco os objetivos climáticos mundiais, segundo um ex-chefe do clima da ONU.

Patricia Espinosa, que foi chefe do clima da ONU entre 2016 a 2022, disse ao jornal inglês que as possibilidades de limitar o aquecimento a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais já são escassas, além disso, a antipatia de Trump relativamente à ação climática teria um grande impacto nos EUA, que são o segundo maior emissor mundial de gases com efeito de estufa e o maior exportador de petróleo e gás.

“Poderíamos assistir a um abrandamento, um abrandamento ainda maior [nas ações para reduzir as emissões], o que, infelizmente, provavelmente nos levaria a um cenário ainda mais terrível, a menos que vejamos uma liderança forte vinda de outros lugares, [como] a Europa.”

O controverso financiamento da transição energética

Sobre a questão controversa – especialmente para os EUA – do financiamento climático, Espinosa disse que Biden enfrenta agora dificuldades em obter compromissos de financiamento climático através de um Congresso Republicano hostil, diz o Guardian.

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O jornal demonstra a preocupação da especialista com as modificações que as eleições em variados países, como os EUA, Rússia, Índia, e Reino Unido, podem acarretar para a questão do clima. Espinosa alertou para a oposição à ação climática que está sendo orquestrada em todo o mundo. “Nos EUA, vemos uma campanha muito bem organizada e muito forte que pretende reduzir a percepção da natureza crítica da ação que precisa ser tomada.”

Desse modo, para combater esta situação Espinosa  apelou às empresas para que desempenhem um papel mais importante na promoção da economia de baixo carbono. “Precisamos trabalhar em estreita colaboração com o setor privado, conscientizá-lo das importantes oportunidades que a nova economia oferece. Existem investimentos lucrativos que protegem a natureza e inovam tecnologias.”

Para continuarmos com a visão europeia de uma possível vitória de Trump, vejamos o que disse The Economist. Sobre a política climática, uma vitória para Trump representaria uma mudança significativa na postura dos EUA. Biden e Trump têm opiniões opostas sobre as mudanças climáticas. Assim, Biden prioriza o investimento em tecnologias verdes e energia renovável na Lei de Redução de Inflação (IRA) de quase US$ 400 bilhões, enquanto isso, Trump prometeu se retirar do Acordo de Paris, o tratado internacional de mudanças climáticas, e investir em combustíveis fósseis. 

Com Trump de novo na Casa Branca

O New York Times também teceu comentários nada otimistas. Se ele retomar a Casa Branca em novembro, o Sr. Trump estaria em uma posição muito melhor para desmantelar as regras ambientais e climáticas, auxiliado por juízes mais simpáticos e aliados conservadores que já estão mapeando maneiras de dobrar as agências federais à vontade do presidente, escreveu o articulista.

Christine Todd Whitman, que liderou a Agência de Proteção Ambiental sob o presidente George W. Bush, disse ao New York Times que “Por causa da Suprema Corte, em particular, ele poderá se safar com muito mais do que alguém jamais suspeitou”. Antes de mais nada, os tribunais efetivamente deram a um segundo governo Trump uma “mão livre” para cortar os regulamentos.

O jornal ainda destacou uma declaração importante da porta-voz de Trump. Karoline Leavitt disse num comunicado que “o Presidente Trump tornou a América um exportador líquido de energia pela primeira vez, porque reduziu a burocracia e deu à indústria mais liberdade para fazer o que faz melhor. Qual seja? Utilizar o ouro líquido sob os nossos pés”. Leavitt afirmou que, se eleito, Trump cancelará os mandatos radicais de Joe Biden. Ele também acabará com o Green New Scam e fará a América independente em termos de energia novamente.

Asiáticos também especulam

Os asiáticos também especulam sobre o destino das políticas públicas norte-americanas para o clima, e o que isso significa para o mundo, caso Trump seja eleito. Para o Japan Times, é fácil ver como a eleição do ex-presidente Donald Trump para um segundo mandato afetaria negativamente o clima do mundo – e não apenas o político.

O jornal disse ainda, que durante o primeiro mandato mais de 125 regras e políticas ambientais dos EUA foram revertidas. Seu retorno à Casa Branca seria ainda pior para o meio ambiente e a saúde pública, e os danos seriam mais difíceis de reverter.

O jornal cita algumas consequências climáticas atribuídas às ações de Trump no primeiro mandato. ‘Sim, as eleições têm consequências. De acordo com uma análise da Comissão Lancet de Políticas Públicas e Saúde, as políticas ambientais do governo Trump resultaram “em mais de 22 mil mortes extras apenas em 2019”, em grande parte devido à pior poluição do ar. Em termos dos danos causados ao clima como um todo, o Grupo Rhodium estimou em 2020 que “na ausência de nova política federal, as reversões de Trump aumentarão as emissões dos EUA em 1,8 gigatoneladas cumulativamente até 2035”.

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O Japan Times, entretanto, acredita que algumas políticas não teriam como ser alteradas pelo futuro presidente, seja ele quem for. ‘A  rápida expansão das energias renováveis dos EUA e outros investimentos em energia limpa continuarão a avançar, em parte por causa das políticas em nível estadual’.

Um pouco de otimismo

E, prosseguiu: Mesmo que Biden perca para Trump, a reformulação do clima como uma questão econômica ajudará a garantir que muitas das tendências positivas de hoje continuem em ritmo acelerado.

Antes de encerrar, ainda demos uma espiada no site de campanha de Trump onde tentamos achar as políticas ambientais. Na página de abertura há uma lista com ’20 promessas de campanha’. Apenas duas têm relação com as questões do clima. São as de números 04, Fazer da América o produtor de energia dominante no mundo, de longe!, e 15, Cancelar a legislação sobre veículos elétricos e reduzir os regulamentos onerosos e pesados.

Olhamos, ainda que rapidamente, todo o programa de Trump, batizado como Plataforma do Partido republicano para 2024: Fazer a América grande de novo! Mas nada achamos sobre o meio ambiente.

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Comentários

6 COMENTÁRIOS

  1. Em 1941 ocorreram enchentes de quase a mesma magnitude. Não foram apresentadas provas científicas de que as enchentes do RGS foram provocadas por alguma crise climática que afeta a humanidade. Tudo não passa da mais pura especulacão. Eu estava falando sobre o Trump e comentando uma matéria de jornal de hoje. O que ocorreu no RGS foi uma tragédia que merece todo o dolo de nós brasileiros. Não havia a menor necessidade de levantar esse assunto numa matéria sobre política internacional.

    • Discordo, Paulo, tem tudo a ver com o assunto do momento, comentado por todos os maiores cientistas brasileiros como Paulo Artaxo, e Carlos Nobre, para ficar apenas nos dois. Ambos confirmaram que o que aconteceu no Rio Grande do Sul foi mais um fortíssimo evento extremo, fruto do descontrole do aquecimento da Terra. Mas, como disse, quem não quer acreditar não acredita mesmo. E, a propósito, o tema da matéria são as consequências ambientais da eleição norte-americana. Nem seria preciso, mas relembro o título: E se Trump ganhar, como ficam as questões ambientais?

  2. O que ocorreu no RGS foi uma tragedia causada por excesso de chuvas, mas ate o presente nao foi cientificamente provado que esse evento esta diretamente associado a mudancas climaticas. Tanto que em 1941 evento de quase igual magnitude ocorreu no mesmo estado.

    • Paulo, quando a gente não quer acreditar em alguma coisa, mesmo com todas as evidências e confirmações científicas, não adianta insistir. É uma pena que persista o negacionismo mesmo com todas as provas mundiais. Fazer o quê?

  3. precisa perguntar para o pessoal do RS, se eles acham que é obsessão. Pode-se tentar algo como “isto acontece” para quem perdeu sua casa. quem sabe?

  4. Eu nao sei e claro se o homem vai ou nao vai ser eleito. Os democratas nao vao largar o osso assim tao facil. E necessario e claro atentar para a protecao ambiental, sobretudo a protecao dos mares, cada vez mais poluidos e fonte da vida na terra. Mas se a sua eleicao contribuir um pouco para diminuir essa obsessao repetitiva da imprensa em geral com esse tema ja seria um alivio.

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