Desmatamento da Amazônia: Dilma cortou 72% da verba usada
Pesquisa realizada pelo portal Infoamazônia, coordenado pelo jornalista Gustavo Faleiros, indica que a presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, reduziu para R$ 1,78 bilhão os gastos com prevenção e combate ao desmatamento da Amazônia.
Em relação à despesa do governo anterior foi uma queda de 72%. O relatório cobre os anos de 2007 a 2014. Esse período coincidiu com a manutenção da queda nas taxas de desmatamento iniciada em 2005. Desde então elas despencaram de 27.772 km2 (2003-04) , para uma estimativa de 4.848 km2 em 2013-14. Diminuição de 83%.
Há sinais de que a devastação na Amazônia pode aumentar neste ano. O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), registrou em seu sistema o total de 1.702 km2. Um salto de 215% sobre o mesmo intervalo do ano anterior.
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Cenário Atual
Nos últimos seis anos, desde que a destruição da floresta amazônica caiu abaixo dos 10 mil km2 anuais. A taxa tem oscilado em torno de 4.850 km2. Mantido esse ritmo o Brasil cumpriria sua meta voluntária de reduzir em 80% o desmatamento até 2020.
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Há a suspeita que o combate à devastação esbarrou numa espécie de piso. De ora em diante seria difícil rompê-lo. A análise dos gastos do governo federal, feita pelo Infoamazônia, indica que o Planalto tem privilegiado as operações policiais. Em segundo plano ficaram as medidas voltadas à criar alternativas econômicas menos predatórias que a exploração ilegal de madeira.
Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente
O PPCDAm (Plano de ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia legal) foi criado ainda durante a gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente (MMA), depois do recrudescimento das taxas de desmate em 2004. Esse plano se organiza em torno de três eixos: ordenamento territorial e fundiário; monitoramento e controle; fomento a atividades de desenvolvimento sustentável.
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O Infoamazônia classificou os investimentos do PPCDAm e verificou um padrão no governo Dilma ainda mais preocupante que a redução de 72%. As ações de fomento, como o apoio ao extrativismo e ao manejo sustentável de florestas, foram as que mais sofreram.
Quando se consideram os gastos anuais, a evolução parece ainda mais sombria. Em 2008, o governo Lula gastou R$ 1,9 bilhão com fomento. Em 2014, Dilma ficou em R$ 17 milhões.
Não foi só isso que encolheu. Lula criou 350 mil km2 de áreas protegidas (unidades de conservação e terras indígenas), segundo o relatório. Dilma subtraiu 913 km2 de sete unidades.
TEMPO DE BONANÇA
Mauro Oliveira Pires, que já chefiou o combate ao desmatamento no MMA, afirma que o desmatamento “galopante” pode voltar se o governo não fizer mais que fiscalização ambiental. Ele declarou:
Quase nada foi investido em política florestal, em favorecer o comércio legal de madeira. Paga-se mais imposto na atividade do manejo florestal do que na de pecuária, e as concessões florestais estão paralisadas.Temos de aproveitar o tempo de bonança, de desmatamento baixo, para fazer as grandes mudanças estruturais.
Segundo Paulo Barreto, também do Imazon,
a redução de gasto era previsível, dado que o PPCDAm perdeu o seu ponto principal, que era uma articulação na Casa Civil para tentar facilitar o diálogo intra-governo
Fonte: Folhasp/ Infoamazonia